Apenas Amigos

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A semana foi extremamente divertida, os intervalos eram recheados de brincadeiras bobas e fofocas por parte do Taeil, meus amigos parecem que resolveram tomar chá de sumiço e não me mandavam mais mensagem, do mesmo jeito que minhas esperanças do meu pai querer ser presente na minha vida já tinham se esgotado, de acordo com o Instagram ele estava vivendo muito bem a sua vida de solteiro.

E pelo visto a minha mãe tinha visto também já que seu comportamento havia piorado, ela saia para trabalhar sem falar nada e de noite voltava estressada e gritando comigo, tudo bem, esse era sinal de coração partido e algum momento ela iria superar, eu esperava.

Hoje é sábado, não sei para onde minha mãe foi mas era 18:00 e não me avisou, meu celular vibrou e vi que era uma mensagem de Yuta, me convidando para dormir na sua casa, resolvi ligar para a minha mãe e tentar a sorte para saber se ela deixava.

— O que você quer? — Ela perguntou assim que atendeu, eu podia ouvir uma voz desconhecida no fundo.

— Posso dormir na casa de um amigo hoje?

— Faça o que quiser — E então desligou. Bom, isso foi um "sim".

Avisei o Nakamoto e ele me pediu o endereço para poder me buscar, eu mandei para ele e depois fui arrumar a mochila com o meu pijama e uma roupa extra. Depois de tudo pronto eu saí de casa e esperei pelo carro.

— Markie, vamos — O carro preto parou e vi pela janela do carro Yuta com aquele sorriso, sempre sorridente e me chamando por esse apelido carinhoso — Onde está sua mãe?

— Eu não faço ideia — Eu entrei no carro e encostei a cabeça no banco, vi seu sorriso sumir e me olhar preocupado — O que foi?

— Você está bem? Quer dizer, eu sei que nos falamos há apenas uma semana mas eu costumo me apegar bem rápido, principalmente quando a pessoa é fofa e delicada como você — Ele começou a dirigir e eu agradeci que agora não podia olhar no meu rosto — E... Por isso eu gostaria de te perguntar, como está sua vida desde que se mudou? Eu sei que mudanças são difíceis.

— Eu prefiro não falar disso agora — Ele apenas balançou a cabeça e mudou de assunto. Eu sei que a mudança na minha vida foi extremamente repentina, aqueles que se diziam meus amigos simplesmente sumiram, meu pai parece fingir que não tem mais um filho e a minha mãe desconta suas frustrações em mim, mas tudo fica bem em algum momento.

Assim que chegamos na sua casa, só na garagem eu já podia ouvir a gritaria que vinha dentro da casa, Yuta voltou a sorrir e me disse para me preparar para ver a bagunça e que não era para eu me importar. Saímos juntos do carro e ele abriu a porta da sala, e assim encontrei Taeil e Donghyuck brincando com três crianças.

— Finalmente chegaram — Hyuck disse enquanto terminava de montar a casinha de bonecas com uma das crianças.

— Quem é esse, mano? — Um menino perguntou puxando a perna de Yuta.

— Esse é o meu novo amigo, o Mark — Nakamoto sorriu e segurou meu pulso — Markie, esses são meus irmãozinhos, Jisung, Sumin e Seeun.

— Oi, crianças — Falo e os três acenaram para mim com um sorriso no rosto.

— Ele é bonitão, Yu — Sumin disse sorrindo atrevida.

— Quem te ensinou a agir assim, menina? — Yuta cruzou os braços e a garota riu alto — Deixa eu adivinhar, seria o Lee Donghyuck?

— Eu jamais faria isso, amigo — Hyuck colocou a mão no peito indignado.

— Me engana que eu gosto, Johnny já está em casa?

— Foi no mercado, volta daqui a pouco — Jisung respondeu pegando um carrinho azul e entregando para o Moon e o chamando para brincar.

Como não podíamos deixar as crianças sozinhas, brincamos com ela até que Johnny chegasse, Yuta o apresentou e disse ser o seu irmão mais velho e conversamos por um tempo até Yuta nos chamar para ir ao seu quarto. Pelo que entendi todos esses são irmãos e irmãs de Yuta, mas não fazia sentido pois Johnny é norte-americano e as três crianças coreanas, será que viviam em um daqueles lares onde os casais só adotam filhos? E onde estava os seus pais?

O quarto de Yuta não era o maior exemplo de organização mas era muito bonito, tinha pôsteres de bandas de rock nas paredes, desenhos feito por ele mesmo já que tinha sua assinatura no canto, tinha uma estante de livros de diversos estilos e o seu notebook em cima da mesinha perto da sua cama, junto com algumas revistas de quadrinhos.

— Nossa Yuta, você não arruma esse quarto há quanto tempo? Anos, é? — Taeil pergunta arrumando a mesa do japonês.

— Vocês já são de casa, eu lá iria arrumar para receber vocês?

— Nós somos, Mark ainda não, o menino vai achar que você é um porco — Haechan se senta no chão e eu me sento ao seu lado.

— Não vou me fazer de garoto organizado se depois de um tempo ele vai saber, é melhor assim que já pegamos a intimidade — Nakamoto piscou na minha direção e eu senti minhas bochechas esquentarem — Vamos fazer o que agora? Querem jogar ou assistir alguma coisa?

— Filme de terror? — Taeil sugeriu.

— Oh baby, eu morro de medo desses filmes — Haechan comenta fazendo bico.

— Eu vou dormir com você — E foi com esse comentário que Hyuck sorriu de lado e topou a ideia.

Yuta ligou a televisão e colocou algum filme de terror que eu não conhecia, e como iria conhecer? Meus pais abominavam esses tipos de filme. Nakamoto e Taeil buscaram lanches e resolvi me sentar na cama com o japonês já que o Moon pediu para deitar no chão com o Lee.

Como nunca tinha assistido filmes de terror não era surpresa que eu me assustasse com qualquer barulho alto ou ficasse apreensivo com as cenas de suspense, Yuta me olhava e segurou minha mão e encostou a cabeça no meu ombro.

Meu coração acelerou, evidentemente por conta das cenas aterrorizantes que passava na televisão, senti a mão de Yuta acariciar a minha e ele apoiou nossas mãos na minha coxa, não sei se tudo que estava sentindo era causado pelo medo do filme ou por conta dos pensamentos que se passavam na minha cabeça.

Meu pai surtaria se me visse de mãos dadas com um garoto, principalmente se o visse com a cabeça apoiada no meu ombro parecendo outra coisa ao invés de amigos, mas é claro que é só impressão, eu e Yuta somos apenas amigos, apenas.

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Don't Be An Angel // YumarkOnde histórias criam vida. Descubra agora