Capítulo 16

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Desci do carro assim que ele estacionou e até agora Grace ainda não parou de ficar me perguntando "como assim nossa mãe falou com você?". Eu já lhe disse que vou explicar melhor assim que tivermos tempo, e que agora não era a melhor hora para tocarmos no assunto.

É claro que ela continuou insistindo, só que no momento eu realmente preciso digerir primeiro tudo o que acabei de descobrir sobre o nosso pai. Quando minha mãe me disse quando nos encontramos pela primeira vez sobre como meu pai era um canalha, eu nunca iria imaginar que o lado certo disso tudo realmente era o dela. Eu sempre defendi meu pai com unhas e dentes. Pra mim ele sempre foi a minha imagem de exemplo de adulto. Minha meta desde criança sempre foi ser como ele é.

Só que o que eu não imaginava é que ele é assim...

Um cara que abandonou a esposa por pura ganância, um pai que mandou sua filha para longe para não sujar sua imagem, um homem que sempre cobriu sua verdadeira natureza da pessoa que mais lhe amou nessa terra. Eu.

-Deu 27 dólares. -Saí de meus devaneios assim que o taxista se dirigiu a nós.

-Ah, sim. -Peguei minha carteira em meu bolso mas Grace me impediu de abri-la.

-Deixa por minha conta. -Sorriu e entregou o dinheiro para o taxista. -Obrigada, bom trabalho.

Ele consentiu em forma de agradecimento e entrou de volta no carro, dando a partida em seguida.

-Quando é que você pretende me contar exatamente o que nossa mãe falou com você?

Respirei fundo e peguei uma de suas malas, indo em direção a entrada do hospital.

-Quando tivermos um pouco mais de tempo. -Respondi simplesmente.

-Ela vai embora, não é? -Perguntou baixo.

Parei de caminhar e respirei fundo.

-Por favor, Grace. Eu prometo a você que vou te contar tudo. É só que... agora eu realmente preciso respirar um pouco.

Ela consentiu e enfim adentramos o hospital, indo em direção ao elevador. Assim que as portas se fecharam, ela se encostou e ficou com o seu olhar sobre mim.

-Como... -Sua voz vacilou e ela precisou de um pouco de tempo para se recompor. -como a Alexia está? Eu quero estar preparada pra quando entrar lá.

-Ela está muito... muito quieta. -Concordei comigo mesmo. -Não falou nada desde quando chegou aqui. Além de que fica apenas observando alguns pontos específicos.

-Isso deve ser consequência do trauma. -Falou.

-Foi o que a psicóloga me disse também. -Cruzei os braços e olhei para o visor que indica em que andar estamos. Quarto.

-E quanto ao pai dela? Vi que ele acabou sendo baleado.

-Ele é outra preocupação minha. Está sendo mantido em coma induzido desde a cirurgia, já que a bala acabou se alojando na coluna dele, então se ele se movimentar...

-Isso tudo é uma merda. -Respirou fundo.

-É, eu sei. -Falei baixo.

Sexto andar. A porta do elevador se abriu e nós dois saímos, indo até o quarto em que Alexia está. Conforme fomos passando, os policiais focaram cada vez mais sua atenção em nós. Assim que chegamos de frente para a porta do quarto, um dos deles se aproximou.

-Se identifiquem. -Ordenou.

-Eu sou o Zack e essa é a Grace, minha irmã. -Respondi.

-Esperem aqui. -Dito isso ele caminhou para o fim do corredor e começou a falar com outro policial que deve estar acima dele. Em seguida voltou para perto de nós. -Ok, podem passar.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora