Colt 357 - Ligando os pontos

Coiote

Uma semana depois da madrugada do acidente

Lauren estava correndo pela rua, era madrugada. Desfrutava da paz daquela hora de sossego, tudo era mais calmo àquela hora. Seus hábitos de corrida solitária como um coiote eram rigorosamente seguidos, sempre fazendo o mesmo percurso.

Ela dava passadas ritmadas por todo o caminho, mesmo com o pouco de frio que fazia naquela hora, ela não deixava de fazer sua corrida, era um jeito de manter-se em equilíbrio tanto fisicamente quanto mentalmente.

Olhou ao longe o píer de Santa Monica e notou o quanto estava longe de seu ponto de partida; sua corrida foi perdendo a velocidade pouco a pouco quando ouviu seu celular tocar e parou para atendê-lo. Ela sabia que telefonemas recebidos pela madrugada não traziam boas notícias.

- Aposto que você não sabe quem é. – Uma voz masculina se pronunciou um pouco divertida.

Tempos atrás, quando Lauren ainda era da polícia, ela estava em um caso difícil de ser resolvido, envolvia o sequestro de uma criança. Com a urgência para que o caso fosse solucionado, ela precisou da ajuda deste mesmo homem que agora estava ligando para ela, mas a ajuda dele teria um preço.

O preço por sua ajuda era simples: um dia, ele telefonaria falando de um serviço que Lauren teria de aceitar, independente do que fosse. E agora, Lauren teria que pagar por isso.

- Antonio Marquis. – Disse ela.

- Que bom que você se lembra dos velhos amigos. Facilita as coisas. Mas vamos ao que interessa, quero ver se tem palavra.

- São quatro horas da manhã.

- Mas eu estou tentando conseguir seu número desde a noite passada, minha cara.

- O que é?

- Uma pessoa precisa de proteção, sofreu uma tentativa de assassinato.

- Qual o motivo da tentativa?

- Não sei. Você vai cumprir com a sua promessa? Preciso saber se você está dentro ou não.

- Preciso de mais detalhes, Marquis.

- A mulher que me ligou disse que conhece você. Lucy Vives.

- Sei. E como ela chegou até você?

- Pois é, ela tem uma dessas empresas de vigilância e segurança, e tem uns clientes que de tão ricos cagam ouro. Quero um pouco desse ouro. Você está me devendo uma. Como vai ser?

- Ok.

- Esta é a Lauren que conheço. Ligo mais tarde para acertar as coisas.

A ligação foi encerrada e Lauren retornou à sua corrida. Quatro dias depois da ligação recebida, ela estaria na estrada, dirigindo para o lugar onde lhe foi indicado e enfim, começaria a proteger uma latina chamada Camila, e como parte do pacote, reencontraria Lucy Vives pela primeira vez depois de dois anos, uma mulher que ela havia amado de verdade.

Lauren levou uma hora para chegar ao local de encontro estabelecido por Lucy. Ela havia marcado o encontro nas ruínas de uma igreja no deserto, há alguns quilômetros do centro da cidade de Los Angeles.

Parou sua caminhonete em frente a uma limusine e um Jeep, mas não via nada em seus interiores devido ao vidro escuro e o sol estava se pondo, o que dificultava ainda mais a identificação de alguma silhueta dentro dos carros. Já estava tirando o cinto de segurança quando Lucy Vives e outro homem surgiram à porta da igreja.

O homem ao lado dela era alto, bronzeado e cabelos ralos e parecia nervoso. Lucy foi a primeira a identificar o carro de Lauren e se encaminhar até lá; essa travessia tinha uma história e uma distância de dois anos.