Por ser de madrugada, a casa inteira se encontrava em completo silêncio, com a maioria das crianças dormindo calmamente em suas camas, talvez até presas em seus sonhos. Entretanto, enquanto alguns dormiam e sonhavam, outros estavam acordados, não conseguindo dormir.
O silêncio noturno da casa estava sendo interrompido por uma forte chuva, repleta de raios e trovões, estes que iluminavam a casa inteira e transmitiam um som enorme. Se não fosse por isso, o garoto de cabelos negros já estaria dormindo, mas, para a sua infelicidade e azar, não era isso que estava acontecendo.
Enquanto a maioria das crianças estava nos quartos, o garoto de cabelos tão negros quanto a noite, talvez até mais, e olhos verdes-escuros se encontrava na biblioteca, no canto da sala, com sua respiração acelerada enquanto cobria os ouvidos, tentando ao máximo abafar os sons altos dos trovões que ocorriam por conta da chuva.
Mesmo que gostasse da chuva, desde pequeno, o garoto sempre teve medo dos raios e dos trovões, em especial estes, principalmente por conta de seus sons altos. Ele nunca soube qual era o motivo ou sequer uma solução para esse medo. Sempre pensou que talvez o motivo fosse por lembrar que, no dia em que descobriu a verdade sobre o orfanato, enquanto chovia, observou uma das pessoas que mais gostava dele ir embora para a morte, com um pequeno sorriso feliz no rosto por ser adotada. Talvez, desde que ela foi embora, ela, por ser a única que sabia de seu medo de trovões e sempre o confortou, nunca mais conseguiu o ajudar, e, por isso, ele continuou com esse medo, que foi piorando cada vez mais. Mas, aquilo tudo não passava apenas de achismo, já que o garoto nunca conseguiu descobrir o real motivo para tal medo.
Sempre que chovia, principalmente durante a noite, ele se escondia no cantinho da biblioteca, entre algumas torres de livros que ele mesmo tinha feito para ler depois. Com as mãos trêmulas cobrindo seus ouvidos, ele tentava ao máximo abafar aqueles sons altos enquanto sentia sua respiração acelerar mais e, ao mesmo tempo, fazendo falta, saindo de seus pulmões, sem mais voltar. As lágrimas escorriam silenciosamente de seu rosto juntamente a alguns de seus soluços, que ecoavam pela sala.
E era assim que o garoto estava agora, exatamente assim. As lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Sua visão escurecendo. Sua respiração começando a fazer falta. Suas mãos e seu corpo tão trêmulos ao ponto de tal tremedeira ser notada por qualquer um. Se o vissem assim, pensariam que ele era outra pessoa, afinal, a pessoa que ele mostrava ser durante o dia era uma pessoa totalmente diferente de quando chovia forte durante a noite. Durante o dia, o garoto era sério, preso nos livros, não querendo brincar com os outros para focar em seus estudos. E enquanto chovia fortemente durante a noite, era totalmente ao contrário; ele se tornava um garoto com medo, que precisava de alguém para protegê-lo e confortá-lo. Ninguém do orfanato sequer conseguiria imaginar que a sua personalidade durante o dia era apenas uma máscara que ele tinha feito para esconder a dor que sentia por saber da verdade sobre aquela casa.
E era disso que o garoto também tinha medo. Além do medo de trovões, ele também tinha medo do que achariam se descobrissem como ele era de verdade, se descobrissem sobre o seu medo de trovões, se descobrissem o quão frágil ele realmente era. Ele demonstrava ser forte por muito tempo, mas o que ele mais queria era descansar, contar sobre toda a verdade daquela casa para alguém para não ter mais que aguentar sozinho o sentimento de ver as crianças que viveram consigo praticamente a vida inteira serem enviados para a morte.
O garoto sempre pensou que ninguém nunca se preocuparia consigo. Que ninguém nunca o ajudaria. Sempre manteve em seu pensamento a ideia de que tudo o que pensava não passava apenas de um sonho distante. Sempre tentou manter como ideia principal em sua mente o pensamento que ele sempre teve por anos:
"Você tem que fazê-los descobrir a verdade, independente de eles gostarem dela ou não. Eu tenho que concluir meu plano, independentemente que eu queira ou não. Concluir meu plano de vingança contra Mama é a segunda coisa mais importante, e nada pode me fazer mudar de ideia. Ninguém vai se preocupar comigo de qualquer maneira."
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One - Shots (NorRay)
FanfictionEu não sei se isso aqui pode ser considerado como one-shot, porém eu acho que sim. Aqui vai ter alguns one-shots de NorRay. Pode ter um pouco de Gilemma. Vai ter Au's diferentes. Nenhum one-shot tem relação com o outro. Alguns one-shots podem ter...