[ AU - Universo Alternativo ]
Já tinha se passado mais da metade do dia, e Ray ainda estava na escola, já que naquele dia ele e todos da sua turma teriam todas as aulas.
Aquele dia já não tinha começado bem para Ray, pois a primeira coisa que aconteceu foi uma briga entre ele e sua mãe; e foi uma briga pior que as outras, chegando até a receber um tapa dela.
E como se não bastasse aquilo, Ray ainda teve que aturar várias pessoas lhe perturbando, entre elas alunos e até professores. Ele não era um aluno de fazer amizades ou de conversar, e por isso, sempre alguém lhe perturbava ou frescava com a sua cara.
Mas, a coisa que estava mais lhe perturbando naquele dia, era supostamente um "boato", dizendo que Ray tinha ciúmes do Norman, que era o aluno mais inteligente da sala, e também que ele nunca seria inteligente o suficiente para passar Norman.
Ray não se importava com o que as pessoas diziam, mas aquilo tinha sido simplesmente a gota d'água. Ele nem sequer conversava com Norman, apenas conversou uma vez quando percebeu que ele estava lhe observando.
Porém, o que lhe deixou irritado não foram exatamente as pessoas falando aquilo, e sim as palavras de sua mãe, que toda vez que ouvia aquele boato, lembrava das comparações que ela fazia consigo e com Norman.
“Por que você não pode ser tão inteligente como Norman?!”, “Quando você conseguir chegar no nível do Norman, aí sim você vai ser suficiente.”, “A mãe dele só fica falando dele nas reuniões da sua escola e os professores o parabenizam! E eu? Vou falar que meu filho é um inútil que não consegue ser o melhor da sala?”
E o pior, aquelas eram apenas algumas das comparações. Quando Ray se lembrava delas, ele se sentia inútil, chegando a pensar que não seria útil até chegar ou passar de Norman.
Mesmo Ray sabendo que Norman não tinha nenhuma culpa, ele ainda sentia ódio dele, tanto por ser comparado com ele, e tanto por ele não sair de seus pensamentos, e às vezes até fazer seu coração acelerar.
“Por que eu não consigo ser que nem você?! Por que eu tenho que ser pior que você, e você melhor que eu? Por que minha mãe te adora e me odeia? Por que você faz meu coração acelerar e ao mesmo tempo me faz me sentir um inútil?!” Ray pensou enquanto apertava a calça e olhava para os livros da mesa, ignorando totalmente a aula do professor.
“Eu te odeio, Norman.”
[...]
As aulas já tinham acabado, e agora, Ray se sentia obrigado a ficar na escola até algum funcionário vir e dizer que já iriam fechar a escola. Ele não tinha conseguido prestar atenção com todos aqueles pensamentos lhe distraindo, então, aproveitou que a escola estava em total silêncio e resolveu ficar por mais um tempo para estudar o conteúdo dado na sala.
Ele poderia estudar em casa? Poderia. Mas não queria ter que ouvir mais reclamações de sua mãe ou que outra briga começasse, já que não estava no clima para isso.
Enquanto anotava algumas coisas que achava importante no caderno, ouviu alguém se aproximar de si, mas não deu a mínima importância e continuou anotando.
— Por que ainda está aqui? — Após reconhecer a voz, olhou para o lado, vendo Norman já sentado ao seu lado.
“Era só o que me faltava. Ele veio para se achar? Falar que é o melhor e que eu nunca vou ser melhor que ele?” Ray pensou, desviando o olhar de Norman e voltando a olhar para o caderno.
— Quer ajuda para estudar? — Norman perguntou, olhando para Ray enquanto esperava uma resposta, uma resposta que sabia que não iria receber.
Ray apenas o ignorou, continuando a anotar as partes importantes no caderno.
Ray conseguia perceber o olhar de Norman fixado em si, e aquilo só o fazia pensar que ele provavelmente estaria pensando que ele era um inútil.
— Anota essa parte. — Norman apontou para uma parte do texto. — A professora de química disse que seria importante, e que talvez fosse cair na prova.
— O que você quer? — Ray perguntou, parando de escrever e começando a olhar para Norman, tentando ao máximo não se descontar a raiva que estava tendo dele naquele momento, coisa que infelizmente não conseguiu fazer. — Quer me falar que você é melhor que eu ou algo parecido?!
— O quê? Não. Eu só queria—
— Não se faça de idiota! Eu sei que você acha que sou inútil! Todos dizem e acham isso! Você não seria diferente!
— Eu—
— Quer falar que você é melhor que eu?! Vá em frente! — Ray colocou todos os seus materiais na mochila rapidamente e de forma desorganizada. — Quer falar que eu sou inútil?! Pode falar! Afinal, é a mais pura verdade!
— Eu não vim para cá falar nada disso!
— Tsk, você pensa que eu vou acreditar?! — Ray se levantou com a mochila nas costas, vendo Norman levantar junto. — Todo mundo ficou falando isso o dia inteiro! Ficaram falando que eu tenho ciúmes de você, e que eu nunca seria inteligente o suficiente para passar de você! E você obviamente só veio falar comigo para comprovar isso!
— Eu só queria falar com você!
— Falar o quê?! Que você é melhor que eu?!
— Eu não sou melhor que você! Você que é melhor que—
— Pare de tentar me enganar! Você é melhor que eu! E sempre vai ser! — Lágrimas de ódio começaram a surgir nos olhos de Ray. — Você sempre vai ser o mais falado pelos professores nas reuniões dos pais! Vai ser sempre o favorito da minha mãe! Vai ser sempre o motivo dela me odiar! Vai ser sempre o motivo de eu ser um inútil! Vai ser sempre a pessoa com quem minha mãe me compara!
— Ray—
— VOCÊ É MELHOR QUE EU! — Ray gritou, e na mesma hora, lágrimas começaram a cair pelo seu rosto. — VOCÊ É, E SEMPRE VAI SER MELHOR QUE EU!
Norman tentou se aproximar de Ray, mas na mesma hora o garoto saiu correndo do corredor.
— RAY! — Norman tentou o alcançar. Correu pelo corredor, desceu as escadas, correu pelo pátio, e quando finalmente chegou na portaria, percebeu que ele já tinha ido embora.
Norman saiu da escola, passando pela portaria e chegando na calçada, começando a olhar para a rua, que se encontrava iluminada pelos postes de luz.
— Eu apenas queria conversar com você e saber se você queria sair comigo, Ray. — Norman sussurrou enquanto olhava para a rua. — E mesmo que você não saiba, eu acho você melhor que eu.
Norman suspirou e começou a andar até a sua casa, pensando em tudo que Ray tinha dito naquela briga. Seu peito doía a cada vez que ele lembrava do rosto de Ray cheio de lágrimas.
Ele sabia que tinha sentimentos por Ray, e era por isso que queria chamá-lo para sair, para assim, poder conhecê-lo melhor, iniciar uma amizade, e quem sabe até algo mais que isso.
— Me desculpe por fazer você se sentir daquele jeito, Ray. Me perdoe.
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One - Shots (NorRay)
FanfictionEu não sei se isso aqui pode ser considerado como one-shot, porém eu acho que sim. Aqui vai ter alguns one-shots de NorRay. Pode ter um pouco de Gilemma. Vai ter Au's diferentes. Nenhum one-shot tem relação com o outro. Alguns one-shots podem ter...