Capítulo 21

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{Primrose}

Meu pai me encarava com o rosto franzido fazia uns minutos. Estava claro em seus olhos que ele havia se importado mais com o meu cabelo do que eu. Ele sempre adorou o meu cabelo, era o cabelo da minha mãe. Por mais que nunca soubesse como elogiá-lo, eu sabia que ele gostava. Mesmo assim, ele não disse nada sobre, pois achava que eu havia gostado do meu cabelo daquele jeito. A verdade era que eu mal ligava.

Ele não questionou quando eu pedi para levar Ísis, e quando estávamos prestes a sair, ele avisou que Jasper iria conosco. Talvez Amélia tenha dado um jeito, ou meu pai tenha tomado essa decisão, o que eu não acreditava tanto.

Meu pai estava distante desde aquela manhã em meu quarto, e eu não entendia o porquê. Sempre que me encarava agora, ou que conversava comigo, era como se ele se sentisse hesitante. O parecia trazer uma sensação estranha. Ele parecia diferente. Ficava me encarando por longos segundos, como se procurasse algo em mim, como se sentisse medo de que algo estava errado comigo. Como se não soubesse mais como expressar sua preocupação.

Eu não me importei com os olhares dos outros em mim antes de sair, apesar de saber que me olhavam. Era como se vissem alguém diferente. Jasper me chamou com o olhar, uma vez outra, mas não devolvi.

— Está se sentindo bem, flor? - meu pai parou ao meu lado, perguntando para mim, talvez até um pouco inseguro

Desviei o olhar dele, o mantendo firme para frente. 

Eu estava perfeita, deveria me sentir assim também.

— Excepcionalmente - respondi, minha voz saiu até mesmo entediada

Ele não respondeu, e eu não me virei para encará-lo.

— Isso vai acabar logo - foi o que Amélia me disse

E com esse pensamento em minha mente, atravessamos para a Corte Outonal. Entrelacei meu braço no de Ísis, e esperava que Lis ficasse grudada em mim pelo resto da noite. Assim, ela falaria por mim, e eu mal precisaria fazer coisa alguma.

Quando abri meus olhos novamente, vi um enorme salão, que já parecia cheio, mas não negaria que era lindo. Era muito diferente do da Corte Diurna. Tinha tons mais escuros. Era um tipo de beleza diferente, era beleza sedutora, ameaçadora, ardente e calorosa, como se pudesse me queimar se eu olhasse tempo o suficiente. Mas eu gostava das cores, dos tons avermelhados, do laranja escuro e do marrom. Era diferente. Mas não senti o meu corpo se encher de ansiedade por estar ali, não senti nada.

Tinham  velas acesas e flores espalhadas pelas mesas. Belos arranjos de flores escuras. Tons de vermelho e vinho. Quando meus olhos escaparam para minhas vestes, eu entendi o porque Lis havia comprado aquele vestido para mim, o porquê daquela cor. Ela combinava com aquele lugar.

Havia música tocando e feéricos dançando, ou, apenas Grão-Feéricos. A dança parecia perfeita, era sincronizada e nada escapava daquele padrão.

Ao erguer um pouco meu pescoço, avistei Alev e seus pais, assim como Beron, e a Senhora da Outonal, que eu havia visto apenas uma vez. Todos juntos, como uma Corte unida, pelo menos, era o que parecia ao olhá-los. 

Eles vieram até nós. Senti Ísis apertar um pouco meu braço, e virei meu rosto para encará-la. Ela me ofereceu um pequeno sorriso, que não me lembro se consegui responder.

Quando ouvi a Corte Outonal se colocar em nossa frente, vi Lis tentando chamar minha atenção. Ela fez um movimento, indicando o próprio rosto sereno e tranquilo, como se indicasse que eu deveria ficar da mesma forma.

Eu conseguiria fazer aquilo, só por aquela noite.

Virei meu rosto novamente, engolindo tudo com um sorriso. Leanna foi a primeira a se aproximar.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora