Capítulo 14

6.5K 858 1.2K
                                    

◇◇

PoV. Louis


Março chegou e os dias começaram a abafar e as noites a esfriar, indicando que o outono estava próximo. Na primeira sexta do mês, a tal noite de jogos dos amigos palermas de Harry, aconteceria.

A rua seguia com duas fileiras de casas idênticas. Quadradas, maiores de altura do que de largura, tão próximas uma da outra que o máximo de espaço exterior que possuíam era um jardinzinho na frente. A de Jade Thirlwall era branca, cercado baixinho e uma porta preta, as janelas pequenas. Estacionei atrás da moto de Harry, porque eles não tinham garagem.

Tive que quebrar minha rotina porque aparentemente eles não se contentavam com algumas horas de jogos e precisavam passar a noite, dormindo amontoados como um bando de filhotes de cachorro. Estava pronto para passar uma noite irritado e querendo ir para casa, como geralmente acontece quando faço visita social.

Avisei por mensagem que tinha chegado e fui pegar minhas coisas no porta-malas do carro. Edredom, travesseiro, pijamas, escova de dentes e minha contribuição de comida para a noite.

Ouvi a porta da casa abrir e ergui a cabeça. Cachinhos Dourados saltitava para fora, um sorriso largo ao me ver. Ele já usava pijama, uma camiseta horrenda com estampa de cabeças de gatos em fatias de pão e um short xadrez amarelo.

— Você veio. - ele falou, soando tão surpreso que eu franzi a testa, fechando o porta-malas.

— Eu disse que vinha.

Harry assentiu.

— É, mas você odeia pessoas, então achei que mudaria de ideia.

Revirei os olhos. Quando decido fazer algo eu faço, não pularia para trás.

Um movimento na janela me fez perceber que o bando de unicórnios punk nos assistia, tentando ser discretos e falhando miseravelmente. Deixei as caixas de pizza em cima do carro e estendi a mão, puxando Harry para mim, ele veio de bom grado.

— Fique sabendo que se algum dos patetas me irritar, eu mato eles. - avisei. Então dei um beijo no seu rosto, bem acima de uma covinha que surgiu ao ouvir minhas palavras.

— Não esperava nada menos. - ele riu baixinho.

Cachinhos Dourados insistiu em me ajudar a carregar as coisas para dentro e parei a entrada, analisando a casa. O térreo consistia em apenas uma sala pequena. O teto era baixo, dois sofás brancos de frente para uma televisão e uma mesinha de centro, as paredes cobertas de fotos de família. Uma porta onde devia ser o banheiro e à direita a entrada para a cozinha igualmente pequena.

Quatro idiotas tinham se jogado no sofá, numa pilha de sorrisos nervosos e poses nada discretas, tentando fingir que não estavam agora mesmo nos assistindo pela janela como o bando de esquisitos que eram.

— Bem-vindo, Louis. - Jade foi a primeira a falar. Usava um pijama de fantasia de unicórnio, o chifre da touca estava torto - Boa sorte na sua noite de iniciação.

Loiro-zero-tatuagem apontou os dois indicadores para mim.

— Cara, hoje você vai ver o mestre aqui em ação. Pode até tentar disputar o primeiro lugar, mas não fique triste quando não conseguir.

— Ni, - Harry passou um braço por meus ombros - por favor não desafie meu namorado. Não quero te ver chorar depois.

Ainda me surpreendia como Harry usava a palavra "namorado" com tanta naturalidade. Mas eu meio que entendia, é fácil quando não significa nada de verdade.

— Se isso é um desafio, - falei, encarando Loiro-zero-tatuagem - fique sabendo que vou te destruir em todos os jogos, vou arrancar sua confiança pela garganta e enrolar no seu pescoço até a única coisa que sobrar de você ser a casquinha de um bebê chorão e patético.

Rescue My HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora