Zack narrando:
O dia de ontem não foi muito bom e aposto que amanhã vai ser pior ainda. Após aquele acontecimento no hospital, nós viemos para a casa e Alexia não abriu a boca para falar nada. Parece até da vez em que ela havia sido salva e não falava nada comigo. A diferença é que dessa vez ela não quer nem comer. Desde quando chegamos, a única coisa que ela fez foi ficar presa dentro do quarto.
Só saiu no dia do enterro.
Semana passada, durante o enterro, estava esperando ela chorar e até mesmo gritar, já que agora ela não tem mais ninguém da família. Só que ela não fez nada. Apenas ficou observando enquanto colocavam o caixão de seu pai debaixo da terra. Todos que iam para lhe abraçar em solidariedade, ela apenas retribuía o gesto e agradecia pela pessoa ter ido até lá.
Eu sei que cada pessoa reage de uma forma quando está de luto, mas é o pai dela. Alexia sempre demonstrou ser muito apegada a ele.
Talvez ainda não tenha caído a ficha pra ela, porque eu não consigo encontrar outra explicação pra isso.
Agora quanto a saúde dela, o médico pediu para que a levasse de volta no hospital uma vez ao mês para poderem avaliar de perto como é que está o seu desenvolvimento. É claro que eu disse que não confiávamos mais naquele hospital, mas eles garantiram que não cobrariam nada e que disponibilizariam seus melhores profissionais para o caso.
Como se isso fosse ajudar de algum modo.
O advogado do senhor Gomes conversou comigo pelo celular e garantiu que irá fazer de tudo para que a justiça seja feita. As coisas não irão ficar do jeito que estão. Não irei deixar que eles pensem que não pagarão por fazer a Alexia sofrer dessa forma.
Voltando a falar da Alexia, eu fui atrás de um psicólogo novo para acompanhar de perto como ela está. Ele parece ser muito bom e tudo o que a Alexia precisa agora é de alguém em que possa confiar. É claro que eu queria ser essa pessoa, mas aposto que nesse momento ela não vai se abrir pra mim. E eu não me importo, de verdade. A única coisa que quero é que ela fique bem.
-Alexia? -Bati em sua porta mas ela não me respondeu. -Está na hora de você tomar o seu remédio, eu posso entrar?
Tudo continuou em silêncio e eu peguei na maçaneta.
-Estou entrando, tá? -A girei e entrei.
Assim que pisei meu pé em seu quarto, a encontrei deitada na cama assistindo alguma coisa em seu notebook. Ela olhou rapidamente para mim mas logo voltou a atenção para a tela.
-Seu remédio. -Mostrei para ela, que se sentou na cama em seguida. -Esse aqui é pra ajudar a sua memória. -Coloquei um comprimido em sua mão. -E esse aqui é o... o de depressão. -Coloquei em sua mão também e na outro coloquei o copo de água.
Alexia colocou os dois comprimidos na boca e bebeu a água em seguida.
-Isso. -Falei assim que ela tirou o copo da boca. -Agora só tem o que ajuda na cicatrização da sua perna e o outro de ansiedade que é só mais tarde.
Ela concordou e voltou a se deitar, cobrindo todo o seu corpo e voltando a atenção para a tela do notebook.
-Hoje eu vou lá pra casa pra terminar de arrumar o meu quarto. Não quer ir comigo? -Tentei mais uma vez.
Durante todos os dias eu tenho tentado fazer ela sair do quarto. Mas não há o que faça ela se levantar da cama. Sei que tenho que dar espaço a ela, mas está sendo bem complicado eu não me preocupar com a forma que ela tem ficado nesses últimos dias.
Ela negou e eu tentei me conter, mas me sentei na cama.
-Amor. -Peguei em sua perna e isso a fez puxar para longe de mim. -Por favor, fala comigo.
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Eu preciso de você
Fiksi RemajaApós o desaparecimento de Alexia, Zack precisa aprender a lidar sozinho com muitas coisas. O reaparecimento de sua mãe, a prisão do seu pai, a escola e o principal, a ausência da pessoa que lhe ensinou o que é o amor. Alexia também precisa tentar se...