Sarah
Acordei no quarto do Vinnie, mas surpreendentemente ele não estava presente. Desci as escadas em direção a cozinha, onde me deparei com uma moça, parada enquanto cozinhava. Ela devia ter algo próximo a minha idade, mas com uma aparência melhor do que a minha. O que era de se esperar.
- Quem é você? - Enquanto perguntava me sentei na bancada, onde era servido a comida. -
- Você deve ser a Sarah, prazer. Sou Liana! Mas a senhora pode me chamar de Lili, se quiser.
- Prazer Lili.
Estendi minha mão para cumprimentar a jovem, mas a mesma recusou. Arqueei uma de minhas sobrancelhas na intenção de demonstrar minha dúvida.
- Me perdoe, Sr. Hacker disse que não deveríamos falar com a senhora. Ele não quer que nós tenhamos nenhum laço com você.
Ao mesmo tempo que minha mente calculava o quão Vinnie queria me bloquear de ter qualidade contato com outras pessoas, eu também tentava adivinhar quem eram os "nós" a qual Liana se referia. Talvez os milhões de funcionários que o moreno contratara todos os meses.
- Bom, você está vendo o Sr.Hacker aqui?
A garota riu e deu uma última checada no local, antes de me cumprimentar.
- Por falar nisso, você sabe onde ele está? - Rapidamente ela me entregou um prato com algumas fatias de bacon e ovos. Não era nenhum de meus pratos favoritos, mas não iria fazer a desfeita de não comer. -
- Informação privadas, me desculpe.
Bufei ao perceber o quão robótico Vinnie tornava seus contratados. Liana logo voltou a cozinhar alguma outra coisa. Talvez me enchendo de comida, eu parasse de fazer perguntas.
Enquanto comia ouvi o som da campainha tocar, e antes que pudesse mover um músculo dois seguranças estavam parados a frente da porta. Outros dois observavam a situação de longe, e por último um estava no canto da cozinha a me observar.
Pelo mínino vão de visão que tive da porta, pude ver um homem de cabelos longos, o dono do local onde eu e o Vinnie estivemos nos últimos dias. Talvez se forçasse um pouco mais minha memória, me lembraria de seu nome.
Ouvi o homem balbuciar algumas coisas com o nome do moreno com qual morava, os seguranças se entreolharam antes de permitir sua entrada. Antes que se sentasse no sofá, ele olhara para Liana e logo para mim, onde seu olhar se estendeu por alguns segundos. Era ruim que a cozinha tivesse um lado aberto para a sala, isso arrancava sua privacidade de uma boa refeição. Tentei me manter calma, e terminar minha comida mas ainda sentia aquele olhar em mim.
- Para mim já está bom, muito obrigada Lili. - Despejei o que sobrara no prato, dentro do lixo e segui meu caminho para o quarto. -
Antes que pudesse terminar de subir o último degrau, ouvi um psiu atrás de mim. Respirei fundo por no mínimo três vezes antes de me vira. E lá estava ele, com seu terno altamente exótico e seu nome cujo ainda não me lembrava.
- Você não vai falar comigo?- Aquilo só podia ser alguma brincadeira comigo. Onde estão as câmeras? -
- Não.
Continuei meu caminho por meros dois segundos antes de ser puxado para trás. Fui de encontro com seu peito, e acabei por machucar meu nariz.
- E se eu te obrigar? Ouvi dizer que você entrega fácil, fácil. Ele sussurrou a última - parte de sua frente, perto do meu ouvido para ter certeza de que eu escutaria. -
Meu pulso dóia, e meu coração parecia ser capaz de sair do meu corpo se batesse um pouco mais forte.
- Então você ouviu errado. - Senti meu rosto arder ao entrar em contato com sua mão, num forte tapa. -
Ele me empurrou escada acima em direção ao corredor, e abriu algumas das portas enquanto me forçava a entrar. O quarto estava escuro, mas era impossível não reconhecer o perfume do Vinnie.
- Me solta seu nojento. Cadê os seguranças dessa porra? - Eu me rebatia, mas por baixo daquele terno parecia ter mais musculos do que havia imaginado.
Quanto mais me rebatia mais pudia sentir meu pulso doerem, devido a enorme força depositada neles.
- Kyo amor, o meu nome é Kyo. E a última coisa de que você vai se lembrar.
Antes que pudesse questionar o que ele dizia, vi o resto de luz que vinha da porta se apagar. A última coisa que senti foi meu corpo a ser arrastado.
Acordei em cima da cama, ainda estava meio tonta e meu corpo dóia mais do que nunca. Sentei-me e só então percebi que estava nua. Havia uma enorme mancha vermelha sobre os fios brancos dos lençóis.
Ao meu lado continha um pequeno papel rasgado, com algo escrito.
"Você foi ótima amor, mas estava tão quietinha. Você não gostou?
- H prime prime
Era isso.
Eu havia sido estuprada por Kyo
Estava cansada. Dolorida. Machucada. Sentia um nojo enorme de mim, deste lugar e de todas essas pessoas. Minha visão ficou borrada quando meus olhos se encheram de água. Cobri meu corpo com os lençóis que ainda estavam limpos,e chorei o máximo que meu corpo aguentou.
Fazia mais ou menos meia hora que estava ali, quando notei uma outra presença. Rapidamente me empurrei para trás, temendo quem pudesse ser. Era Vinnie.
Ele alterava seu olhar entre minhas roupas rasgadas e espelhadas pelo chão, a mancha vermelha na cama, e provável roxo que estava ao redor do meu olho.
O olhei pelo que parecia uma eternidade, quando o mesmo se aproximou; recuei.
Levei minhas mãos ao rosto na esperança de que pudesse me defender de qualquer ataque. Quando estava ainda com meus olhos fechados, senti uma das mãos de Vinnie nas minhas costas, enquanto as outras seguravam minhas pernas.
Vinnie me segurou e levou-me para fora do quarto. Passamos pela cozinha e senti o olhar de Lili, talvez tentando entender o que se passava. Me perguntei se ninguém naquela casa teria notado o que estava acontecendo bem ali por baixo de seus narizes.
Fechei meus olhos ao sentir luz dobanheiro, estava a horas num lugar escuro e o impacto havia me pegado. Talvez Vinnie tenha percebido isso, pois logo apagou as mesmas.
Ele me sentou no chão enquanto ligava a banheira, notei que sua camiseta também tinha um mancha vermelha, me questionava se aquilo vinha de mim ou de mais um de seus conturbados assassinatos.
Após alguns minutos a banheira estava cheia e na temperatura certa. Antes que me levantasse, Vinnie me carregara até lá. Meu corpo agradeceu ao ir de encontro com a água quente, o que fez com que pudesse relaxar pelo menos 1%. Vinnie pegou uma bucha e começou a esfregar meus braços e pernas, até que estivessem minimamente limpos.
- Agora você pode me explicar o que aconteceu?
Levantei meus olhos até que pudesse encontrar os dele, mas logo voltei a encarar a água que cobria meu corpo. Respirei fundo, antes de falar.
- O seu amigo Kyo veio até aqui. E... eu acho que você sabe o resto.
Ouvi o barulho de estilhaço e notei que Zayn havia quebrando o espelho do banheiro. Apertei minhas pernas tentando controlar meu nervosismo.
- Eu vou matar aquele filho da puta. Eu vou arrancar a cabeça dele, e vou queimar. Eu vou matar aquele homem. Imbecil.
Vinni bateu a porta fazendo um barulho enorme. Esvaziei a banheira e liguei o chuveiro, mas mudei de idéia ao ver o quanto minha perna doia. Vi uma figura feminina me olhando por um pequeno vão, era Lili
- O Sr. Hacker me mandou vir te ajudar, acho que precisará de uma amiga.