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Passei o resto da tarde ali na boca resolvendo as coisas e esperando notícias do Santos, mas até agora nada. Fui nas minhas casas e estava tudo revirado, a que era menor, queimaram quase tudo.

Meu ódio foi crescendo cada vez mais, vi que o Tunin revezou o olhar entre o celular e eu, ficou me rondando muito e sabia que queria me falar algo, mas não sabia como, na hora veio a imagem do Santos na minha mente.

- Cíntia tá aonde? - perguntei e ele soltou o ar.

- Tá lá ainda, pedi pra coroa deles irem lá. - falou e chutei o que sobrou do sofá.

- Eu vou vingar a morte dele, do Gigante, da Iara e de todos os crias que se foram! - falei apontando pra ele - Se esse Coca queria conhecer o meu lado ruim, conseguiu!

Começaram a me chamar no rádio falando que minha mãe estava me procurando, veio um monte de coisa na mente, sai de lá indo direto pra minha mãe e entrei ouvindo o choro da Lara.

- Ela começou a te chamar e não parou mais de chorar. - minha mãe falou e olhei pra ela que estava no colo da Liz.

- Tu precisa aprender a viver sem o papai cara, parece carrapato. - falei vendo a minha mãe e a Liz batendo na madeira - Já ficou calma?

Foi parando de chorar as poucos e fui dar um banho nela, deixei toda cheirosa e fiz a gatinha dormir, coloquei ela no berço e desci vendo a minha mãe com a cabeça apoiada nas mãos e a Liz no sofá olhando pra ela.

- Vocês precisam aprender a viver sem eu estar por perto. - falei fazendo as duas me olharem e o Roberto sentou perto da minha mãe - Essa foi a vida que eu escolhi e só tem dois finais, então não vou estar aqui pra sempre.

- Por que está falando isso? - minha mãe perguntou triste e coloquei minhas mãos na cintura olhando pro chão - O que aconteceu, filho?

- Santos morreu. - falei e os três me olharam assustados, a Liz na mesma hora começou a chorar - A mãe dele e da Cíntia foram lá pro hospital.

- Como a Cíntia está? - Liz perguntou.

- Não sei, ela só avisou que ele não aguentou. - falei ainda olhando pro chão - Eu vi o desespero dela quando ele estava lá na rua e não quero vocês passando por isso.

- Não é você quem decide isso. - minha mãe falou e olhei pra ela.

Roberto abraçou ela enquanto me olhava e fui pra perto da Liz abraçado ela também, peguei sua mão e fomos pra área, sentei numa das espreguiçadeira e sentei ela na minha frente fazendo ela deitar a cabeça no meu peito.

- Não quero você passando por essas paradas. - falei e ela negou - Só me escuta Liz, eu inverti as paradas e não quero isso pra tua vida.

- Foi como a sua mãe falou. - se afastou do meu peito me olhando - Não é você quem decide.

- Liz, eu não quero mais. - falei e ela chorou mais ainda - Tu tem a vida toda pela frente, é nova e vai encontrar alguém que valha a pena.

- E você não vale? - perguntou se levantando - Rodrigo, todos os dias eu tenho medo de te perder, hoje eu senti na pele e me coloquei no lugar da Cíntia.

- É essa vida que eu não quero pra tu! - falei olhando pra ela - Eu posso sair agora e não voltar mais, não quero que tu sofra por minha causa!

- Não é você quem decide isso! - falou alto - Você escolheu essa vida e eu escolhi estar ao seu lado!

- É pro teu bem Liz, para de ser cabeça dura! - me levantei segurando o rosto dela - Eu não quero tu passando pelo o que a Cíntia tá passando, vai doer agora, mas vai passar, a dor que ela está sentindo não vai!

- Isso tudo é a consequência da vida que vocês escolheram viver. - falou e olhei nos seus olhos.

- A minha consequência por escolher essa vida é não querer te ter nela. - falei sentindo meu corpo pesar - Eu sempre soube que eu não poderia ter as duas coisas.

- Eu não quero ir. - falou segurando as minhas mãos e fiz carinho no seu rosto - Não faz isso Rodrigo.

- Só tenho que te pedir perdão por tudo o que te fiz passar. - falei e ela ficou negando - Isso tudo vai passar e tu vai ficar bem.

- Rodrigo, por favor. - pediu de olhos fechados.

- Tô fazendo isso pelo teu bem. - falei soltando seu rosto e me levantei - Vem, vou te deixar lá no teu pai.

- Não precisa. - se levantou passando as mãos no rosto.

- Precisa sim, sou sujeito homem. - falei fazendo ela revirar os olhos - Tenho que dar uma satisfação pro teu pai.

- Você não tem "que" mais nada Rodrigo. - falou séria com a voz de choro.

- Eu sei que um dia tu vai me entender. - falei e ela riu.

Passou pela sala voada e fui atrás antes que ela saísse sozinha, entrei no carro esperando ela entrar também e bateu a porta com tudo, olhei pra ela serinho e dei partida parando na frente da casa do Gabriel, ela saiu batendo a porta de novo e fui atrás.

- Bate em mim, mas não bate a porta do meu carro. - falei entrando atrás dela e o Gabriel olhou sem entender - Tu é cabeça dura demais, tá maluco, tô fazendo isso pro teu bem Liz, para pra pensar um pouco só na tua rotina e na minha.

- Eu quero que você vá pro inferno! - falou alto me olhando e saiu entrando pro quarto.

- Fui sujeito homem de te pedir permissão e tô sendo pra comunicar que acabou. - falei olhando pro Gabriel que cruzou os braços e sentei no sofá - O Santos morreu e eu vi o desespero da mulher dele, não quero isso pra Liz, ela tem uma vida bem diferente da minha e tu sabe que eu sempre quis o melhor pra ela.

- Impossível dizer que ela entrou nessa relação sabendo de tudo isso. - respirou fundo e olhei pro chão - Eu te entendo, sei que está fazendo isso pra proteger ela de uma coisa que é inevitável.

- Porra, finalmente alguém me entendeu! - falei aliviado - Eu amo a sua filha Gabriel, tirando a minha mãe e a Lara, ela é a pessoa mais importante pra mim.

- Eu sei disso. - falou se levantando - Agora eu vou lá ficar com ela.

- Eu vou estar sempre aqui pro que precisarem. - falei e ele concordou - Cuida dela por mim.

- Se cuida Rd. - falou e sai de lá.

Minha CalmaOnde histórias criam vida. Descubra agora