Capítulo 22

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IMPORTANTE : Mais uma vez, se você é sensível com o tema estupro, pule a conversa da Camila com a Aaliyah na cozinha, a partir do momento que a Camila fala "eu sinto muito".

Quem acompanhou alguma história minha, sabe que quando alguma está chegando na reta final eu decido focar mais nela.

E é o que eu vou fazer com ITD.

Não vou deixar de atualizar as outras, porém foi dar prioridade a esta.

Não que ela já não tenha...

Enfim, espero que gostem. Esse é o último em terceira pessoa, eu acho, apenas pra frisar o que os dois estão sentindo.

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Um, dois, três, quatro, cinco... Shawn recomeçou a sequência mais uma vez. Faziam horas que ele estava assim: os punhos batendo com força no saco de pancada, sem se importar com a dor nos nós dos dedos.

Quatorze, quinze, dezesseis, dezessete...

Ele se virou quando ouviu um latido, visualizando Camila e Monstro correndo do outro lado da área externa. Observou ele pular em cima dela, alegre, parecendo matar a saudade dos mês em que ficaram distantes. Foi horrível para o animal.

Monstro se deitava na cama dela, se enrolava nas suas roupas, cheirando e choramingando. Às vezes, parava na porta e ficava sentado, como se a esperasse. Isso era preocupante. Como seria quando tudo aquilo acabasse? Como o animal lidaria com a distância dela?

Shawn suspirou, focando os olhos em Camila enquanto ela corria do seu cachorro, sorrindo como se não estivesse na pior situação de sua vida. O cabelo dela caiu no rosto, mas logo foi colocado de volta no lugar. As mãos pararam em frente ao peito e ele só percebeu que descia os olhos pelo corpo dela quando sentiu a dor dos punhos cerrados.

Soltando um murmúrio incoerente, Shawn se virou de novo, acertando mais um soco no saco de areia.

Ele respirou fundo, apertando os olhos para afastar as lembranças da sua mente. Costumava dividir seu sono, assim não daria tempo de sonhar, mas às vezes o cansaço falava mais alto. Este havia sido um desses dias.

Era inevitável não relembrar quando isso acontecia. Vinham sem permissão.

- Terminei. - O garoto disse, ofegante, sorrindo e se virando para o homem alto. Ele estava orgulhoso de si mesmo.

Alejandro olhou para a criança de oito anos, que esperava aprovação. Quando Shawn menos esperou, a mão grande bateu em seu rosto. O menino caiu, fazendo uma careta de dor, sentindo os olhos se encherem de lágrimas. Contudo, ele não ousou derramá-las, porque ele sabia o que aconteceria se o fizesse.

- Olhe ao seu redor. - Shawn fez o que o homem mandou. Outros meninos estavam caídos no chão. Ele os havia derrubado. - Eles ainda conseguem se levantar. É isso que você acha que é um bom trabalho?

- Não, senhor. - murmurou.

Alejandro balançou a cabeça em negação.

- Levante e vá pro seu quarto estudar. Agradeça por eu não te dar uma punição de verdade.

Trinta e sete, trinta e oito...

Os nós dos dedos dele ardiam, mas tudo o que sua mente ouvia era sua voz de anos atrás. Todas as vezes que se desculpou sem motivos, todas as vezes que implorou para não apanhar. O que implorou para que batessem nele quando diziam que iam fazê-lo com sua irmã.

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