Capítulo 8

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Quando se toma a primeira grande atitude para o início de algo, é difícil parar depois.

Eu tive uma professora que disse isso uma vez quando eu comecei a deixar meus trabalhos para última hora. Na época, a frase foi esquecida cinco segundos depois que foi dita, agora, nunca fez tanto sentido.

Encarando o teto branco do quarto com os olhos arregalados, eu me perguntava quando eu comecei a ficar maluca.

Quando tudo começou a mudar?

Minha respiração ofegante e a pele com uma fina camada de suor denunciavam o que eu havia feito há poucos minutos atrás e, apesar do corpo estar em completo deleite, minha mente parecia tão acesa como nunca.

Duas vezes. Foi a quantidade de vexes que aquilo havia acontecido e, depois da primeira vez, tudo mudou.

Como se um botão tivesse sido acionado.

Não conseguia mais enxergar as coisas da mesma forma, especialmente de dia, quando eu estava treinando. Se eu já era ruim, fiquei pior. Desleixada, distraída.

E não porque havia perdido a atenção e sim porque agora ela estava focada em outra coisa.

Era ruim. Péssimo.

Mas como não se distrair quando ele me segurava com força, o corpo pressionado ao meu, sem permitir que eu me movesse?

Ou quando suas mãos contornavam minha cintura, as pontas dos dedos se afundando de leve na carne para arrastar meu corpo.

Cada momento era visto por uma perspectiva diferente e não avia como tirar as mãos de Shawn de mim quando eu não queria que elas saíssem.

Quando eu comecei a enxergá-lo assim?

Não era estúpida, Shawn não era UA boa pessoa. Eu não gostava dele. Ele ia me matar. Shawn me levou contra a minha vontade. Shawn estava me usando para seus próprios objetivos.

Essas fatos estavam fixados na minha mente e não é como se meu temor por ele tivesse passado... Mas havia outra coisa ali.

Algo puramente físico que mexia com cada célula do meu corpo. Eu não conseguia pensar em mais nada quando Shawn estava próximo e esperava não começar a deixar óbvio demais.

Logo, tentando ocupar minha mente - já que ficar em uma casa sem ter o que fazer além de treinar deixava minha imaginação muito mais fértil -, fiquei em fazer Monstro me amar incondicionalmente ao ponto de não me matar, caso Shawn mandasse algum dia.

O cachorro era resistente, mas se rendia com um pouco de comida e um carinho atrás da orelha.

Pouco a pouco, conseguia me aproximar dele sem receio, tocar seus pelos sem ter que esperar que ele consentisse e me sentar ao seu lado sem medo dele avançar em mim.

Tudo isso longe de Shawn, é claro. Ele não poderia saber, visto que ainda mandava Monstro correr atrás de mim todos os dias, esperando que o meu medo me desse motivação para correr mais rápido. Se ele soubesse que eu não temia mais o animal, não duvidava que fosse atrás de uma raposa para me dar mais motivos para correr.

Então, quando via o mísero sinal de que ele estava se aproximando, me afastava do cachorro. Monstro estava tão focado no seu dono, que não parecia se importar.

Durante esses dias, Shawn havia saído várias e várias vezes e eu estava ansiosa para saber qual seria o seu - nosso - próximo passo.

Seria mais perigoso? Teríamos que enfrentar alguém diretamente?

Perguntas e mais perguntas se formavam e ainda não sabia como conseguir a resposta para todas.

Mas o próximo passo a se dar foi revelado mais cedo que eu esperava.

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