Capítulo 18

1.4K 149 33
                                    

O dia mal se deu início mas eu já senti que hoje não vai ser um dia muito bom. Apesar de estar tomando todos os dias os remédios que me foi passado há uns meses atrás, sinto como se ele não estivesse mais fazendo efeito. Parece que aquele sentimento ruim não vai mais embora do meu peito.

Apesar de que eu não devia estar assim. Até porque a Alexia parece estar um pouco mais disposta a tentar me dar uma chance. Mas então... por que é que esse sentimento ruim não some logo de uma vez?

Peguei a chave do carro do senhor Gomes, -já que eu havia pedido na noite anterior para a Charlotte- e me dirigi até ele. Assim que o motor começou a funcionar, pude sentir o pouco de prazer que me resta de poder ser livre enquanto dirijo pela cidade. Eu sempre fui completamente apaixonado por dirigir. Lembro que quando fiz meus 16 anos a primeira coisa que pedi para meu pai foi para tirar carteira. Eu precisava sentir a sensação. Precisava descobrir se toda aquela paixão era realmente por uma boa razão.

E então até hoje eu nunca sequer pensei em abandonar esse hobbie.

Tirei o carro da garagem e assim que fiquei a céu aberto, os flocos de neve começaram a se alojar no vidro, me fazendo ter que ligar o parabrisa. Conforme fui andando pelas ruas da cidade, mais aquela sensação estranha foi crescendo dentro de mim.

Para tentar distrair a cabeça, liguei o rádio e automaticamente começou a tocar uma playlist de músicas do James Arthur. É incrível o quanto eu me identifico com algumas letras de suas músicas, sinto como se ele as tivesse feito para mim.

Conforme fui andando pela avenida, fui acelerando cada vez mais, já que há poucos carros na rua por conta da neve. Acelerei e acelerei no momento em que começou a tocar a música "Train Wreck".

(Para melhores experiências, escute essa música também à partir daqui.)

Por um momento eu simplesmente me esqueci de que estou dirigindo e apenas foquei na letra.

-I'm not getting through this. Hey, should I pray? should I pray. To myself? To a God?To a saviour who can, nbreak the broken, Unsay these spoken words, Find hope in the hopeless. Pull me out of the train wreck. -Cantei e acelerei novamente, sentindo o ar gelado entrar pelo pequeno espaço aberto da janela. (tradução na mídia do capítulo)

Aumentei um pouco mais a música e simplesmente tudo o que eu estava sentindo veio à tona de uma hora pra outra. Parece que meu peito está sendo rasgado ao meio ao me identificar com exatamente tudo que essa letra retrata.

Eu não aguento mais. Eu estou cansado. Estou cansado de tudo. Eu preciso... preciso de um tempo. Tenho que simplesmente acordar de todo esse desastre em minha vida.

Um carro apareceu à frente na rua e eu desviei dele como se ele não fosse nada. Fui para o lado direito da pista e continuei com o pé no acelerador. Isso o fez buzinar para mim.

-Eu não sei se você realmente existe. -Neguei e olhei rapidamente para o céu antes de focar na estrada mais uma vez. -E eu de verdade não estou dando a mínima pra isso. Só que se você existe... -Desviei de outro carro. -Por que caralhos está me deixando passar por tudo isso!? -Aumentei o som no último e olhei para o velocímetro. 140Km/h. -Por que é que você não faz alguma coisa pra mudar? Se é o todo poderoso como todos dizem, por que é que você simplesmente não me faz voltar a ser como eu era antes!?

Passei a mão no cabelo, estressado e triste e ao mesmo tempo tão cansado de absolutamente tudo.

-Eu não estou conseguindo passar por isso, ok? Era isso o que você queria? Queria me ver completamente estirado na merda!? -180Km/h. -Eu estou completamente quebrado. -Senti meus olhos lacrimejarem. -E eu não consigo enxergar uma saída pra isso tudo.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora