Capítulo 15

4.4K 315 524
                                    

{Primrose}

Tentei abrir meus olhos, mas os fechei que a claridade me atingiu. Afundei minha cabeça que latejava no travesseiro e coloquei meus dedos na têmpora, como se fosse melhorar daquela forma. Puxei o lençol até que ele cobrisse meu rosto, para que ele me protegesse da luz. Passei alguns segundos tentando lembrar onde eu estava exatamente.

Quando olhei para baixo, com os olhos semicerrados, ainda receosa de encontrar muita claridade, notei que eu ainda usava o mesmo vestido azul da noite anterior. Ele estava todo amarrotado, provavelmente pelo fato de eu ter dormido com ele. Senti meu rosto entrar em confusão quando notei que não me lembrava como eu havia voltado até o quarto.

Após alguns minutos, chutei o lençol para longe. E com as mãos em meu rosto, me levantei cambaleando um pouco em direção à janela, para fechar as cortinas. Tirei as mãos do meu rosto lentamente, com a visão mais confortável. Me arrastei até a cama novamente, e me sentei. Não demorou para meu tronco ceder para trás, e minhas costas encontraram o colchão.

Tentava me recordar da noite passada, mais especificamente, do jantar. Senti minhas bochechas queimarem e as palmas da minha mão começarem a soar com a ansiedade. O jantar. Eu estava tão preocupada com ele no dia anterior, e agora, mal me lembrava de como tinha sido.

Com um pouco de esforço para organizar os pensamentos, lembrei-me de sentar com Aurora na mesa. Na frente do Grão-Senhor da Corte Noturna. Quando reparei onde estava sentada, já não podia mais mudar.

Mas apenas lembrei-me de ter sido muito diferente. Era diferente me sentar com muitas pessoas na mesa, e escutar muitas conversas e assuntos distintos. Já que eu estava acostumada a fazer a maioria das minhas refeições sozinha, ou com meu pai.

Ainda senti um pouco daqueles olhares em mim, sempre que eu estava prestes a dizer algo, ou até quando eu estava parada, em silêncio. Era como se esperassem meu próximo movimento, ou ficassem apenas curiosos para saber qual seria.

Então, me lembrei de quando Lucien sentou ao meu lado, e de como bebi vinho. Nunca havia bebido antes. Na verdade, apenas uma vez em que eu havia ficado curiosa demais, e beberiquei um pouco da bebida de meu pai, em um momento que ele estava desatento. Havia achado amargo, e nunca mais tentei novamente. Além disso, ninguém nunca me oferecia durante os jantares. Mas, na noite anterior, não estava ruim. De começo, não tinha gostado tanto, mas a estranheza não durou muito. Comecei a beber mais do que eu esperava, e não devo ter prestado atenção na hora em que deveria parar, pensando que não havia sido demais.

Meu coração palpitou. Torci para não ter dito nada demais ou não ter feito nada de ruim, ou que pudesse me comprometer. Me senti culpada instantaneamente com o questionamento inquietante de ter falado algo que não deveria para as pessoas que não deveria.

Meus pensamentos foram cortados por Ísis, que após bater duas vezes na porta, e não obter respostas, entrou no quarto.

— Bom dia, Primrose - ela cumprimentou, e eu fechei meus olhos fortemente — Você dormiu bastante. Nem apareceu para o café da manhã - ouvi o barulho dela abrindo as cortinas que eu havia fechado — Você dormiu com seu vestido? - ela pareceu ter finalmente me olhado com atenção, e eu abri os olhos lentamente — Você está bem?

Me virei para o outro lado, me enrolando na cama e trazendo os joelhos para o peito, os abraçando.

— Não sei - admiti baixo, não querendo ouvir minha voz alta demais — Eu acho que nunca mais vou beber vinho na minha vida - resmunguei, sentindo minha cabeça latejar novamente

Ouvi a risada fraca da feérica atrás de mim. Me virei para ela, e a vi pegando o lençol que eu havia chutado para o chão alguns minutos atrás.

— Não sabia que tinha bebido tanto - ela dobrou o longo tecido branco — Eu sequer vi você voltando

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora