Prólogo

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Sempre tive vontade de escrever uma história com uma pegada mais sombria. Todos os personagens aqui vão fazer coisas erradas, mas a moral do certo e errado vai se resumir a: ser o protagonista ou não.

Já deixo avisado que a história vai ter assassinato, violência, sexo explícito, nudez e provavelmente outros gatilhos, então, se você é sensível, recomendo não ler.

Espero que gostem! Comentem!

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— Shawn. — O menino ouviu o chamado, mas continuou a encarar o ursinho pequeno em suas mãos. — Shawn, querido, olhe para mim. — Duas mãos agarraram as bochechas gordinhas, erguendo o rosto, fazendo-o encarar os olhos azuis da mulher. 

— Sim, mamãe? — O menino perguntou.

— Eu preciso que você me escute com atenção, querido. — Respirou fundo, tentando esconder a dor que sentia. — Você já é um homenzinho e muito inteligente, então preciso que lembre do que vou falar. — O menino a olhou, os olhos fixos no rosto da mãe. — Algumas pessoas ruins vão me levar para longe de você.

— O quê? Por quê? — perguntou, os olhinhos piscando em confusão e, ao mesmo tempo, desespero.

Karen piscou, tentando reprimir as lágrimas que lutavam para cair.

— Porque eu irritei essas pessoas. Shawn, querido, essas pessoas vão levar você e sua irmã. E vão fazer coisas ruins com vocês. — disse. Era duro dizer isso para seu filho, mas precisava que ele ficasse ciente. Era a única forma de mantê-lo vivo.

— Eu não quero que me machuquem... — Choramingou. — Não quero que você vá embora.

— Eu sei, meu amor. — Acariciou o rosto dele. — Vão falar coisas para você, tentar fazer você se sentir parte deles, fazer você obedecê-los, mas não acredite, Shawn, para eles, você é só um peão e, quando deixa de ser útil, jogam você fora. A única pessoa que vai estar com você, é a sua irmã. Proteja ela, Shawn, você é o mais velho e a única coisa que ela tem.

Karen se sentia um lixo por ter que jogar essa responsabilidade em uma criança de oito anos, por não poder proteger ela mesma seus filhos. Mas era a única chance que suas crianças tinhas. Por isso, continuou:

— Quando tiver uma chance, fuja com Aaliyah e não volte. Não se envolva mais, não procure vingança. Só fuja e viva uma vida nova. — Barulhos foram ouvidos no andar de baixo e a mulher fechou os olhos, já sabendo que chegara sua hora.

— Cadê o papai? — Shawn perguntou, assustado.

Um estalo foi ouvido. Um tiro. Karen apertou os olhos, sentindo a dor rasgar seu peito ao meio.

— Seu pai não está mais aqui, querido e eu vou encontrar ele daqui a alguns instantes. Vamos estar esperando vocês, mas só daqui há muito, muito tempo. — Soltando o ar, voltou a falar: — Você é forte, Shawn, nunca se esqueça disso. Não importa o que digam, não se esqueça de quem você é . Você vai ficar bem, certo?

O menino assentiu. A porta se abriu com um estrondo e Shawn se segurou na mãe, amedrontado. Dois homens vestidos de preto entraram no local, caminhando na direção deles.

— Shawn. — Karen chamou, a voz tranquila, como se não sentisse medi. Mas sentia. Não por ela, mas por seus filhos. — Eu amo você. Amo sua irmã. — Duas lágrimas grossas caíram sem sua permissão. Seu braço foi puxado, Shawn tentou intervir, mas um dos homens segurou o menino. — Feche os olhos, querido.

Mas ele não fechou.

Shawn viu tudo. A arma, o disparo, o corpo caindo no chão. Ele jamais esqueceria aquilo: a imagens, os sons, tudo estaria preso em sua mente.

Naquela noite, Shawn viu seu primeiro assassinato. O seguinte, entretanto, ele mesmo o faria, assim como os que se seguiriam.

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