Capítulo 9

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-Essa é a única e última chance que vou dar a você, Kendell. -Disse o policial que estava na casa da Alexia daquela vez. -Então eu quero que você pense bem nessa oportunidade. 

Desviei meu olhar para a janela do escritório e respirei fundo ao ver os pássaros voando do lado de fora.

-Eu não fiz nada. -Falei ainda sem encara-lo.

-Ok. -Se inclinou para perto de mim. -Digamos que você realmente não tenha feito nada. -Cruzou as mãos. -Então consegue me explicar o que aquela chamada estava fazendo no seu celular? 

Neguei e continuei observando os pássaros. 

-O que é que você tanto esconde? Por que não consegue nem olhar nos meus olhos?

Olhei para ele e tentei agir como se não estivesse nervoso. O que com certeza eu estou muito.

Eu não quero ter que dedurar a Ayanna, mas ultimamente eu tenho ficado sem outra opção. 

Tudo o que ela me fez passar, tudo o que senti durante esse tempo em que eu acreditava fielmente de que ela estava morta... foi por nada. É claro que agora eu entendo os motivos dela. Não que eu ache que tudo o que aconteceu é culpa dela, mas grande parte é, então acho que não estou completamente errado em querer dizer que quem me envolveu em tudo isso foi ela. 

-Se eu te falar... -Fiquei em silêncio, me arrependendo de ter aberto a boca.

-Se você me falar, posso te soltar. -Se recostou na cadeira. -E então vou atrás da pessoa que está envolvida no desaparecimento da sua namorada. Até porque estamos perdendo tempo aqui. 

Concordei e fiquei com o olhar focado na mesa. 

-Eu não fiz nada. -Falei mais uma vez. 

-E quem fez então, Kendell?

-Carter. -Falei. 

-Carter é o cara da ligação.

Concordei novamente, apesar de não ter sido uma pergunta.

-E como sabe que é ele? 

Tenho a impressão de que minha garganta está se fechando.

-Porque minha mãe estava devendo a ele. -Falei de uma vez.

Ele arregalou levemente os olhos, como se não esperasse que eu realmente iria dizer alguma coisa. 

-Ele sequestrou a Alexia porque queria usa-la como chantagem para minha mãe pagar a dívida que ela tinha com ele. 

-Drogas? 

Consenti e olhei em seus olhos. 

-Como sua mãe se chama?

Neguei e voltei minha atenção para a janela.

-Se eu te falar, você vai querer prende-la também. -Apoiei minhas mãos algemadas em cima da perna. -E ela não merece ser presa. A única pessoa que merece ser punida é o Carter. Vocês precisam focar nele, e não nela.

-Entendo que esteja querendo protege-la. Entendo mesmo. Mas eu tenho que ouvir a versão dela. É o meu trabalho.

-Vocês deviam estar atrás do sequestrador, -Voltei a olha-lo. -não focados em uma coisa que não tem importância. Enquanto estão aqui me mantendo preso, deviam estar indo atrás de provas e pistas para descobrir onde ela está sendo mantida. A Alexia tem 17 anos, senhor. Ela só tem 17 anos e está passando por uma coisa terrível enquanto vocês ficam aí sentados como se nada estivesse acontecendo.

O policial continuou com seus olhos focados em mim. Quando estava prestes a dizer alguma coisa, a porta se escancarou e uma policial de cabelo cacheado entrou.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora