Nossa música

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Ray pov

Era uma noite fria, e eu me encontrava sentado em uma ponte, balançando minhas pernas enquanto olhava para o rio que havia embaixo da ponte.

Murmurava uma música para mim mesmo, uma música que ouvia antes de nascer. Uma música que descobri de onde era depois de nascer, no orfanato.

Mesmo que eu, Norman, Emma, e os outros já tenhamos chegado no mundo humano, todos nós ainda nos lembramos do orfanato algumas vezes, mesmo que durante um longo tempo, tudo não se passava de sorrisos falsos.

Todos lembravam dos momentos felizes, das brincadeiras, das refeições e dos momentos divertidos em geral. E eu não lembrava disso tudo na maioria das vezes, já que sabia de toda a verdade por trás daquele lugar, onde todos que eram adotados morriam no final.

Na maioria das vezes, eu lembrava da música que Isabella cantava para mim, que por mais que me traziam algumas péssimas memórias, também me traziam boas.

Posso dizer que o momento em que descobri que Isabella não estava do nosso lado foi péssimo, triste e uma quebra de realidade para mim, que durante aquele tempo, achava que ela nos treinava para fugirmos.

Mas, pelo menos, ela me disse o porquê aquela música era tão especial para ela.

De acordo com Isabella, ela me disse que, durante a sua infância, uma pessoa bastante especial para ela compôs essa música. E ela conseguiu ouvir enquanto brincava em uma árvore, que, por coincidência de acordo com ela, era a mesma em que ele tocava.

Ela disse que achou a melodia bonita, e resolveu conversar com a pessoa que estava tocando. O nome da pessoa que tocava, era Leslie, um garoto de cabelos rosados e olhos roxos.

Mama disse que Leslie se sentia envergonhado ao tocar aquela música para os outros, e por isso, tocou apenas para ela, que havia insistido para ouvir a música.

Ela falou que Leslie não tinha nomeado a música, e nunca a nomeou. E desde então, ela tem considerado essa música importante para ela, pois a fazia lembrar da pessoa que amava.

E também, ela disse que se eu quisesse, poderia cantar essa música para uma pessoa que eu achasse especial, uma pessoa que eu amasse de verdade. E, que se caso eu encontrasse alguém, poderia considerar a música como nossa, como uma memória para lembrarmos.

E, mesmo que não fosse propositalmente, acabei fazendo isso.

Durante o orfanato, eu cantava essa música enquanto lia alguns livros. Mas, obviamente, não achava que estava sendo observado. Afinal, eu apenas cantava no meio da floresta, depois da parte da cerca. E como Mama havia nos proibido de passar por lá, nunca achei que alguém passaria.

Então, o tempo se passou, e em um dia, eu estava lendo na floresta, pois as crianças estavam brincando na árvore que ficava perto da casa. E como eu não queria atrapalhar a brincadeira delas, resolvi ler no meio da floresta.

Aproveitei também para cantar aquela melodia, que conseguia me acalmar um pouco. Então encostei minha cabeça na árvore, fechando os olhos e começando a cantar a melodia, apenas aproveitando o silêncio.

Até que, me lembro de abrir os olhos na mesma hora após ouvir alguém cantando a melodia. Olhei para o lado, vendo Norman olhando para mim enquanto cantava a melodia.

Confesso que fiquei surpreso, mas, depois de sua pequena explicação, a minha ficha tinha caído. Ele havia observado os momentos em que eu cantava na floresta, e com isso, acabou aprendendo a música.

Norman disse que achou a melodia bonita, perguntando em seguida por onde eu tinha ouvido. Eu apenas disse que ouvi Isabella cantar para os menores enquanto colocava eles para dormirem, e com o tempo, acabei aprendendo a melodia.

One - Shots (NorRay)Onde histórias criam vida. Descubra agora