{Primrose}
Meus passos eram pesados enquanto eu caminhava pelo corredor como se algo me puxasse para baixo. Meu olhar era fixo no chão, enquanto eu sentia minha testa se franzir. Minhas mãos tremiam, como se a raiva tivesse precisado de um lugar para escapar, e aquele havia sido o único jeito que ela tinha encontrado. Garras. Elas estavam ali ainda, estavam ali e era como se não quisessem voltar. Respirei fundo uma ou duas vezes. Movimentando meus dedos, esperando que isso fosse ajudar.
— Sinceramente, essa pose de princesa das flores meiga, não é cansativa? - Lyra ergueu levemente as sobrancelhas para mim. Minha voz pareceu ter ficado presa em minha garganta E quando eu não respondi, o riso dela voltou e — Caldeirão. Pensei que fosse apenas fingimento, essa sua feição inocente. Mas é pior ainda saber que você não faz ideia do que está acontecendo em sua própria Corte.
A reunião tinha sido feita por causa da minha Corte. Porque algo estava acontecendo em minha Corte. E eu sequer sabia o que poderia ser. Ouvir Lyra dizer aquilo, e os olhares de todos em mim, sem nem tentar debater contra o que ela dizia, me fez perceber que ela não mentia.
Lyra era prima de Nyx, fazia parte da Corte Noturna. Não tinha demorado para eu analisar mais uma vez aqueles olhos marcantes e me lembrar do olhar da Senhora da Morte, que apesar de eu ter visto poucas vezes, era um olhar que ninguém esqueceria tão facilmente.
Senti meu coração martelar forte em meu peito com raiva de mim mesma, pelo fato de ter sido tão ignorante com o que acontecia em meu próprio lar. E alguém, que vem de uma Corte que fica a quilômetros de distância, parecia saber mais do que eu.
Eu queria acreditar que meu pai me contaria se algo realmente estivesse acontecendo, queria mesmo. Mas, algo em mim, não tinha tanta certeza. Algo em mim, lembrou como ele preferia esconder as coisas.
— Você está bem? - ouvi a voz de Alev atrás de mim, e virei um pouco meu rosto. O vi se aproximando com passos lentos
Olhei para frente novamente, prendendo minha respiração, ao assentir brevemente com a cabeça. Isso deu a ele permissão para se aproximar. Quando ficou ao meu lado, seu olhar caiu para minhas mãos, mas eu rapidamente as fechei, e as escondi, cruzando meus braços na frente do corpo. Ele ficou em silêncio, e seu olhar voltou para meu rosto.
— Só não queria ficar mais lá dentro - expliquei, balançando fraco a cabeça — Agora eu entendo o que você diz com as brigas.
— Isso porque você não viu a reunião de nossos pais - ele disse, talvez tentando dar um tom de humor às suas palavras, mas não consegui sorrir. Não consegui achar engraçado, por lembrar do fato de Lyra dizer algo sobre meu pai surtar no meio da reunião. Não era algo que eu gostaria de ver. Alev pareceu notar minha expressão, ele ficou sério por alguns instantes, como se tivesse entendido que não tinha dito aquilo no momento certo. Então ele continuou, com um tom mais leve e cauteloso — Obrigado por tentar me defender, lá dentro. Mas, não precisa, de verdade
Alev tinha me defendido, quando ninguém mais havia feito. Então, eu quis defendê-lo também, principalmente quando Lyra o chamou de cãozinho. Os dois pareciam guardar muita raiva um do outro, já que as palavras de ambos continham muito veneno e rancor. Alev não tinha nenhum receio de discutir com Lyra, assim como ela claramente não tinha de discutir com ele. Se todos tivéssemos saído da sala, eles teriam continuado.
— Por que ela falou tudo aquilo? - minha voz saiu um pouco fraca, mas não melancólica — Parece que ela me odeia - murmurei
Não havia entendido ainda o porquê dela me olhar com tanta fúria e desprezo desde a primeira vez que nós vimos. Já havia notado naquela vez, mas eu tinha ignorado depois, e até mesmo esquecido um pouco. Quis acreditar que era algo da minha imaginação, mas claramente, não era.
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Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas
Fantasy"Eu estava em um jardim que mais parecia um labirinto, o mesmo era coberto de espinhos. Vi na minha frente uma jovem, ela estava de costas e usava um vestido claro e longo. Seus cabelos loiros que não saiam de meu pensamento estavam soltos. Então e...