Capítulo 27

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QUEIMA QUENGARAL
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Tudo doía.

Meu corpo, minha cabeça... Exatamente tudo.

Meus olhos se abriram, mas rapidamente os fechei, a luz incomodando. Repeti o processo, desta vez, mais devagar, piscando várias vezes para me acostumar.

Expirei, tentando me mexer, mas notando minhas mãos presas atrás do encosto da cadeira em que eu estava sentada. Tentei me mexer, mas as algumas machucaram meu pulso.

— Você vai se machucar. — Ouvi a voz rouca, já conhecida, ao meu lado.

Ergui a cabeça, encontrando os olhos de Shawn me olhando com atenção.

— O que aconteceu? — sussurrei.

As lembranças não pareciam exatamente claras.

— Nos pegaram. — falou.

Observei seu rosto, notando a preocupação que ele tentava esconder. Haviam tirado nossos casacos e coletes, deixando apenas a calça e regata. Shawn também estava amarrado na cadeira, de forma que nenhum de nós dois conseguiria se libertar. 

Meu lábio tremeu e a consciência de que não sairia daqui viva começou a me preencher. De que nós dois não sairíamos.

— O que vamos fazer? — perguntei em um fio de voz.

Shawn ia falar, mas ouvimos passos se aproximando da porta.

— Não fale nada, não responda nada. — instruiu.

O lugar onde estávamos não era tão grande e, se uma luz não o iluminasse, ficaria totalmente escuro. Parecia ser o porão da casa.

A porta se abriu e dois homens entraram. Reconheci sendo os que nos apagaram.

Eles fecharam a porta, observando nós dois com atenção e divertimento. Engoli em seco, fazendo o possível para não olhá-los.

Um dos caras, o que me apagou, parou na frente de Shawn, o encarando.

— O grande Shawn Mendes. — debochou — Eu esperava mais depois de ouvir todas as coisas sobre você.

Shawn permaneceu em silêncio, encarando o chão, a expressão neutra e indecifrável.

— Olhe pra mim quando eu estiver falando! — Um soco foi depositado em seu rosto.

Apertei os lábios, sentindo a raiva me preencher. Olhei o machucado que se formou no canto da boca dele, mas Shawn não soltou nenhuma exclamação de dor e isso pareceu irritá-los. No segundo soco, ele soltou um grunhido, mas nada além disso. 

Minha garganta soltou um som esganiçado quando ele apanhou mais uma vez, o que chamou a atenção dos dois homens pra mim. 

— Foi essa coisinha pequena que quase te matou, Lucas? — O que batia em Shawn perguntou, com deboche. — Agora faz sentido o chefe ter te colocado por último.

— Cala a boca, Samuel. — O outro falou, a voz irritada. — Ela só fez algo por que me pegou de surpresa. — O senti de aproximar de mim e me forcei a não me encolher. — Mas não dá pra negar que a bonitinha tem força de vontade. — continuou — Quem te ensinou? Ele? — Apontou com a cabeça em direção a Shawn.

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