Don't Be An Angel // Yumark

E se Giselle Estiver Certa?

Eu passei o resto do dia ignorando o meu celular pois estava com medo de falar com Yuta e ele querer comentar sobre minhas perguntas de ontem. Mas não podia escapar para sempre, no dia seguinte eu estava caminhando e rezando para que nenhum deles se lembrassem das minhas vergonhas.

Assim que cheguei no colégio encontrei apenas Taeil e Hyuck juntos no pátio, olhei envolta e não encontrei nenhum sinal de Yuta.

— Bom dia, meninos — Falo me aproximando — Onde está o Yuta?

— Com um amigo, daqui a pouco volta — Taeil responde.

— Que... amigo? — Pergunto. Eu sabia que Yuta conversava com muitos alunos mas sempre dizia que seus únicos amigos são nós três e mais ninguém, então quem seria?

— Um amigo estrangeiro, eles eram amigos de infância mas depois dos 12 anos acabaram se afastando e agora esse amigo está de volta por conta do trabalho do pai, mas não vai ficar muito tempo, veio para o colégio apenas porque seu pai precisava resolver algum problema e ele aproveitou para vim ver o Yuta — Haechan contou sem olhar nos meus olhos, estava ocupado demais arrumando o esmalte nas suas unhas — Você não o conheceu na festa? Ele estava lá.

— O nome dele é Dong Sicheng, é chinês — Taeil completou.

Foi então que eu lembrei daquela noite, a marca de gloss no pescoço de Yuta talvez fosse desse Sicheng? Eu nem sei se esse garoto usa gloss, mas e se usar? E por que eu me importo tanto se eles se beijaram ou não? Eu nunca fui o tipo que sente ciúmes dos outros a minha volta e não deveria começar a sentir agora.

— Meninos, eu vou encher minha garrafinha, nos vemos no recreio — Falo me levantando e indo em direção ao um dos bebedouros da escola, o que ficava no mesmo corredor que a sala da diretora. Assim que cheguei lá e fui encher a minha garrafinha escutei duas vozes vindo da diretoria, e então saíram da sala, era Yuta e o seu amigo chinês.

Yuta parecia imensamente feliz ao lado do Dong, não parava de sorrir e rir das coisas que ele falava, em alguns momentos colocava os fios soltos do seu cabelo atrás da orelha como se fosse uma personagem tímida de anime. Meus olhos caíram em Dong Sicheng, e por algum motivo o achar muito bonito tinha me deixado irritado.

O chinês usava uma blusa cinza de mangas curtas e uma bermuda preta, seu cabelo loiro estava arrumado e um óculos escuros estava apoiado ali, podia ouvir sua voz grossa e como ele parecia ser muito engraçado e divertia o Yuta com uma simples palavra, parecia ser o tipo de cara que você cairia na lábia rápido por causa do jeito descontraído.

E o pior de tudo, eu percebi que Sicheng tinha gloss nos seus lábios.

— Enfim, eu já preciso ir, a gente se vê depois, Yuyu — Sicheng disse abraçando o japonês e se despedindo com um aceno, voltando para dentro da diretoria.

— Tchau, Si — Yuta olhava para porta sorrindo bobo e assim que se virou para ir ao pátio me viu no bebedouro e parou de andar — Ei, oi Markie.

— Oi, Yuta — Eu fechei a minha garrafinha e saí andando para longe daquele corredor e o bastante para que Yuta não me alcançasse. Eu não queria falar com ele no momento, nem sobre a festa e muito menos sobre o seu amiguinho de infância.

Cheguei na sala de aula e me sentei no meu lugar, era aula de ciências e eu queria apenas não escutar nada além de uma música gostosinha e relaxante. Aeri se sentou ao meu lado e me deu "bom dia" e eu não queria ser mal educado então resolvi não responder.

— Ei garotão, qual o motivo do bico no rosto? — Ela pergunta me cutucando — Já te ouvi bufar e suspirar umas cinco vezes em menos de dois minutos ao seu lado.

— Não quero conversar.

— Ih, o caso é sério então — Ela passou o braço atrás do meu pescoço e fez com que a minha cabeça encostasse no seu ombro e começou a acariciar meu cabelo, do jeito que Yuta fazia — Sabe que pode conversar comigo, certo neném?

— É que... Nem eu ao menos sei o que dizer sobre o que estou sentindo — Suspiro mais uma vez e a professora entrou na sala, mas isso não fez com que a Aeri ficasse quieta.

— Pode tentar dizer, talvez eu consigo ajudar de alguma forma.

— Ok, eu vou tentar explicar — E foi assim que eu comecei a contar como estava a minha mente confusa ultimamente, e olha que foi difícil tentar dizer algo que fazia sentido pois na minha cabeça mesmo nada fazia sentido.

— Mark, eu já sei o que está sentindo — Aeri sorriu e acabou dando alguns pulinhos de animação na cadeira — Você está apaixonado pelo Yuta.

— O quê? Não, Giselle isso não.

— E por que não?

— Eu não gosto de meninos, eu não posso gostar.

— Como assim não pode? Mark, é o seu coração que está falando mais alto, não adianta negar o que está sentindo.

— Meus pais iriam surtar com isso, e outra, você não ouviu o que eu disse? Aparentemente ele e Yuta ficaram na festa.

— E daí? Enquanto ele não estiver namorando ou dizendo que está apaixonado você tem chance, e não liga para os seus pais, quem vai beijar a boca do Yuta vai ser você ou eles? — Me senti envergonhado com a forma que a japonesa falava. Não era possível que eu esteja apaixonado por um garoto, meus pais ma bateriam se soubessem.

— E se for apenas ciúmes de amigo? Por que eu tenho que estar apaixonado?

— Mark, não precisa ser especialista no amor para notar o jeito que você olha e se comporta perto do Yuta — Ela conta se sentando corretamente na cadeira e rabiscando seu caderno — Você sempre fica envergonhado com os elogios dele, fica todo feliz quando o vê e seus olhos brilham toda vez que Yuta sorri.

— Isso não é nada demais.

— Me diz, Mark, você nunca sentiu o coração acelerar quando Yuta te abraça ou beija sua testa? Quando ele te chama de Markie e sempre se mostra atencioso e preocupado com você?

Era verdade, eu sentia meu coração acelerar toda vez que Yuta era fofo comigo e eu não sabia o porquê. E se... Giselle estiver certa?

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