Capítulo 29

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Hoje é um daqueles dias em que você sabe que tem tudo para dar errado. Eu já acordei implorando mentalmente para esse dia passar logo. Consigo nem imaginar como é que a Alexia está aguentando permanecer lá dentro do tribunal por todo esse tempo.

Eu estou aqui no carro esperando dar o horário dela sair de lá de dentro e podermos sair para algum lugar para tentar distrair a cabeça um pouquinho. Queria ter podido estar lá dentro nesse momento tão difícil que deve estar sendo pra ela, só que minha entrada não foi permitida, assim como a entrada de todos esses repórteres parados aqui na entrada. Já estou vendo que quando Alexia sair todos vão pra cima em busca de alguma informação para poderem passar em todos os jornais do distrito.

Charlotte permitiu que eu pegasse emprestado novamente o carro do senhor Gomes e estou aqui agora.

-Senhorita Gomes, será que você poderia dar uma palavrinha para o nosso Jornal? -Disse uma das repórteres.

Olhei para fora do carro e avistei Alexia descendo as escadas com o advogado do lado. Ele está tentando tampar o rosto de Alexia com a sua maleta para que ela não seja exposta novamente nas telas da TV.

-Alexia, qual foi o motivo para terem pedido o seu depoimento? Eles acreditam que tudo não se passou de uma farsa? -Outro perguntou.

Desci do carro e fui até eles para lhes ajudar a entrar logo de uma vez.

-Com licença, licença. -Fui pedindo conforme ia passando por eles. -A Alexia não tem a obrigação de dar informação alguma à vocês. -Falei e ajudei a tampar seu rosto. Enfim ela conseguiu entrar no carro e eu arrodeei para fazer o mesmo.

-Zack, um momento por favor. -Pediu uma mulher com os cabelos presos. -Gostaríamos de saber como é que anda o caso do seu pai. Ele já foi liberto? Há algum indício de quando isso irá acontecer?

-Por que é que vocês não cuidam da sua vida? -Respondi e entrei no carro, batendo a porta em seguida.

Olhei para Alexia e a vi com o olhar focado em seu sapato.

-Já vamos sair daqui. -A avisei e liguei o carro.

Um barulho na janela me fez olhar para o lado e encontrei o advogado com um cartão em mãos. Abaixei o vidro e ele me entregou.

-Esse é o cartão que vai liberar o seu nome para poder pegar os 10% no banco.

-Muito obrigado, Mark. -O guardei em meu bolso.

-Agora vão. A Alexia precisa se afastar daqui o mais rápido possível.

Concordei e o carro deu a partida, fazendo todos os repórteres se afastarem. Assim que saí do estacionamento do tribunal, Alexia respirou fundo e virou sua cabeça em direção a janela. Não a fiz falar nada até o momento em que parei o carro embaixo de uma árvore do estacionamento do Central Park.

Antes de falar qualquer coisa, coloquei minha mão em sua perna e ela colocou sua mão em cima da minha.

-Foi horrível. -Disse e se virou pra mim. Vi seu rosto vermelho, provavelmente porque ela está se segurando para não chorar.

-Eu sei. -Falei baixo e me virei em sua direção.

-Eles fizeram tantas perguntas sobre tudo o que aconteceu lá. -Apertou minha mão. -Eu não... eu não estava preparada pra falar sobre como eles me resgataram.

-Eles não podiam ter te submetido a passar por isso. -Neguei e olhei para a frente. A rua está bastante movimentada e há pessoas andando aqui na calçada ao lado.

-O juiz ficou fazendo perguntas do tipo "você escutou os disparos?" "Conhecia as pessoas que foram mortas além do sequestrador"? O Stefan estava no meio dessas pessoas, Zack. -Seu olho se encheu de lágrimas. -Como eu podia defender os policiais se a todo tempo eu ficava me lembrando de que foram eles quem o mataram?

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora