Capítulo 10

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{Nyx}

Sentir aquele laço de parceria com Primrose há apenas alguns centímetros de distância fez com que todos os pelos do meu corpo se arrepiassem. Foi naquele laço e nos olhos brilhantes de Primrose que eu pensei quando atravessei não para minha casa, mas, a alguns quilômetros de distância dali. Ainda não havia me esquecido o porquê de eu ter ido até a Corte Primaveril. A conversa com Catrin. Era por conta daquela conversa que eu estava ali.

Eu ainda me pegava pensando na noite anterior, que havia sido tão estranha. Tive a sensação de ter algo parecido com uma cordinha, me puxando pela costela, querendo me tirar dali. Demorei poucos segundos para assimilar o que era. O laço de parceria. Fechei meus olhos com raiva, irritado por não conseguir dormir tranquilo por conta... daquilo.

Alguns minutos demorados demais se passaram, e senti algo tremeluzir por esse laço. Era uma sensação de preocupação, de insegurança, anseio, tudo junto. Como se fosse capaz de sufocar.

Percebi que era Primrose. E que ela não estava nada bem. Depois de alguns minutos a sensação piorava, e senti minhas mãos tremerem. Me perguntei se as dela também tremiam... Apertei-as soltando uma funda respiração. O que eu poderia fazer?

Me concentrei naquele laço, e no final, não sabia ao certo como havia feito aquilo. Consegui enviar por ele uma carícia. Uma sensação de conforto. Como se fosse um abraço apertado. Algo que eu pensei que talvez ela precisasse. Depois de um tempinho percebi que estava mais relaxado. Abri lentamente os olhos, e minha visão foi para minha janela. Encarei o céu de Velaris, o céu que me referi quando conversei com Primrose, na primeira noite que nos vimos. A primeira vez que a encontrei. E notei que havia achado a fêmea de meus sonhos. Encarei aquelas estrelas firmemente. Desejando que ela conseguisse vê-las também. Não tive certeza de que ela havia recebido aquela visão esplêndida. Apenas queria que de alguma forma ela conseguisse ver aquele céu, pelo menos uma vez.

O laço finalmente se acalmou, o que me fez crer que Primrose também. Ele ficou silencioso. Me deixando tranquilo, e pronto para adormecer.

Porém, aquela "cordinha" não queria me deixar dormir por tanto tempo. Era bem cedo de manhã quando a senti novamente. Ela queria me puxar, e eu sabia muito bem para onde, ou melhor, para quem. Passando as mãos aflitamente pelos meus cabelos, decidi que era o momento de ir até a Corte Primaveril.

Quando encontrei Catrin treinando logo cedo com o irmão e com Lyra, contei a ela que talvez fosse hora de eu ir até a Corte de Tamlin. Ela ficou desconfiada. Mas deve ter notado a ansiedade e a preocupação por trás de minhas palavras que pareciam tão determinadas. Catrin me perguntou umas duas vezes se eu tinha certeza e sabia o que estava fazendo. Garanti a ela que sim. Então ela apenas assentiu com a cabeça, me desejando algo como um "boa sorte."

Encontrei a herdeira da Corte Primaveril seguindo o laço, de alguma forma, apenas seguindo meus instintos, até onde eles me levassem.

Nosso encontro foi... Interessante. Foi algo perto do que eu esperava, mas ao mesmo tempo, nada parecido. A forma como ela reagia a mim era o que eu esperava. Havia pensando muito no que minha prima havia dito.

Ela foi criada pelo pai dela, o que acha que ele disse sobre nós?

E conversar nem que fossem três minutos com Primrose apenas, davam a fala de minha muito mais credibilidade do que eu queria que ela tivesse.

Foi quando ouvi em seus pensamentos que ela estava com medo de mim, que percebi que preferia que seu lobo, Fenris, tivesse me arranhado, me empurrado ou qualquer coisa parecida. Mas, ela já me detestava de qualquer forma. E eu precisava mostrar o quanto manter a porcaria dos escudos era importante.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora