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Quando eu falo que quando tudo está muito quieto é porque tem merda vindo, ninguém acredita mim, depois de um tempo na paz, veio a tempestade.

Já me perdi nas contas de quantos carregamentos, droga, cria e dinheiro já perdi esse mês, começou com os bota conseguindo interceptar o carregamento, depois numa invasão acharam a casa onde estava as drogas.

No meio disso tudo, um monte de cria se foi, mas perdendo os carregamentos e as drogas, lá se foi o dinheiro investido também. Tentei manter o controle pra não acabar descontando em quem não deve, mas a real é que eu tô a ponto de explodir.

- Se bater cabeça é pior. - Tunin falou e encarei ele.

- Não é tua mulher sendo ameaçada. - falei e ele negou.

- Mas é a minha sobrinha. - falou o óbvio e respirei fundo - Eu já mandei o papo, agora é a tua vez.

- Não posso fazer ela parar a vida por um bagulho que ela não tem nada haver. - falei e ele concordou.

- Então já sabe qual decisão tomar, vai doer agora, mas lá na frente vocês se entendem. - falou e concordei - O melhor agora é tirar o foco dela, esse Coca tá fazendo de tudo pra te desestabilizar e tá começando por ela.

- Ela nunca mais vai querer nada comigo. - falei e ele riu.

- Sei que deveria jogar limpo com ela, mas ela não pode saber de nada do que está acontecendo. - falou e olhei pros caras conversando - Pelo menos não agora, eles tem que ver que tu não se importa, que ela te odeia.

- Isso que vai ser foda, saber que ela me odeia. - assumi fazendo ele rir - Mas sei que vai ser pelo bem dela.

- Só lembra de que tu não tá sozinho nessa. - falou batendo na aba do meu boné e chutei a canela dele - Comédia.

- Pra onde, chefe? - HL perguntou quando subi na garupa dele.

- Lá pra casa. - falei e senti uma parada estranha, olhei pra direção da casa da minha mãe e respirei fundo - Pra minha mãe, me deixa lá.

Estava disposto a terminar com a Liz pro bem dela, não posso chegar e pedir pra ela largar tudo o que conquistou e ficar aqui no morro vinte e quatro horas por estar sendo ameaçada, não posso fazer isso com ela.

Cheguei na minha mãe e estava as duas lá conversando enquanto a Lara dormia no colo dela, ouvi a voz do Roberto vindo da cozinha e olhei pra elas acenando.

- Qual o milagre? - minha mãe brincou me fazendo sorrir fraco.

- Não tô bem. - falei sentando do lado dela e apoiei minha cabeça no seu ombro - A gatinha aprontou muito?

- Ela ficou o tempo todo enjoadinha. - Liz falou mexendo no cabelo dela - Mas se divertiu bastante com o vovô Gabriel.

Fiquei ali só ouvindo elas conversando e olhei pra tv, Roberto apareceu com duas cervejas na mão e me entregou uma sentando no outro sofá, prestei tanta atenção no filme que acordei ouvindo barulho de tiro.

Olhei pra Liz vendo ela me olhar assustada e levantei rápido pegando minha arma e olhando em volta procurando o meu colete, minha mãe ficou pedindo pra eu não sair e aumentei o volume do rádio ouvindo o pessoal falar.

- Pro quarto, vamos. - falei.

Na reforma aqui na minha mãe, fortaleci o meu quarto e o dela, fiz tipo uma fortaleza. Entramos e fui pra perto da janela tentando ver algo, mas não tinham chegado até aqui.

Minha mãe estava no cantinho do quarto orando, a Liz na cama com a Lara no colo, Roberto sentado na beira dela e eu ainda estava perto da janela vendo os crias na trocação.

- Sai dessa janela, Rodrigo! - ouvi a voz da minha mãe.

- Já não tô lá fora. - olhei pra ela - Tenho que pelo menos vigiar.

- Rd, tu tá onde? - Santos chamou no rádio - Se tiver na casa um, mete o pé agora!

- Da dois também! - Marco falou depois.

- Qual a situação? - perguntei.

- Invadiram. - responderam.

- Puta que pariu! - falei puto - Quem tá na galeria?

- Chegaram aqui ainda não. - ouvi a voz do HL - Se chegar, daqui não passa.

- Irmão, fica onde tá. - Tunin falou - Deixa com a tropa.

- Qual foi Tunin, quero o HL sozinho não. - falei olhando pela janela - Aquilo lá é beco sem saída.

- Tô chegando já. - Fael falou.

Fiquei só ouvindo eles falarem, minha mãe foi pra perto do Roberto e vi que a Liz me olhava preocupada.

- Filho, se achar melhor, pode ir. - Roberto falou - Sei que está agoniado.

- A segurança de vocês em primeiro lugar. - falei vendo o Marco se abaixar no meio da rua - Ah vai tomar no cu.

Peguei minha arma debaixo da cama vendo a Liz tampar os ouvidos da Lara e abri só um pouco a janela, me posicionei e comecei a atirar.

Minha mãe rapidinho parou de orar começando a me xingar, Marco se escondeu olhando para os lados e fui atirando na direção dos caras conforme iam tentando passar.

Foi quase duas horas de trocação, da janela eu estava acompanhando tudo, vi os caras começando a ronda e guardei a arma catando as coisas do chão.

- Não sai daqui antes de eu chegar. - falei pra Liz - Roberto, já sabe.

Peguei minhas coisas e sai de lá rápido, esbarrei com o Marco e fomos fazer a ronda também, todo mundo se organizando já, fazendo a limpa e vi a Cíntia toda desesperada.

- Não, não! - falou alto se jogando no chão.

Na mesma hora eu corri junto do Marco e bibi Santos caído com um tiro na barriga e outro no peito, me abaixei vendo se ainda tinha pulso e bateu o desespero quando percebi que estava fraco.

- Ou, pega o carro lá menor! - apontei pro garoto que sempre resolve as paradas na pista - Ele vai ficar bem, tô aqui contigo, fica calma.

- Eu não posso perder ele, Rd. - falou chorando - Não posso.

- Vai com ele, já sabe o proceder. - falei quando o menor chegou com o carro - Qualquer parada tu me avisa.

Marco me ajudou a colocar ele dentro do carro e partiram, Santos sempre foi de confiança, se jogou várias vezes dentro do miolo por mim ou pelos moleques.

Porra, ele e a Cíntia estão juntos desde menor, ela tinha treze e ele quinze quando começaram, são sete anos já que estão juntos.

Minha CalmaOnde histórias criam vida. Descubra agora