A Última Suprema

Capítulo 11 (O baile)

pov Iza

Desde que cheguei ao castelo não tive oportunidade de ver Ana, a mesma também parece muito ocupada, decidi que iria vê-la hoje, sempre gostei de sua companhia e seus conselhos, diferente de Melinde sempre a respeitei muito, ela foi algo mais próximo de uma mamãe que tive. Melinde e eu aprontávamos horrores com ela, mas ele sempre nos perdoava, mas com a condição de pegarmos ervas para suas poções, até que um dia ela me pediu para ir sozinha, pois a mesma estava confiante de que saberia me defender caso encontrasse alguém, pois eu treinava arduamente com ela e Melinde, mas eu não esperava que no caminho para casa eu caísse numa emboscada.

É melhor eu ir indo, já são dez horas da manhã e hoje será um dia bem corrido, com o baile planejado em cima da hora os empregados correm de um lado para o outro como se suas vidas dependessem disso, chega a ser engraçado. Antes de ir passo na cozinha e pego uma maçã, já fiz algumas amizades aqui desde que cheguei, percebo que muitos tem curiosidade sobre Melinde, mas não sabem muita coisa devido a discrição da mesma.

Estou no jardim quando avisto Ana sentada em um banco olhando para as flores que a cercam com um chafariz a sua frente, o cenário é muito bonito, até diria que é mágico, ando animada em sua direção quando vejo duas silhuetas mais distante, percebo ser o Supremo com a tal Rebecca que Melinde havia me contado, não posso dizer que ela é feia mas a cara de cobra pode se ver de longe, eles parecem discutir, na verdade ele. 

Ela tenta agarrá-lo mas o mesmo a impede a empurrando mas isso não parece ser um problema para ela já que a mesma insiste bastante, ele parece irritado e já cansado das atitudes da moça, o que me deixa confusa já que Melinde falou que eles ficavam juntos já a bastante tempo, pelo que meus olhos observam ele não sente um pingo de amor ou carinho pela moça, é como se ela fosse a pessoa mais irritante do mundo para ele, talvez eu descubra mais depois, afinal ninguém ouviu seu lado da história... Ainda.

Sigo em direção a Ana que ainda está sentada, a mesma parece bastante distraída já que só se dá conta de minha presença quando me sente ao seu lado.

- Finalmente venho ao meu encontro pirralha. - Era assim que ela se referia a mim e a Melinde, um apelido que com o tempo passei apreciar, por carregar um carinho. Ela continua a mesma de sempre, bonita com seus anos avançados e com o brilho de jade em seus olhos.

- Desculpa, eu não a havia tanto tempo que quis aproveitar os anos perdidos. - Digo com cabeça baixa como uma criança pega no flagra.

- Tudo bem querida, estou feliz que esteja bem... E viva. - Sinto sua mão acariciar a minha, me viro para ela e vejo um sorriso aliviado nascer em seu rosto, quando percebo uma lágrima escorrer por sua bochecha, ela está chorando. - Foi como perder uma filha e uma lágrima pode dizer mais do que palavras, porque ela é tão pura quanto o coração.

Suas palavras me tocam fazendo meus olhos marejarem e com isso algumas pequenas lágrimas rolarem, ela sempre me entendeu com apenas um olhar, a segurança de Melinde e o conforto de Ana me faziam me sentir em casa de novo.

- Eu não fui forte o suficiente, eu não consegui, eles eram muito e eu... - Não termino de falar quando me lembro das coisas horríveis que me fizeram, eu sentia repulsa de mim, não consegui me salvar, por minha culpa fui corrompida até a parte mais profunda de minha alma, as lágrimas não cessam e eu não faço questão de pará-las.

- Shhh! Está tudo bem agora querida, seremos uma família de novo, está segura. - Suas palavras me trazem conforto enquanto ela me envolve em um abraço apertado me embalando como uma criança do medo a fora, ela parece entender o que me aconteceu e lhe agradeço profundamente por não tocar no assunto.

Ficarei mais forte e lutarei para vingar o que me aconteceu, lutarei ao lado de Melinde e a ajudarei derrotar sua inimiga e depois que tudo isso acabar, finalmente poderemos viver sem medo. Espero viver para ver isso.