Capítulo 27

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Zack narrando:

O dia de ontem não foi muito bom e aposto que amanhã vai ser pior ainda. Após aquele acontecimento no hospital, nós viemos para a casa e Alexia não abriu a boca para falar nada. Parece até da vez em que ela havia sido salva e não falava nada comigo. A diferença é que dessa vez ela não quer nem comer. Desde quando chegamos, a única coisa que ela fez foi ficar presa dentro do quarto.

Só saiu no dia do enterro.

Semana passada, durante o enterro, estava esperando ela chorar e até mesmo gritar, já que agora ela não tem mais ninguém da família. Só que ela não fez nada. Apenas ficou observando enquanto colocavam o caixão de seu pai debaixo da terra. Todos que iam para lhe abraçar em solidariedade, ela apenas retribuía o gesto e agradecia pela pessoa ter ido até lá.

Eu sei que cada pessoa reage de uma forma quando está de luto, mas é o pai dela. Alexia sempre demonstrou ser muito apegada a ele.

Talvez ainda não tenha caído a ficha pra ela, porque eu não consigo encontrar outra explicação pra isso.

Agora quanto a saúde dela, o médico pediu para que a levasse de volta no hospital uma vez ao mês para poderem avaliar de perto como é que está o seu desenvolvimento. É claro que eu disse que não confiávamos mais naquele hospital, mas eles garantiram que não cobrariam nada e que disponibilizariam seus melhores profissionais para o caso.

Como se isso fosse ajudar de algum modo.

O advogado do senhor Gomes conversou comigo pelo celular e garantiu que irá fazer de tudo para que a justiça seja feita. As coisas não irão ficar do jeito que estão. Não irei deixar que eles pensem que não pagarão por fazer a Alexia sofrer dessa forma.

Voltando a falar da Alexia, eu fui atrás de um psicólogo novo para acompanhar de perto como ela está. Ele parece ser muito bom e tudo o que a Alexia precisa agora é de alguém em que possa confiar. É claro que eu queria ser essa pessoa, mas aposto que nesse momento ela não vai se abrir pra mim. E eu não me importo, de verdade. A única coisa que quero é que ela fique bem.

-Alexia? -Bati em sua porta mas ela não me respondeu. -Está na hora de você tomar o seu remédio, eu posso entrar?

Tudo continuou em silêncio e eu peguei na maçaneta.

-Estou entrando, tá? -A girei e entrei.

Assim que pisei meu pé em seu quarto, a encontrei deitada na cama assistindo alguma coisa em seu notebook. Ela olhou rapidamente para mim mas logo voltou a atenção para a tela.

-Seu remédio. -Mostrei para ela, que se sentou na cama em seguida. -Esse aqui é pra ajudar a sua memória. -Coloquei um comprimido em sua mão. -E esse aqui é o... o de depressão. -Coloquei em sua mão também e na outro coloquei o copo de água.

Alexia colocou os dois comprimidos na boca e bebeu a água em seguida.

-Isso. -Falei assim que ela tirou o copo da boca. -Agora só tem o que ajuda na cicatrização da sua perna e o outro de ansiedade que é só mais tarde.

Ela concordou e voltou a se deitar, cobrindo todo o seu corpo e voltando a atenção para a tela do notebook.

-Hoje eu vou lá pra casa pra terminar de arrumar o meu quarto. Não quer ir comigo? -Tentei mais uma vez.

Durante todos os dias eu tenho tentado fazer ela sair do quarto. Mas não há o que faça ela se levantar da cama. Sei que tenho que dar espaço a ela, mas está sendo bem complicado eu não me preocupar com a forma que ela tem ficado nesses últimos dias.

Ela negou e eu tentei me conter, mas me sentei na cama.

-Amor. -Peguei em sua perna e isso a fez puxar para longe de mim. -Por favor, fala comigo.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora