{Primrose}
Escuridão. Como um breu profundo e infinito, havia sido a única coisa que tinha se passado por meus olhos até abri-los lentamente e ver os fracos raios de Sol que tentavam ultrapassar a cortina. Nenhum sonho, nenhum som, nada por horas e horas. Foi como se minha mente tivesse se forçado a ficar vazia, como se ela tivesse se cansado o bastante.
Tinha acordado sozinha na cama. Não havia nenhum sinal de Jasper, e o lado do colchão onde ele esteve na noite anterior parecia gelado, o que me dizia que ele havia saído a um bom tempo. Me mexi algumas vezes, me esticando, enquanto sentia meu ossos estalarem de baixo de minha pele.
Ainda sentia algo pesar em meu corpo, uma sensação que tomava conta de mim, um cansaço que me puxava para o colchão, que fazia minha postura cair para frente, e meus membros se tornarem molengos.
Puxei uma respiração funda, tentando trocar o ar velho dos meus pulmões. Expulsei-o pela boca em seguida. Apertei um pouco meus olhos, algumas vezes, e eles circularam pelo quarto. Avistei rapidamente uma pequena pilha de roupas dobradas em cima da poltrona.
Forcei meu corpo a sair daquela cama, de forma arrastada. Meu corpo doía menos, mas algo ainda parecia me puxar para baixo. Cambaleei um pouco até chegar ao banheiro, e vi minha visão se tornar turva por alguns segundos, mas me obriguei a continuar. Coloquei as palmas de minhas mãos com força em cima da pia, buscando por um apoio firme.
Ouvi o som de minha respiração saindo pela boca, e parecia ser o único som existente ali. Levantei meu rosto, olhando-me no espelho. Não apenas olhando, mas encarando. Toquei levemente em meu rosto com a mão esquerda, a mão do braço onde a cicatriz estava. Eu parecia tão fraca, e a imagem me atingiu de forma bruta.
Passei as mãos por meus cabelos, sentindo levemente que meus cachos tomavam forma na raiz, novamente, um pouco de alívio surgiu em meu peito. O resto do comprimento, ainda não se parecia nem um pouco com o que era antes, algo nele lembrava o formato dos cachos, mas não tinha nem um pouco da leveza que tinha antes.
Meu rosto também... Também parecia diferente, e eu não sabia se aquilo era visível para todos. Desviei os olhos do espelho antes que minha mente não conseguisse parar de pensar naquilo, e joguei um pouco de água fria no rosto, tentando afastar aquela sensação.
Movi meus pés para o quarto novamente, e mesmo na claridade baixa do quarto, observei as roupas na cômoda. Pareciam mais formais do que as que eu usava, e um cheiro agradável vindo delas invadiu minhas narinas, pareciam ter sido lavadas a pouco tempo. Calças pretas em um tecido grosso, que pareciam que iriam colar em minha pele. Uma blusa de cor creme, com mangas longas, e uma gola não muito alta. Fiquei grata pela gola novamente, ela esconderia as marcas em meu pescoço. E um casaco, cor de caramelo, que chegaria até meus quadris, com botões grandes e pretos.
Após alguns minutos silenciosos e pensativos, me vesti com aquelas roupas, e deixei o casaco pesado em cima da cama, já que não estava sentindo tanto frio. Quando terminei, fiquei muito tempo encarando a porta, como se pedisse que ela se abrisse, como se pedisse para que alguém a abrisse e eu não precisasse sair sozinha, mas nada aconteceu. Não ouvi nenhum ruído ou passos próximos.
Mexendo nervosamente minhas mãos e as juntando na frente do corpo, saí do cômodo, abrindo a porta lentamente. A sensação de estar trancada lá dentro começou e não saber sequer que momento do dia era, me deixou ansiosa e até um pouco angustiada.
Meus passos eram as únicas coisas que eu escutava. A casa estava silenciosa, e por alguns minutos me questionei se estava sozinha. Movia meu pescoço cautelosamente de um lado para o outro, com passos inseguros, me perguntando se deveria chamar alguém.
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Corte de Labirintos de Rosas e Estrelas
Fantasy"Eu estava em um jardim que mais parecia um labirinto, o mesmo era coberto de espinhos. Vi na minha frente uma jovem, ela estava de costas e usava um vestido claro e longo. Seus cabelos loiros que não saiam de meu pensamento estavam soltos. Então e...