Capítulo 5

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{Primrose}

Encarava-me no grande espelho que havia em meu quarto, batucando meus dedos em minhas coxas, por cima do tecido de meu vestido, enquanto esperava ansiosamente Amélia e Isis o ajustarem. Mordia meu lábio inferior me contendo para não sair do lugar ou me mexer, para que não atrapalhasse o trabalho delas.

O vestido havia sido presente de Lis. Sua saia armada se arrastava levemente pelo chão. Era verde escuro, com mangas esvoaçantes no mesmo tom, talvez até um pouco mais claro. Haviam algumas flores espalhadas no busto.

Verde como a primaveril. Foi o que ela disse sobre o vestido. Era o vestido certo para a ocasião, parecia certo pelo menos. Seria o que Lis teria me aconselhado a usar, foi isso o que pensei.

Usava o colar de pedra verde que havia pertencido a minha mãe. Não quis mais tirá-lo de mim desde que o coloquei, tinha deixado todas as minhas outras joias de lado. Além disso, ele havia harmonizado com o tom do vestido que eu usava.

Tinha finalmente chegado o dia do baile da Corte Diurna. Eu ia finalmente conhecer outra corte. Fazia tempo que não me sentia tão feliz e animada para alguma ocasião. Festas na minha corte costumam ser agradáveis, mas dessa vez seria totalmente diferente.

Durante a semana inteira essa foi a única coisa que eu pensei. Expectativas e oportunidades cresceram em minha mente mais rápido do que botões de rosas desabrocham em jardins bem cuidados.

Contei a Jasper quando treinamos na tarde anterior, o mesmo disse para que eu usasse o treinamento que ele havia me dado caso alguém tentasse alguma gracinha. Eu não consegui evitar rir com seu comentário, dizendo que achava que provavelmente não seria necessário.

Contei até mesmo a Fenris quando o vi. Acredito que ele tenha entendido o que eu disse, pois parecia ter ficado tão animado quanto eu, simplesmente pulando em minha volta.

E apesar de já saber bastante sobre a corte, fui atrás de alguns livros que pudessem me dizer mais. Helion, o Grão-Senhor, também chamado de Quebrador de Feitiços. E suas mil bibliotecas, que diziam conter o conhecimento do mundo.

Pensei como a biblioteca que havia na mansão devia ser tão insignificante em comparação às bibliotecas do Grão-Senhor. Desejei algum dia eu ter a oportunidade de ler pelo menos alguns livros de suas bibliotecas que soavam impressionantes.

Finalmente ergui meu olhar para Amélia e Ísis.

— Como acham que é lá? Ouvi dizer que eles tem cavalos alados, será que são mansos? Quantas pessoas terão lá? Será que o Grão-Senhor é simpático? - eu disparei várias perguntas, que pareciam ter ficado presas em minha garganta depois de um tempo tentando me manter calada

— Senhorita, se acalme, por favor - Ísis pediu, comprimindo os lábios, claramente se divertindo com minhas várias dúvidas, enquanto prendia a parte de trás do meu vestido

— Mil desculpas, Ísis - pedi, rindo fraco e juntando minhas mãos na frente do corpo — Estou apenas animada... e nervosa

— Percebemos - Amélia disse, em um tom de sarcasmo, enquanto arrumava a barra da longa saia verde. Mas enxerguei um pequeno sorriso subindo em seus lábios quando a olhei pelo reflexo do espelho.

— Na verdade, eu nunca estive na Corte Diurna - Ísis disse, depois de um tempo — Mas soube que o Grão-Senhor de lá é um macho muito atraente...

Franzi as sobrancelhas em desentendimento ao escutar a última parte, que havia saído em um tom muito mais baixo que o normal. Pensei em ter escutado errado, até Amélia virar o rosto para Ísis.

— Ísis! - ela a repreendeu com o olhar, como se ela tivesse dito algo muito errado, ou absurdo

As duas se encararam por alguns segundos, como se conversassem por olhares. Ísis deixou que sua pele um pouco bronzeada, graças ao Sol, ficasse vermelha de vergonha.

Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora