Capítulo 2

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Sai do meu quarto e segui em frente pelo corredor vazio. Ouvi vozes e música tocando, o que indicava que todos pareciam já estar no salão. Apertei meus passos ao perceber que provavelmente já estava atrasada. Cumprimentei algumas sentinelas com um aceno enquanto passava.

Parei apenas quando olhei para baixo e avistei a escadaria que dava para o salão. Como prometido meu pai estava lá esperando por mim, assim como todos os feéricos.

Vi todas as cabeças virarem em minha direção, em seguida ouvi a música abaixar um pouco. Sorri nervosamente para todos os olhos que me encaravam.

Segurei um pouco meu vestido para que eu não tropeçasse no mesmo e caísse, o que era algo provável de acontecer. Desci as escadas da forma mais graciosa que consegui.

Meu pai me encontrou na ponta da escada e já me ofereceu o braço. Sorri sem mostrar os dentes para ele e ele retribuiu. Assim que começamos a andar pelo salão a música voltou a tocar mais alto.

Fui apresentada para muitos feéricos. Sorri para cada um. Alguns simplesmente chegavam perto de mim para me cumprimentar, dizendo como eu havia crescido e como estava bela.

Meu pai falou por mim na maior parte do tempo, o que por um lado me fez ficar feliz, já que eu não precisaria ficar preocupada em dizer algo errado. Deixava que ele levasse as conversas enquanto eu ficava lá, apenas... sorrindo. Eu era apresentada e passada adiante.

Quando eu senti que não conseguia mais nem me lembrar dos nomes com quem eu estava "conversando", pedi licença ao meu pai e a alguns amigos dele dizendo que estava com sede e iria atrás de algo para beber.

Meu pai quase fez com que alguém buscasse para mim, mas eu dispensei educadamente, dizendo que havia avistado Lis no caminho e queria cumprimentá-la, o que era uma mentira, mas ele pareceu convencido e assentiu.

Andei pelo salão encarando os lindos e grandes lustres que foram colocados no teto, os bonitos arranjos de flores que estavam espalhados pelas mesas. Tudo ali parecia em harmonia.

Alguns feéricos dançavam no meio do salão, de acordo com a música, alguns apenas conversavam nos cantos ou sentados na mesa. Muitos faziam reverências para mim quando passavam, as quais eu retribuía educadamente.

Sorri verdadeiramente quando uma criança feérica, uma pequena fêmea, trombou acidentalmente comigo e fez uma reverência nervosa. Eu ri para a mesma retribuindo. Agachei ficando na mesma altura de seu rosto. Senti que isso atraiu olhares curiosos. Crianças feéricas costumam ser raras, e eu não costumava ver muitas delas.

A pequena fêmea me encarou e em seguida encarou a tiara que eu usava em meus cabelos, seus olhinhos pareceram brilhar. Tirei uma das flores rosas da tiara e coloquei atrás de sua orelha direita, dizendo o quanto ela estava bonita em seu vestido.

Eu sabia como era ser uma criança e estar naquele tipo de ambiente, já havia vivido isso.

Ela me olhou mais tranquila e deixou um sorriso aparecer, então agradeceu com um baixo "Obrigada princesa". Em seguida, avistou seus pais e saiu me dando um aceno adorável o qual eu retribui.

Alguns olhares em volta pareciam surpresos, como se não soubessem como reagir, outros sorriram levemente. Tentei não encará-los muito e voltei a caminhar.

Finalmente avistei uma varanda, algo nela que me convidava, não fazia a menor ideia do que. Era apenas uma varanda, a mesma parecia vazia, olhei para os cantos e ninguém parecia me seguir, então fui em sua direção.

Quando a brisa fria me recebeu jogando meu cabelo para trás me aproximei das grades da varanda que passavam um pouco da minha cintura, e me apoiei nas mesmas. Olhei para cima e quem me recebeu não foi o sol, igual hoje mais cedo, e sim a luz das estrelas. As encarei e sorri para elas como se elas sorrissem para mim de volta.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora