Presos na biblioteca

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[AU - Universo Alternativo]

Faltava alguns minutos para dar meia-noite, e, devido ao horário, a maioria dos alunos que passavam a noite no campus já estavam em seus dormitórios; alguns conversando com seus colegas de quarto, outros fazendo outras coisas, como dormir ou estudar. E outros simplesmente não estavam em seus quartos, indo para outros locais.

Ray, um adulto de vinte anos, estava em seu dormitório, olhando para o teto enquanto ouvia o seu colega de quarto conversando com alguém, aparentemente por meio do telefone. Ele não conseguia entender como conseguia escutá-lo, mesmo seus quartos sendo separados, compartilhando, assim, apenas a cozinha e a sala de estar. Não fazia a mínima ideia de como ele conseguia falar tão alto. Às vezes, se perguntava se alguém de fora do dormitório escutava; e estava começando a achar que sim. Não conversava muito com ele, e nem se dava o favor de fazer isso, já que, além de não ser da mesma sala que o mesmo, não o encontrava muito, apenas na hora de acordar. Em sua opinião, saber que seu nome era Don e que ele não mexeria em suas coisas era suficiente.

Havia entrado na faculdade faz algumas semanas, cerca de duas; e, mesmo com esse tempo, ainda sim não conhecia inteiramente o campus. Óbvio que tinha tido um tour pelo local, afinal, Ray achava que era o mínimo que os coordenadores poderiam fazer, pois, além de ter entrado com uma bolsa integral, era sua obrigação serem, pelo menos, educados. Entretanto, não achou que não conhecer a faculdade completamente seria um problema, visto que estava bem com os locais que já conhecia e tinha denominado como principais, como as salas de aula, o dormitório e a biblioteca, por exemplo.

Cursava faculdade de fotografia, já que, desde sempre, gostou de tal passatempo, que não demorou muito para querer considerar como futura profissão. Começou a fazer faculdade logo após sair do ensino médio, com dezoito anos, porém, devido a problemas pessoais e a bolsa, decidiu se transferir para a faculdade que estava agora. Seus problemas no instituto anterior não eram tão graves ao ponto de precisar mudar de local, poderia até conviver com eles sem problema nenhum; mas aproveitou a bolsa que recebeu para se transferir para a qual estava agora.

E, além da faculdade, também tinha uma conta nas redes sociais, o que não era muita novidade. Mas a conta não era um perfil pessoal para si, e sim onde ele decidiu publicar suas fotografias de maneira anônima. Começou com a conta no meio do ensino fundamental, quando tinha cerca de 14 anos, e ainda continuava com ela. E, bom, poderia ser considerado uma pessoa famosa devido a quantidade de seguidores; mas, mesmo recebendo tal título, não se gabava por isso, ficando apenas feliz por ter suas fotos reconhecidas, tão reconhecidas ao ponto de participar de festivais, ganhando alguns.

Desde de quando começou a fazer a faculdade, tentava dividir seu tempo entre o estudo, a faculdade de fotografia e sua conta; entretanto isso acabou não dando certo, resultando em não publicar suas fotos como fazia antigamente ou até tirá-las, mas sempre quando conseguia arranjar um tempo fazia o que não conseguia, mesmo que fosse bastante raro e pouco.

Além disso, também não conseguia ter tanto tempo para ler livros como antigamente, visto que antes ele conseguia ler cerca de uns dez a quinze livros por mês, e, agora, ele não conseguia ler nem cinco por mês, chegando até a ficar sem ler por alguns meses. Tinha tentado fazer isso novamente na faculdade que está agora, porém, logo depois de entrar na biblioteca, decidiu sair por conta da conversa, perguntando a si mesmo o porquê de aquela biblioteca ser tão barulhenta e tirando-a o título de "meu lugar de silêncio e paz"; nenhum lugar daquele novo instituto tinha recebido esse título, nem mesmo o seu dormitório por conta de Don.

Entretanto, mesmo a sua primeira impressão da biblioteca não sendo nada boa, decidiu ir ao local outras vezes, em horas diferentes do dia; mas, mesmo assim, essa impressão não mudou. Pela manhã, o local era praticamente uma bagunça, fazendo-o se perguntar se a bibliotecária simplesmente não ligava ou tinha algum problema de audição ou alguma coisa parecida. Pela tarde, ainda sim continuava a conversa. E pela noite, a bagunça ainda se fazia presente, porém era bem menor, já que as pessoas não tinham aulas no momento e podiam ficar em qualquer canto; mas ainda não era tão calma do jeito que queria.

One - Shots (NorRay)Onde histórias criam vida. Descubra agora