Capítulo 31

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-Alexia, Alexia!

Acordei no momento em que a sombra preta estava prestes a meter uma bala em minha cabeça. Com o coração acelerado, me sentei na cama gritando.

-Não, não, não. -Repeti diversas vezes até sentir as mãos de Zack em meu braço. -Cadê ele? -Olhei ao redor.

-Você estava tendo um pesadelo. -Disse enquanto tentava me acalmar.

A única coisa em que consigo prestar atenção agora é na minha respiração acelerada e a mistura de realidades. Ao mesmo tempo que meu corpo está indicando que já estou acordada, meu cérebro parece não se dar conta disso.

-E-Ele... ele queria me matar e eu... eu não conseguia sair do lugar. Não conseguia correr... -Senti minhas mãos tremerem e Zack as segurou forte.

-Foi tudo um sonho. -Reafirmou. -Você está longe de qualquer perigo. Está segura agora, confia em mim.

Foquei meu olhar no edredom em cima de minha perna e respirei fundo tentando fazer minha respiração voltar ao ritmo normal.

-Deita aqui comigo. -Me chamou e eu fiz isso com um certo receio. -Eu estou aqui com você, tá?

Assim que me deitei mais uma vez do seu lado da cama ele me abraçou e ficou me segurando por alguns minutos, fazendo minha respiração voltar ao normal e meu coração desacelerar. Me sinto bem melhor.

-Preciso tomar um ar. -Falei e ele concordou, me soltando e se sentando na cama em seguida. -Quero ver a neve um pouco.

-Tudo bem. Eu vou na frente pra poder acender as luzes. Te encontro lá embaixo.

(...)

Desci para a cozinha minutos depois e o encontrei esquentando alguma coisa no fogão. Como ainda está nevando e até mesmo aqui dentro está um pouco frio, trouxe um cobertor comigo e o coloquei em cima do sofá antes de ir até a cozinha. Assim que Zack me viu, se virou para mim e encostou no balcão de madeira.

Zack parece estar bastante cansado, mas está tentando não deixar isso transparecer. Odeio pensar que sou eu quem está causando isso nele.

Ao contrário de algumas semanas atrás, seu cabelo está bem grande e está quase tampando seus olhos. Mas por incrível que pareça isso o deixou bem mais bonito do que é normalmente.

-Como você está? -Perguntou com a voz de quem acabou de acordar.

Cruzei os braços e me encostei no batente da porta. Realmente está bem fresco. Ainda mais que eu acabei me esquecendo de trazer uma calça de moletom e estou usando um shortinho curto de dormir. Única parte que está me esquentando é a blusa de frio.

-Bem. -Falei e olhei para baixo. -Depois que eu acordo tudo volta a ficar bem.

-Há quanto tempo vem tendo esses pesadelos? -Vi ele tentando encontrar meu olhar, como se quisesse adivinhar o que é que estou pensando.

-Alguns dias. -Ergui meu olhar pra ele e dei de ombros. -Acho que desde quando eu saí do hospital.

-Isso já faz semanas, Alexia. -Também cruzou os braços.

-Não quero falar sobre isso, por favor. -Neguei.

-Contou para o seu psicólogo?

O cara que fica me fazendo bilhões de perguntas e que fica agindo como se soubesse tudo o que eu passei sendo que ele não faz ideia das merdas que eu fui obrigada a passar por três semanas? É claro que não.

Não o respondi e apenas desviei meu olhar do seu.

-Ele é formado pra isso. -Começou a falar. -Ele estudou por anos pra saber lidar com problemas como os seus. Não tem que ter receio de lhe contar as coisas.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora