Capítulo 1

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Discussão
Aida Arielle Santher

Entro no escritório do pai discutindo com ele. Eu não quero me casar com quem eu mal conheço. Meu pai está me obrigando a se casar com um milionário para salvar a empresa dele.

– Eu não quero me casar com Leon! Eu não o amo. Eu nem o conheço!

– Você se casará com Leon McClain e ponto final. — O meu pai se levanta abruptamente da cadeira, virando as costas para mim . Ele me olha pela janela.

–"Os negócios do meu pai estão indo de mal a pior. Então planejou um esquema para salvar nossa empresa, a Santher Inc. Ele vai me casar com um herdeiro de uma família rica e colher os benefícios." — Deixo escapar um longo suspiro e olho para baixo. Uma mão firme toca o meu ombro.

E o meu irmão, o Jason Santher. — Ele não pode simplesmente forçá-la a se casar. Você não pode fazer isso com sua própria filha!

– Eu posso e vou. Aida é uma Santher. Ela tem que fazer a parte dela para preservar nosso legado. — O meu pai fala muito irritado.

– Então como vai ser? Ou ela se casa com Leon ou você vai renegá-la? Como você pode fazer isso, pai? — Jason pede uma justificativa para nosso pai.

Eu sei que não adianta argumentar com meu pai. Mas os esforços do meu irmão são admiráveis do mesmo jeito. – Está tudo bem, Jason. Obrigada por tentar. — Jason balança a cabeça, tira a mão do meu ombro e fica parado perto da porta. – Tudo que eu quero é uma chance de ser livre. Uma chance de ver o mundo. É muito pedir isso?

– Estou colocando uma fortuna na palma da sua mão. Por que você não me escuta? — Diz meu pai.

– Pai... isso é coisa do século retrasado. — O rosto do meu pai fica vermelho como uma caricatura, como se o vapor estivesse prestes a explodir de suas orelhas. – Os casamentos arranjados fazem parte de uma tradição que precisa morrer. Não estamos no século 19, pai.

– Os casamentos políticos são muito mais comuns do que você pensa. Mesmo agora. Isso é tudo o que podemos fazer. — O pai meu passa a mão no rosto suspirando. Eu levanto. – Você vai se casar com o garoto McClain. E não há como escapar disso, Aida.

– OK. Se eu não posso mudar sua opinião, pelo menos me conceda um desejo. Me dê permissão para passar as próximas duas semanas em Paris. É tudo que peço.

– Por que você iria para Paris? Seu casamento é daqui a três meses! — Diz o Sr. Santher.

Estremeço com a palavra "casamento" pela décima vez no dia. – Paris é meu lugar favorito no mundo. É onde me sinto mais em casa. Onde posso ser eu mesma. — O meu coração bate forte no peito. Se a liberdade não é uma opção, Paris é a segunda melhor opção. Meu pai cruza os braços, olhando para mim. Respiro fundo e tento parecer mais calma. – Eu só quero... Dizer adeus ao meu espírito livre.

Meu pai balança a cabeça antes de se virar para mim novamente. – Suponho que isso vai fazer você se sentir melhor. Assim você pode se despedir dessas ideias fantasiosas. — Meu pai leva a mão ao queixo, pensando por um momento. Ele olha para Jason, seu único filho homem e herdeiro principal. – Nossa fábrica de vidro em Paris, alguma notícia de lá?

– Não são boas. A produção caiu 13%. — Fala meu irmão Jason.

Meu pai vira para mim, apontando um dedo grosso para a minha cabeça com um olhar severo. – Aida. Você partirá esta noite e não ficará mais do que duas semanas. Aproveite Paris o quanto quiser, mas também espero um relatório completo sobre o desenvolvimento dos produtos da fábrica. Seu noivo estará aqui quando você voltar. Você entendeu?

– Sim. Você me deixa ir para Paris e eu paro de reclamar do casamento arranjado. É um acordo.

– Excelente. Agora saia da minha vista antes que eu mude de ideia. — Fala meu pai muito rude comigo.

Conforme eu segui para o corredor, a porta atrás de mim e fecham. Solto um suspiro de alívio.

– Um dia típico na casa dos Santher. — Fala o meu irmão.

– Estou feliz que ele está me deixando ir. Por que não é você quem está sendo obrigado a se casar?

– Porque os McClain não têm uma filha e não sou o tipo de Leon. Eu acho. — Dou uma risada, apesar de tudo. Jason encolhe os ombros.

– Não se preocupe, Aida. Vamos descobrir o que fazer.
– Como proteção a testemunhas?
– Algo assim.

Nos dois da risada um para o outro caminhamos em direção à entrada. –"Jason sempre sabe como melhorar o meu humor." — Mas não é o suficiente. O peso da situação parece cair sobre os meus ombros de uma vez só. Os olhos  meus ardem de lágrimas. – Nosso pai me odeia.

Meu irmão Jason pressiona os lábios e cruza os braços. Ele está respirando como se quisesse corrigir tudo, mas deixa o assunto do meu casamento se perder no ar. – O que nosso pai pensa não importa. — Há um momento de silêncio entre nós dois antes que ele volte a falar. – Vamos. Eu vou te ajudar a fazer as malas. Pense apenas na sua viagem. OK?

Mais tarde, o motorista me deixa em frente ao aeroporto. Jason pega as minhas malas. – Eu quero que você se cuide enquanto estiver lá. Tente ir para a cama cedo.

– Claro, Jason.

– Não se esqueça de comer. Você terá muitos restaurantes para escolher. — Jason disse.

– Sim. Paris, de fato, tem ótimas opções.

– E se você precisar de alguma coisa... — Interrompo o meu irmão.

– Jason... Se eu precisar de alguma coisa, eu ligo. Eu prometo.

– OK, mas deixe meu número na sua discagem rápida. Apenas por garantia. E não fique fora até tarde da noite. Se um homem oferecer alguma bebida, diga não.

Dou um sorriso e viro os olhos. – Eu farei tudo isso, a menos que o homem seja muito persuasivo ou me tranque em uma caixa invisível.

Meu irmão olha para as portas do aeroporto. Ele faz uma pausa, perdida em pensamento por um momento. – Aida, estive pensando...

– Sobre o quê?

– O que você realmente faria se pudesse? Se você pudesse mudar tudo, agora? Sobre não hesitar em fazer esse acordo com o nosso pai. Mas tenho certeza de que não é o que você queria realmente. Então, o que é? — Jason me pergunta.

– Se eu pudesse fazer qualquer coisa, eu... terminaria esse noivado e encontraria o amor verdadeiro.

– Eu sabia. Você não está feliz com isso, hein? — Jason disse.

– Por que eu estaria? Não quero ter um casamento sem amor, Jason.

– Funcionou para nossos primos. Eles estão muito felizes. — Jason disse.

– Nem com todos os nossos primos.

– Sim, acho que você está certa..., mas isso não significa que vai ser assim para você. — Disse Jason.

Dou um suspiro ao tocar o ombro do meu irmão suavemente. – Eu sei que você está preocupado, mas confie em mim. É o melhor para todos.

– Exceto para o nosso velho. Ele ficaria furioso. — Jason fala.

– Um pequeno preço a se pagar. E, ainda assim, ainda não posso pagar. Irônico, considerando que sou uma herdeira, hein?

Meu irmão dá um sorriso triste antes de se inclinar e me abraçar. – Tudo ficará bem. Vou dar um jeito nisso. — Jason acena para mim. Eu faço o possível para sorrir para ele ao se virar em direção às portas.

Embarco  no jato particular da minha família e me joga em um assento com um baque. –"Ninguém para me incomodar, nada para prender minha atenção..., Só paz, sossego e uma aventura no horizonte." — Não demoro muito para atravessar as nuvens. Olho pela janela e organizo os meus pensamentos. –"A única coisa que sei sobre Leon McClain é que ele é rico... e feio, por dentro e por fora. Eu só conversei com ele em festas beneficentes. E ele sempre foi um idiota. Como posso esperar me casar com um estranho, um estranho tão horrível quanto Leon?"

Encontrando um amor em ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora