Capitulo 10

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Tapei minha boca para conter o grito assustado que queria sair.

Sentei na cama, suada, tremendo e ofegante, as lágrimas descendo pelo rosto. Agarrei o travesseiro, com medo de fechar os olhos e as imagens voltarem para minha mente.

Graceline morta.
Graceline olhando para mim.

O sangue dela manchando meu corpo.

A culpa é sua, ela dizia.

Respirei fundo e soltei lentamente, tentando acalmar a agonia que sentia em meu peito.

Minha amiga. Minha única amiga.

Balancei a cabeça. Eu não a matei. Não foi minha culpa. As pessoas que a mataram que são culpadas. Eu nunca fiz nada de ruim. Nunca machuquei ninguém.

Essas pessoas mataram minha amiga. Mataram minha mãe. Elas eram culpadas.

Fizeram isso com Grace apenas para me afetar. Mataram um inocente como se fosse apenas uma peça no tabuleiro.

Senti a raiva me preencher. Não era justo. Não era certo. Isso não podia continuar assim.

Como nos outros dias, tentei fazer a raiva passar, tentei me acalmar. Mas hoje não funcionou. Eu não aguentava mais.

Não suportava sonhar todas as noites com morte e sangue. Não suportava viver assim, como se adiasse a morte.

Eu queria ter uma vida normal. Eu queria que essas pessoas não pudessem mais ferir ninguém.

Eu queria acabar com elas.

A porta rangeu, atraindo minha atenção. Dois olhinhos amarelos me encararam e se aproximaram.

— O que você quer? — perguntei.

Monstro não respondeu nada, apenas subiu na cama, se deitando em minhas pernas. Acariciei seu pelo macio.

— Seu dono está acordado? — perguntei, como se aguardasse uma resposta. — Acho que sim.

Joguei os cobertores para o lado, ficando de pé. Enxuguei o rosto e prendi os cabelos, balançando a blusa para diminuir o suor do corpo.

Caminhei em direção ao quarto de Shawn, mas ele não estava lá. Desci as escadas, encontrando-o sentado no sofá. Olhei para o relógio na parede. Ainda era meia-noite.

Shawn me olhou por um instante, antes de focar no tapete, como se ele fosse mais interessante.

Me aproximei devagar, tropeçando em um degrau por casa da escuridão.

— Posso conversar com você? — perguntei.

Shawn não falou nada, apenas indicou o lugar ao seu lado com a cabeça. Sentei ali, enfiando as mãos entre as coxas.

— O que é? — perguntou depois que eu passei um tempo em silêncio, tentando achar as palavras certas.

Resolvi ser direta.

— Quero ajudar você.

Shawn ergueu as sobrancelhas de um jeito perturbadoramente atraente.

— Você já está me ajudando.

— Não. — Balancei a cabeça. — Você está me usando.

Ele cruzou os braços, virando-se em minha direção.

— Por quê? — perguntou — Por que decidiu isso agora?

Apertei os lábios. Não achei que ele fosse querer saber a razão, apenas achei que aceitaria e fim.

In The DarkOnde histórias criam vida. Descubra agora