04: The man

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O convívio tinha melhorado em partes, Olívia tinha realmente se esforçado para a loira parecer estar no comando do que faziam, isso não dizia que ela tinha uma relação saudável com Corey, no entanto, começou a perdoá-lo. Sabrina se frustrou no começo pelo desinteresse repentino, e depois agradeceu aos deuses por nada ter de fato acontecido. Era demais lidar com aquilo.

– Lê de novo. – Corey pediu. – Eu não estou pegando alguma coisa. – Falou num tom de cena de ficção científica onde o personagem ouve uma frase que clareia sua mente, dando respostas que ele procurou por horas, ou até dias antes.

– Segundo a lenda de Aquário, Zeus, enfeitiçado pela beleza de Ganimedes, filho de Tros (rei da Dardânia), mandou sua Águia real raptar o jovem príncipe Ganimedes e o levar para o Olimpo, morada de todos os deuses, para que o menino ficasse para sempre sendo o escanção de sua corte. Em agradecimento à Águia, Zeus a colocou no céu dentre as estrelas na constelação da Águia (Aquila), e lá ela é vista até os dias de hoje carregando o jovem Ganimedes. – Sabrina leu tentando ser o mais clara possível mesmo que a pronúncias de algumas palavras se perdessem no seu sotaque forte. – Feliz?

– Se vocês aceitassem a proposta de ler isso chapados. – Olívia balançou o livro nas mãos. Como os outros, sentada e estudando, do seu jeito, claro. Escondeu que estava rindo muito, pelo sotaque da outra, e também pelos nomes estranhos da história – Conseguiríamos achar uma forma de encontrar essa Águia sem chamar a atenção de Zeus.

– Eu não vou deixar vocês dois se drogarem. – Sabrina falou firme. Ignorou as palavras da outra semi-deusa para voltar os olhos ao livro, pensando, e pensando como poderia resolver aquele problema sem se colocar num perigo tal grande.

– Você falhou. – Falou não segurando a risada. – Eu to meio chapada agora. – Ficar hospedado num lugar tão duvidoso tinha lá seus méritos.

Às vezes Olívia gostava de ficar à margem das coisas certas, tinha vivido tempo demais escondida sem fazer nada além de brincar com seus cachorros quando ficava entendida. Pelo menos tinha seu pai. E muitas almas torturadas também. Todos tinham uma história triste por trás que era a mesma coisa com finais diferentes.

Olívia viveu com a mãe humana até os onze anos, antes do seu cheiro ficar insuportavelmente forte para monstros, foi quando teve um ataque e ela a matou para que não sofresse mais. Hades teve seu coração partido pela dor da única filha, diferentes dos seus irmãos que os guiavam até o acampamento, o deus sabia que seria difícil para ela, mais do que para os outros. Isso despertaria em Olívia que sempre teve um gênio forte e uma raiva que quebraria tudo ao seu redor, como fez com a casa que viveu no dia da partida. Ignorou todas as regras e a levou para viver lá embaixo com ele na premissa de que ela tinha morrido com a mãe. A princesa entendeu seu reino, já sabia bem quem era, Hades sempre falou com ela, ficou lá até os quinze, amava sua mãe, e amava Perséfone mais que tudo, isso a manteve humana, e sua relação com o pai era uma conexão mesmo. Os deuses puniram Hades quando descobriram, Olívia teve que voltar para o mundo humano, mas se recusou a ir para o acampamento, isso até no ano anterior com dezoito. E lá estava ela agora.

Sabrina viveu com os pais até os nove, não teve tanta sorte quanto a maioria, eles não tinham morrido, mas Zeus a queria para algo maior. Teve de ir, afinal, era seu destino, arrancada dos pais pela ordem do rei dos deuses, e forçada a aprender a lutar quase que para sobreviver. Zeus achava que podia mudar a profecia se a escolhida estivesse do seu lado, mas exatamente o que fez para impedir a motivou para estar onde está hoje. Em uma das missões Sabrina passou em casa, queria os ver novamente, ela já tinha dezenove anos, e não a reconheceram. Isso a quebrou. Athena era sua mãe, mas a humana que a cuidou estava lá o tempo todo, já a deusa tem filhos demais.

The Crown Heiress - SaliviaOnde histórias criam vida. Descubra agora