Digam o que estão achando até agora.
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Minha cabeça estava latejando naquela manhã. Normalmente acontecia quando eu ficava até muito tarde na lanchonete. Agora, entretanto, acredito que foi por causa do pesadelo que tive.
Estiquei o braço, tentando me esticar, mas abri os olhos quando não consegui mover um deles. Olhei ao redor, vendo que aquele quarto não era o meu e, definitivamente, esta não era a minha casa.
Lembranças da boite passada encheram minha mente e meus olhos lacrimejaram quando percebi que não havia sido um sonho. Era real.
Como se pra afirmar meu pensamento, a porta do banheiro se abriu e ele saiu, junto a um forte cheiro e sabonete e perfume masculino.
Fiquei em silêncio, temendo fazer algum barulho e irritá-lo, enquanto o observava caminhar pelo quarto, mexendo em algo na sua bolsa. Só então, com a claridade, pude vê-lo com mais clareza.
Sabia que era alto e forte, mas não imaginava que seria tanto. Seu rosto, ao invés do que eu imaginava, tinha feições suaves, que não condiziam com sua postura e com seus olhos.
Os olhos. Aqueles que eram tão intensos que te deixavam receosa de olhar. Como no dia anterior, exalavam algo perigoso por trás do marrom escuro da íris.
— Tem café na mesa de cabeceira, quando acabar, tome um banho, partimos em uma hora.
Me endireitei ao perceber que, durante todo esse tempo, ele estava consciente de que eu estava desperta.
Shawn, cujo eu nem tinha certeza de que era realmente o seu nome, se aproximou e eu me encolhi, amedrontada. Ele apenas soltou as algemas que prendiam meu pulso e se sentou em uma poltrona, pegando uma pasta e lendo algo nos papéis que estavam ali.
Ainda abalada, me levantei, decidindo tomar um banho primeiro. Peguei uma roupa na mala, junto aos ítens de higiene pessoal e entrei no banheiro. Estava prestes a girar a chave, quando o ouvi dizer:
— Porta destrancada.
Bufei, frustrada, porque tinha uma janela pequena ao lado da pia e eu tenho plena certeza que, com um pouco de esforço, conseguiria passar por lá. Olhando para porta de dois em dois segundos, me livrei do pijama que vestia e entrei no chuveiro, agradecendo pela água estar quente. Esfreguei meu corpo o mais rápido que podia, querendo me vestir e sair daqui.
Um barulho na porta do quarto me fez parar, querendo ouvir com atenção o que estava acontecendo. O barulho se repetiu, desta vez mais forte, seguido de um baque alto no chão.
O som do tiro fez eu me abaixar e cobrir o rosto. Se repetiu várias vezes, até que só restou o silêncio. Fiquei ali, sentada, tremendo dos pés à cabeça. Quando a porta do banheiro se abriu e a cortina da banheira foi afastada, soltei um grito, abraçando o meu corpo.
— Se veste. Rápido. — Shawn fechou o chuveiro e jogou minha roupa em cima de mim, pegando uma parte do que estava no cômodo, jogando numa bolsa com pressa.
Quando ele saiu, me vesti, apenas um short e uma blusa, e saí. Arregalei os olhos, cobrindo a boca com a mão quando vi dois corpos do chão, uma poça de sangue saindo da cabeça deles.
— Você... Matou eles... — sussurrei, em choque.
Shawn pegou minha mala com uma mão e segurou a minha com outra, me puxando para o corredor da pousada. Ainda sem conseguir esboçar reação, o segui, entrando no carro e esperando ele dar partida.
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In The Dark
RomanceQuanto custa a sua vida? A minha valia vinte milhões de dólares. E agora, eu estava fugindo, com a pessoa que deveria ter me matado, esperando o momento em que ele iria concretizar seu objetivo. A pessoas se escondem atrás de peles falsas, que se ra...