Capítulo 8

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{Primrose}

Movi um pouco minha cabeça em direção a janela ouvindo o barulho das folhas balançando contra o vento. O clima que estava ameno e tranquilo.

Encarava a natureza e me perdia nela. Mesmo que do lado de dentro da mansão. Eu gostava de vê-la e senti-la. Gostava de ver como devagar ela crescia, sem ninguém pedir, ou sem ninguém induzi-la a fazer isso.

Meu vestido azul claro amassava um pouco, enquanto eu me sentava recolhendo as pernas em cima da minha grande cama. Que havia acabado de ser arrumada com lençóis brancos que cheiravam a jasmine. Meus longos cachos loiros caiam para trás de meus ombros, e um acessório simples de prata, segurava a frente de meu cabelo. O colar de pedra verde intocado, permanecia em meu pescoço.

A Grã-Sacerdotisa estava atrasada. E aquilo não costumava acontecer. Não quando estávamos prestes a receber convidados. E era Lis quem sabia fazer e organizar aquele tipo de coisa, não eu.

Durante os últimos dias eu a aguardei aparecer. Sabia que ela tinha as próprias coisas para fazer em seu templo, e eu jamais iria querer de atrapalhar aquilo. Mas, a falta de Lis ali me fez ficar ansiosa.

— Primrose, o Grão-Senhor te espera - Amélia disse, ao abrir a porta do quarto, cortando qualquer pensamento que eu tinha, fazendo eu virar meu rosto a ela, e engolir em seco — A Corte Outonal está aqui

Assenti a encarando, e respirei fundo. Senti as palmas de minhas mãos suadas, e as pousei em cima de meu colo. O olhar de Amélia permaneceu em mim, e ela pareceu reparar. Então, entrou de vez no cômodo, fechando a porta atrás de si. Ouvi apenas o barulho da porta se fechando, e a feérica se aproximando com passos cautelosos.

Apesar de tudo, ela havia notado que eu havia voltado um pouco... estranha, do baile. Havia melhorado ao decorrer dos dias. Deixando a história se levar com o vento. Era o que eu estava fazendo. Eu sorri e disfarcei da melhor maneira que pude. Mas Amélia sempre passou tempo demais comigo, e embora muitas vezes se mantivesse em silêncio, sabia quando algo estava errado.

— Amélia - a chamei, sentindo minha voz hesitar, e ao mesmo tempo, soltei uma respiração pesada — E se... eles não gostarem de mim agora? Ou daqui?

A feérica de cabelos cor de mel, tombou a cabeça levemente de lado para mim, erguendo um pouco a sobrancelha esquerda.

— Não lembro de você se preocupar com isso no baile, criança - ela disse, colocando as mãos na cintura — Estava tão empolgada

Antes do baile eu não havia reparado o quão difícil aquilo realmente era. E a excitação e animação para conhecer algo novo tomaram conta de mim, e qualquer medo havia sido cegado por aquele sentimento. E agora, em minha própria corte, era como se toda aquela pressão tivesse voltado.

— Mas eu me preocupo. E hoje... É diferente, eles vão ficar aqui, na minha casa. - expliquei, gesticulando com as mãos — Lis poderia estar aqui para falar...

Amélia fez um gesto com a mão. Um gesto para eu parar de dizer o que eu estava dizendo, antes que eu completasse. E em completo silêncio ela se sentou ao meu lado da cama.

— Você é a herdeira, Primrose - ela disse, sua voz firme, com sua postura ereta — E não Lis. Além disso, fiquei sabendo que surpreendeu muitas pessoas no baile, de jeito positivo, Lis nem estava perto. Você fez aquilo. Você foi você, Primrose. E se isso não for o suficiente para esses Grão-Senhores de narizes empinados agora, honestamente, é problema deles.

Consegui soltar uma risada nasal. E relaxei minha postura. Amélia se levantou quando eu assenti calmamente com a cabeça.

— Outra coisa que eu aprendi, com... a sua mãe - ela me disse, e eu franzi as sobrancelhas, confusa. Até ela levar seus dedos até meu queixo e levantar minha cabeça — Cabeça erguida, sempre. Não com soberba, mas com firmeza, e segurança.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora