Capítulo 13

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— Eu acho que ele vai morrer. — sussurrei para o animal ao meu lado, que encarava o lado fora pela janela. 

O homem continuava no mesmo lugar que Shawn o há dois dias atrás. Ele estava acordado, olhava ao redor, mas estava fraco e, apesar de usar roupas de frio, não tinha nada que protegesse o rosto. Provavelmente já estava com os lábios rachados, pupila seca e o nariz cortado.

— Seu dono é maluco. — Continuei. — Eu não o vi levar sequer um copo de água...

— Levei hoje de manhã enquanto você  dormia porque é  preguiçosa demais para levantar cedo.

Olhei para trás, vendo que Shawn se encontrava desperto, as duas mãos apoiadas atrás da cabeça e o lençol cobrindo parte do corpo desnudo.

— Achei que você estivesse dormindo.

— E resolveu falar mal de mim pro meu próprio cachorro? — Ergueu as sobrancelhas.

— Eu não estava... — Ia me defender, mas desisti, sabendo que era tudo parte da sua provocação. — Você realmente vai deixar ele ali? — Indiquei a janela com a cabeça.

— Vou. — respondeu com simplicidade.

Engatinhei pela cama, até ficar de frente para Shawn.

— Ele vai morrer se continuar ali.

— Não. Não vai. 

— Como você tem tanta certeza? — indaguei, sentando-me. Monstro logo se acomodou nas minhas pernas, atraindo o olhar do seu dono.

— Você está transformando meu cachorro em um gatinho carente. — disse, observando o animal fechar os olhos quando acariciei sua barriga.

— Coisas grandes também podem ser sensíveis.

— Ele arranca a garganta da pessoas. — lembrou.

Dei de ombros.

— Todo mundo comete erros. — falei, coçando a parte de baixo do queixo do animal, que se esticou, balançando o rabo. Shawn balançou a cabeça em negação, desaprovando o comportamento do seu animal.

Talvez sentindo os ciúmes do dono, ele se esticou, até que estivesse deitado em cima de nós dois. Shawn também o acariciou, olhando-o com um carinho que eu sabia que só era direcionado ao cachorro.

— Você ainda não respondeu minha pergunta. 

Shawn suspirou, me olhando como se eu fosse a pessoa mais chata com quem ele foi obrigado a conviver. Ergui as sobrancelhas, esperando.

— Ele provavelmente já passou por coisas piores. Ele tem treinamento, Camila, não é alguns dias no frio que vai matá-lo.

Assenti, me preparando para fazer a pergunta que estava em minha mente desde que ele havia chegado com esse cara.

— Vai... Torturar ele?

— Não. — respondeu. Foi como se um peso tivesse sidi tirado dos meus ombros. Não conseguiria lidar com uma pessoa, mesmo que ruim, sendo torturada à poucos metros de distância de mim. — Eu não faço isso.

— Por que não quer?

— Porque eu não gosto.

Franzi as sobrancelhas. Não gosta de quê? De ferir pessoas? Ele não gostava do que fazia? Então por qual razão o fazia?

— Aquele apartamento em Toronto era realmente seu? 

Shawn bufou, revirando os olhos e jogando a cabeça para trás.

— Você ativou o "modo perguntas" hoje? — perguntou, parecendo entediado. Fechei a cara.

Nunca o havia visto tão relaxado assim. Acho que eu deveria fazer oral mais vezes.

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