Blood Color | Kim Taehyung

Capítulo Nove - Ao destinatário

1 MÊS PARA O SUICÍDIO DE TAEHYUNG

Quando você vivencia muitas situações ruins na vida, a paz não prevalece muito em seu espírito mesmo que esteja em momentos de suave tranquilidade. Para pessoas com muitas cicatrizes, tempo para si mesmo é espaço para gatilhos e não de amor próprio. As noites são tenebrosas, a vida é injustamente imparcial para elas e Deus... pode ser que ele não seja tão bom e é por isso que elas o adoram: por medo de tudo piorar.

A vida, para alguns, pode ser divertida, solitária, triste e/ou curta. Em algumas histórias o vilão é alguém próximo, em outras, é a própria pessoa, em ademais, é a natureza ou uma divindade. Há várias personas que representam vilões, mas e quando temos mais que um presente em nossas vidas? E se tivéssemos mais de dois ou três vilões para ter que combater constantemente, será que aguentaríamos? Será que sobreviveríamos? E se os vilões ganhassem, o que aconteceria?

Taehyung sempre lutou pelo o que amava, independente do que aquilo lhe custava. Mas ele nunca imaginou que essa persistência poderia torná-lo, no fim das contas, um fardo para quem o amava. Um "empecilho" - seu pensamento sussurrava.

Ah, pensamentos. Eles estavam quase o matando, sempre o acompanhavam quando estava sozinho. Sua mente era um perigo para si mesmo, Tae percebeu. Ele sempre teve um problema referente a si mesmo, ele jamais se amou e, quando fazia algo para si mesmo, o seu subconsciente o classificava como egoísta. Foi assim com Evelyn e estava sendo assim com Sophia e Jungkook.

Ficar sozinho é bom? Talvez ele devesse tentar. Estar de encontro a si mesmo por muito tempo não o faria bem, ainda mais se o hábito se tornasse rotineiro. Porém, seria um mal que ele causaria apenas para si próprio.

- Você pode dormir no quarto. - Falou para Kim Namjoon que ainda não sabia onde ficar após vestir as roupas do amigo para dormir. - Olha, eu já dormi em lugares piores, consigo dormir em um sofá da década de 80.

- É da década de 90! - Tae retrucou bufando. - Mesmo assim. Eu gosto de dormir aqui algumas noites, então pode ficar no meu quarto.

- Por que está sendo tão gentil? - Namjoon indagou o estranhando.

- Eu deveria agir de outra forma com meu amigo?

- Você sabe para o que eu estou aqui, não sabe? Porque me aceitou aqui e por que está me deixando dormir na sua cama? - Namjoon perguntou confuso. - Não se apaixonou por mim, né? - Namjoon salientou e Tae revirou os olhos voltando a forrar o sofá com um lençol.

- Não gosto de ficar sozinho. - Confessou mesmo que baixo e Namjoon nada respondeu pelo fato de compreendê-lo.

- Aish, você sabe o que fazer quando fica muito sentimental, né? - Namjoon falou fazendo Tae o olhar confuso.

- O que eu deveria fazer? - Perguntou.

- Dormir. - Tae bufou.

- Esperava mais, não sei o porquê. - Taehyung falou expressando a sua decepção.

- Estou falando sério. - Namjoon se defendeu entre uma risada. - Na manhã do dia seguinte as coisas tendem a ficar melhores.

- Tem lido livros de autoajuda? - Tae o questionou pegando Namjoon de surpresa.

- Não! - Respondeu rápido.

- Então porque está fingindo que tem inteligência emocional?

- Eu tenho, oras. - Deu de ombros.

- Se tivesse não seria um assassino. - Tae falou e o silêncio se estendeu por todo o cômodo e até Bruce aparentou não ter aprovado o que Taehyung falou. - Olha...