Capítulo 4

1.8K 161 47
                                    

Alexia narrando:

-Oi, bom dia. -O cara de cabelo grande se aproximou de mim no instante em que passou pela porta. Aparentemente está com uma mochila preta nas costas. Sei que devia me preocupar, só que no momento estou cansada demais pra isso. -Como você está? -Ergui meu olhar pra ele e isso o fez perceber o quão idiota foi essa pergunta. -Tá, saquei. Então, eu trouxe algumas coisas pra você. -Se abaixou em minha frente e tirou a mochila das costas.

Vi ele tirar um golfinho e um jarro de flores azuis de dentro da mochila. Ele os colocou no chão e eu olhei para o seu rosto. Não consegui não sorrir ao ver seu rosto coberto por tinta colorida. Ele está parecendo um palhaço.

-O que é tão engraçado? -Sorriu também e continuou tirando as coisas de dentro da mochila. Dessa vez tirou um cachorrinho com um laço amarrado no pescoço. Por que é que ele está com essas coisas na mochila?

-Você. -Continuei sorrindo.

-Está tudo bem? -Ele pegou em meu rosto e olhou dentro do meu olho que quase não está mais aguentando ficar aberto. -Eles te drogaram?

-O que? -Minha cabeça quase caiu quando ele retirou as mãos. -Eu acho que não.

-A quanto tempo você não dorme, Alexia? -Se levantou.

-Eu não sei. -Tentei pensar mas a única coisa que vem em minha mente é um enorme lago com as águas cintilantes.

-Cacete, deve ter sido desde quando você veio pra cá. -Passou a mão no cabelo. -Ok, olha, você precisa descansar.

-Não preciso não. -Minha voz falhou. -Eu não... eu não posso.

-Ninguém vai machucar você.

-Você. -Falei.

-O que tem eu? Eu já disse que não vou fazer mal algum a você. -Se abaixou mais uma vez e pegou o golfinho. -Toma, bebe um pouco.

-Quer que eu beba um golfinho? -Ri.

-É água. -Trouxe em direção a minha boca. -Precisa se hidratar.

Assim que o líquido encostou em meus lábios, senti minha garganta agradecer por isso e não consegui parar de beber até acabar tudo.

-Mais. -Pedi.

-Eu só tenho isso. -Pegou o jarro de flores azuis. -Trouxe comida.

-Eu... -Minha cabeça girou por um momento. -Eu quero ir pra casa.

-Sei que quer. -Colocou o jarro em minha boca. Tem gosto de frango. -Mas eu não posso te ajudar a fazer isso.

-Por quê? -Perguntei de boca cheia.

-Bom, porque... porque isso poderia fazer o Carter meter um tiro em minha testa. E eu não estou afim de morrer por agora. -Sorriu.

-Qual é o seu nome? -Olhei para o seu rosto ainda cheios de tinta.

-Eu não posso dizer o meu nome. -Sorriu mais uma vez. -Isso poderia me comprometer.

-Eu queria poder te chamar de alguma coisa. -Tentei tocar seu cabelo só que ele está longe demais. -Talvez eu te chame de Finn.

-Finn? -Me olhou sem entender.

-Nunca assistiu The 100? Qual é, o que você faz no seu tempo livre?

Ele riu um pouco e trouxe o jarro mais uma vez para minha boca.

-Acredite se quiser mas eu quase não tenho tempo livre.

-E quantos anos tem, Finn? -Mastiguei.

-Já disse que não posso responder, Alexia.

-É só uma idade. -Engoli. -Eu tenho 17. Fiz 17 ontem, pelos meus cálculos.

Eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora