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Sarah

Vesti a roupa que Anne trouxe para nós, um vestido preto justo em cima e solto a partir da cintura, ela ia até um pouco acima dos joelhos e era fechado por um zíper na parte de trás.

Parecíamos todas a pessoa pessoa, mesmo que os nossos tons e cortes de cabelo fossem extremamente diferentes o conjunto do preto do vestido e do salto alto que usávamos, nós dava um toque de irmandade.

Eu estava nervosa, minhas mãos estavam suando enquanto eu tremia, e Anne deve ter notado isso enquanto fechava meu vestido, pois me pedira diversas vezes para que eu me acalmasse. Ela insistia em reforçar a idéia de que estava tudo bem, e sob controle. Mas como poderia estar quando eu corro risco de ir para casa com alguém tão ruim, ou pior do que Vinnie? Eu não queria estar aqui, e nem ao lado do Hacker , mas ele pelo menos me prometera de que eu permaneceria aqui, não que iria para algum outro lugar.

- Sarah respira, ok? Eles geralmente gostam das loiras, digo isso por experiência própria.

Agradeci ao fato de Anna estar atrás de mim, pois senão teria visto minha expressão confusa ao tentar entender se ela realmente achava que me dizer isso ajudaria em algo. E então teria arrumado mais alguma desculpa.

- E outra, fiquei sabendo que você recebeu uma carta nova? É do seu homem de novo?

- Eu não recebi nenhuma carta. E se ao dizer homem você se refere a Vinnie, saiba que ele não é meu, e muito menos meu homem. O Hacker é só um monstro que acha ser dono de mim.

- Que estranho, vi Anne recebendo uma carta com o seu nome, mas talvez eu tenha lido errado. E não consigo entender como você pode renegar Vincent Hacker, você já olhou pra aquele homem? Eu morreria pra passar uma noite com ele.

Eu me virei para Anna e pude encarar aquele rosto inocente, que estava sendo preso nesse lugar a anos, e privado das verdadeiras informações do mundo lá fora.

- Escuta Anna, eu sei que aqui vocês são treinadas a desejar e respeitar esses homens. Mas a realidade é meio diferente. Chega um momento em que você não dorme com eles porque quer, mas sim porque é obrigada. E se não o faz, você sofre punições horríveis. Você perde sua identidade, sua opção de escolha, e se torna só mais alguém. Não é questão de não deseja-lo ou não achar-lo bonito, é questão de deixar de fazer isso por vontade própria. Você entende?

Anna estava horrorizada, não sabia se era porque pela primeira vez tinha ficado cara a cara com a verdade que Anne não a contou, ou por não acreditar em mim.

- Eu acho que é melhor nós nos apressarmos, as meninas já estão saindo.

Ela se virou e saiu andando até sua cama, respirei fundo e esperei que as outras formassem uma fila, para que pudesse pegar o último lugar.

Anne nos esperava no fim da escada, seus olhos brilhavam, ela estava extremamente elegante. Seus cabelos claros presos em um coque alto, e um vestido preto como o nosso, mas de outro modelo. Não havia extravagância em sua roupa, mas era algo em seus traços, seu jeito puxado de falar, ou anos de contato com esse mundo, que a tornavam numa mulher que chama a
atenção de qualquer um.

- Meninas, vocês estão lindas! E desejáveis - acrescentou. - Aposto que os compradores irão se derreter por vocês.

Todas na fila sorriam, apenas por idealizarem a imagem de um homem louco por elas. Revirei meus olhos. Quem precisava disso? Ainda mais quando se tratava desses homens.

- Os compradores irão chegar às duas e meia, vocês já sabem os modos. Sejam educadas, amorosas, e não falem se eles não mandarem. Mantenham-se nos seus lugares. - Aquilo era o cúmulo pra mim, o quão afetadas psicologicamente essas garotas estavam a ponto de achar que isso era o certo? De achar isso legal. -

DARK LOVE V.HOnde histórias criam vida. Descubra agora