Capítulo 1

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{Primrose}

Um dia. Apenas mais um dia.

Suspirei ao fechar meu livro. Deitada na grama vendo o Sol se pôr lentamente fechei meus olhos por um momento. O cheiro de flores invadia minhas narinas, tombei a cabeça levemente para o lado e abri os olhos. Encarei lindas rosas, passei a mão pela grama e a sensação da mesma contra minha pele quase me fez rir, assim como ela fazia com meus pés descalços.

Finalmente me sentei encarei o céu quase rosado agora. Observei o lindo jardim, que mais parecia um labirinto de rosas à minha volta, com mais atenção, o que pertencia a bela Corte Primaveril, meu lar, o jardim que eu desde pequena, passo boa parte do meu dia sozinha.

Encarei o livro que eu tinha acabado de terminar, havia começado o mesmo no dia anterior. O tempo na Corte Primaveril costumava demorar para passar, tendo em vista o fato de eu nunca ter muito o que fazer.

Não me entenda mal, eu amo minha casa, mas às vezes é muito solitário e um pouco entediante. Não tenho muitos amigos, e meu pai é ocupado. Apesar dele me deixar ficar em seu escritório para lhe fazer companhia, aquilo costumava ser um tanto quanto tedioso.

Meu pai, o Grão-Senhor da Corte Primaveril, o que me tornava a Princesa da Primavera, o exemplo, a herdeira.

Aquilo podia ser exaustivo, eu tinha a todo momento um milhão de vozes me dizendo o que fazer e o que não fazer:

"Primrose não fale tão alto"

"Primrose não ande assim"

"Esse vestido não, o que todos vão pensar?"

Só o pensamento dessas vozes me deixavam cansada, e até irritada. Balancei a cabeça negativamente como se estivesse tentando limpar os pensamentos ruins. Levantei e decidi que era hora de voltar para a mansão.

A alguns anos atrás minha corte não tinha nem mesmo a mansão, nem povo, nem nada... Ela foi completamente destruída. Eu não sei muito bem como aconteceu, mas tem algo haver com Feyre Archeron, a Grã-Senhora da Corte Noturna. Foi ela quem destruiu minha corte, eu não sei qual o motivo específico dela ter feito tal coisa, talvez ela e o Grão-Senhor sejam apenas cruéis. Muito cruéis para acabar com o lar de um povo inocente.

Meu pai perdeu tudo, e levou muito tempo para reconstruir a corte e ganhar a confiança e respeito do povo novamente, até hoje alguns feéricos desgostam dele, mas deve fazer parte de ser um Grão-Senhor, nem todos irão concordar com o que você fazer ou escolher.

Era uma pressão que eu não sabia se estava pronta para lidar. Às vezes era difícil ser apenas a princesa, imagina uma Grã-Senhora.

Bom, o importante é que a Corte Primaveril está finalmente igual, ou pelo menos, quase igual a de décadas atrás.

Parei quando encarei a porta de vidro na minha frente, tentei limpar meu vestido curto amarelo claro, de qualquer terra que pudesse ter ficado nele. Entrei silenciosamente e fechei a porta atrás de mim.

Comecei a caminhar até meu quarto me incomodando com o toque gelado do piso em meus pés descalços.

- Senhora - a voz de Amélia me fez virar para trás - Onde estava? E porque seus cabelos estão cheios de folhas?

Desajeitadamente passei a mão em meus longos e cheios cachos loiros na tentativa falha de arrumá-los melhor.

- Esqueceu que hoje temos um baile? E convidados? - ela ergueu uma sobrancelha para mim quase deixando um sorriso subir em seu rosto sereno

Amélia era uma das criadas da mansão. Não era tão jovem quanto parecia. Ela começou a residir na mansão quando eu era bem pequena, e foi uma grande amiga da minha mãe. Apesar do seu jeito um pouco duro, sempre fui muito grata por tê-la por perto.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora