Capítulo 14

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Uma semana já se passou e muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Durante todos os dias eu tirei a tarde e a noite para ficar com a Alexia no hospital, já que eu não conseguia pensar em deixa-la sozinha.

Graças aos céus ela não teve mais nenhuma parada cardíaca. Sua pressão se estabilizou e o lugar em que ocorreu a cirurgia está se recuperando aos poucos, mas ela já está fora de risco.

O mais estranho disso tudo é que nesses sete dias Alexia sequer abriu a boca para pedir alguma coisa. A única coisa que faz durante todos os dias é ficar encarando o nada, como se estivesse pensando.

O médico me disse que isso pode ser resultado do trauma, e que eu não devo apressar ela para que se acostume com a vida que tinha antes de tudo acontecer. Preciso apenas aguardar o momento em que ela se sentir confortável novamente.

Só que isso tudo está me deixando maluco. Me dói ver como ela fica. Sinto como se a Alexia que eu conheci tivesse morrido no momento em que foi levada por aqueles desgraçados. A Alexia que eu conheci, ela... ela não é assim.

Eu sei que preciso me acostumar com a ideia de que talvez ela nunca mais volte a ser como era antes, mas eu preciso escutar a voz dela pelo menos mais uma vez. Preciso sentir o seu toque. Preciso que ela olhe para mim como olhava nos momentos em que achava que eu não estava vendo. Eu simplesmente preciso tê-la de volta.

Após o sepultamento do corpo do Stefan, muita coisa mudou com relação a união das pessoas da nossa sala. Todos parecem estar dispostos a serem mais amigáveis e estão se preocupando mais uns com os outros. Foi entrado em consenso de que pelo menos uma vez no mês algumas pessoas da turma vão se reunir para fazer uma visita a mãe de Stefan, já que nesse momento ela precisa muito de apoio.

Ainda não voltei para a escola, e já se passaram um mês desde a última vez que coloquei meus pés lá dentro. Mas fiquei sabendo que alguns alunos fizeram um pequeno mural em homenagem ao Stefan e colocaram fotos e flores como forma de respeito a pessoa que ele foi.

Falando na escola, Valentina foi chamada lá ontem para conversar com relação as minhas faltas. É claro que o diretor disse que entende toda a situação e que não vai contar essas faltas no meu boletim escolar. Mas disse também que irei precisar fazer uns trabalhos por fora para compensar toda a ausência e para eu não ficar para trás quanto aos outros alunos.

A real é que eu não estou dando a mínima pra isso. Não me importo se não vou passar de ano. Não me importo se não vou entrar em uma faculdade. Eu estou cansado disso tudo. Cansado de pensar que nesse momento eles querem que eu me preocupe com o meu futuro sendo que tudo ao meu redor está desmoronando aos poucos.

-Zack?

Virei minha cabeça em direção a porta do quarto hospitalar e encontrei a psicóloga que está acompanhando a Alexia tem uns três dias.

-Como ela está hoje? -Perguntou e encostou sua prancheta na barriga.

-Quieta. -Respondi e olhei para Alexia. -Muito quieta.

Alexia está dormindo agora. Sua cabeça está um pouco caída para o meu lado e seu peito está subindo e descendo conforme respira.

-Não deve desanimar, Zack. Alexia é uma garota muito forte, e logo logo vai estar bem novamente.

Concordei mas não disse nada.

-Bom, eu vim aqui porque eu havia pedido para fazerem um óculos novo a ela, já que da última vez que estive aqui você me disse que ela usava, não é?

-Sim. Acredito que tenha sido perdido lá no lugar em que ela... -Não consegui concluir.

-Tudo bem, eu entendi. -A psicóloga deu um sorriso compreensivo para mim e em seguida pegou uma caixinha que estava em cima da prancheta. -Aqui está. Entregue a ela no momento em que sentir que é a hora certa. -Veio até a mim e me entregou. -E Zack, -Continuou segurando a caixinha em sua mão antes de soltar ao terminar de falar. -você sabe que pode falar comigo a qualquer momento, não é?

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora