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   Respirei fundo destravando a arma e fiquei com o dedo no gatilho olhando pra ela que me olhava sem expressão alguma, parecia estar preparada pro que ia acontecer.

- Não me arrependo de nada do que vivemos. - falou me olhando nos olhos - Faria tudo de novo por você.

   Mirei no peito e soltei o dedo descarregando o pente todo ali, virei a cabeça no momento que ouvi o barulho que o corpo fez quando bateu no chão e olhei pro Tunin que estava de braços cruzados olhando pro chão.

- O que eu faço com ela? - ouvi a voz do Marco - Rd?

- O que tu quiser. - falei sentindo o meu peito doer.

- Avisa o pai dela lá. - Tunin falou ajeitando a postura e me olhou - Tá preparado pra viver com isso aí no peito?

- Fiz o que tinha que ser feito. - falei e ele bateu no meu ombro.

- Não queria estar na tua pele. - falou antes de sair.

  Acordei assustado sentindo meu corpo molhado e passei a mão no peito sentindo o suor, fui pro banheiro tomei uma ducha, coloquei uma roupa e fui na cozinha fazer um café.

   Preparei o mesmo e fiquei ali apoiado na pia tomando ele quente mesmo, tem alguns dias já que tenho sonhado com uma garota, eu só não sei quem ela é e nem o porque de eu matar ela.

   É sempre o mesmo sonho, ela me falando que não se arrepende de nada e eu matando ela, se eu falar com alguém vão me chamar de doido, falei por alto com a minha mãe e ela falou que é um aviso.

   Agora vamos lá, que aviso? Não faço ideia, olhei pro relógio vendo que ainda era quatro da manhã e terminei meu café. Peguei minhas coisas e sai de casa fazendo os muleques da contenção me olharem.

- Pra onde Patrão? - o mais novo perguntou.

- Ver se está tudo em ordem. - falei fazendo eles concordarem.

   Entrei nessa novinho pra tentar ajudar a minha mãe, consegui? Sim, o que ganhei com isso? Nada! Sai de casa aos dezesseis pra ela não precisar ver as minhas paradas.

   Minha coroa sempre batalhou a vida toda, eu também desde menor vendia uma parada aqui ou ali, mas quando meu avô morreu, minha mãe ficou perdida no tempo legal, ficou um tempo sem trabalho, eu não estava conseguindo mais bicos então recorri a minha última opção.

   Comecei de baixo, fui crescendo e ganhando moral aos poucos, quando vi já estava no topo, não precisei passar por cima de ninguém e nem qualquer outra coisa, o chefe daqui quis tirar um tempo e me escolheu pra ficar de frente.

   Quando fui conversar com a minha mãe, coroa surtou tanto que nem a Penélope que era a cachorrinha dela aguentou, bichinha foi pra debaixo da cama e só saiu quando eu chamei.

   Parei na boca principal e o Marco estava apoiado na parede dormindo agarrado com a fuzil, neguei rindo e peguei meu celular tirando uma foto, quando eu chamo atenção, ficam de graça, comecei a gravar e joguei uma bombinha perto dele que acordou na atividade.

- Porra RD! - falou puto e ri com os muleques - Quase me mata do coração.

- Não já falei que se não aguenta o plantão é pra pedir pra sair? - perguntei cruzando os braços e ele riu.

- Tenho amor a minha vida. - falou sentando no banquinho de novo - Tunin passou a visão ontem a noite de que ia chegar hoje a tarde.

- Ele conseguiu a parada lá? - perguntei e ele esfregou as mãos sorrindo - Boa, por isso que mando ele.

- Formiga na cama? - perguntou e olhei pra ele - Pra tu tá essa hora na rua.

- Acordei e resolvi ver se estava tudo tranquilo. - sentei no banquinho do lado dele - Tudo tranquilo?

- Só morador indo trabalhar ou chegando. - falou apontando pra rua.

   Dava bom dia pra cada um que passava aqui perto, não é todo mundo que responde ou fala comigo, mas se nem Jesus agradou todo mundo, quem sou eu na fila do pão, né?

- Já comeu hoje? - ela perguntou quando eu ainda estava no portão - Não né, só fica enfurnado naquele lugar.

- Acordou com a macaca no corpo, é? - perguntei e só senti a mão dela nas minhas costas - Trocou a ferradura também, né?

- Eu te dei a vida e posso tirar também. - apontou depois que corri pra não receber outro tapa - Seu filho da puta.

- Que isso mãe, se xingando aí. - falei apontando pra ela que jogou a almofada em mim.

- Começaram cedo. - ouvi a voz do meu padrasto e encarei ele.

- Qual foi, conseguiu o trabalho lá? - perguntei e ele balançou a cabeça concordando - Falei que tu ia conseguir.

- Começo amanhã. - falou e minha mãe levantou as mãos.

- Já não aguentava mais ele me perturbando toda hora. - falou mandando coração pra ele que mandou dedo indo pra cozinha - Eu tô tão feliz por ele filho, cê nem tem noção.

- Tenho sim, vi de perto o tanto que tu apoiou ele. - falei dando um beijo na cabeça dela - Vim só almoçar, quero dar trabalho pra senhora não.

- Ainda bem né, quase trinta na cara! - apontou pra mim.

- Que isso dona Carla, só tenho vinte. - falei e ela me encarou com os olhos quase fechados.

- Em cada perna, né? - falou me fazendo rir - Eu que te pari garoto!

- Vai fazer aquela macarronada no meu aniversário? - perguntei vendo ela balançar a cabeça - Nem acredito que tô preste a fazer vinte e seis.

- Daqui quatro anos já é trinta. - falou olhando as unhas - Me dar neto que é bom, nada.

- Vou nem falar nada. - falei indo pra cozinha.

- Pediu neto? - meu padrasto perguntou.

- Ela marola com essa porra de neto. - falei sentando ali com ele - Ela não entende que não posso ter família.

- Poder pode, mas seria complicado. - falou e olhei pra ele - Tu sabe que sempre te apoiei, mesmo tu escolhendo esse caminho.

- Foi o único que não me virou as costas. - falei e ele sorriu.

- Tu também é meu filho, entenda. - apontou pra mim e fiquei olhando pra ele.

   Roberto conheceu a minha mãe eu ia fazer seis anos, meu pai eu nunca nem conheci, meteu a desculpa do cigarro quando eu estava na barriga ainda e nunca mais voltou, então meu único pai foi o Roberto e o meu avô enquanto vivo.

Livro novo pessoal!!!

Espero muito que gostem ❤️

Minha CalmaOnde histórias criam vida. Descubra agora