Nessas páginas, vou contar a trajetória de Kartek. Seu nome permanece oculto pelos livros de história e ninguém, fora alguns eruditos, o conhece. Porém, sinto que esse príncipe, que viveu eras atrás, tem muito a nos ensinar.
Por muitos anos, busquei, entre os meus arquivos, algo que pudesse iluminar sua biografia. Hoje, finalmente, depois de muito pesquisar, consegui descobrir alguma coisa esparsa sobre esse homem. Contudo, sei que podem haver falhas na minha escrita, pois, como toda boa cientista, não tenho todas as respostas.
Capítulo 1 – O príncipe
Kartek, sentado em seu trono de madeira, olhava para o teto, um pouco desamparado. Naquela tarde, depois de suas aulas de etiqueta terem sido suspensas, tinha o dia todo livre. Podia simplesmente caminhar pelo palácio, enquanto os seus súditos lhe serviriam licor e nozes – se ele, claro, quisesse.
Andando em círculos, o príncipe demonstrava um certo desconforto com a força de seus passos. Assim, observando o ouro e o cobre de sua morada, Kartek procurava algo para fazer. Estava completamente sozinho. Seu pai há muito saíra de viagem, e sua mãe dificilmente tinha tempo para lhe dar atenção. E, justamente por isso, Kartek distraía-se nos próprios pensamentos. Porém, de repente, logo foi interrompido por Marvik, seu mordomo de maior confiança.
– Príncipe, está na hora de jantar. Hoje fizemos sua comida preferida.
Em dois minutos, ofereceu a Kartek um pouco de carne de alce com leguminosas, a qual o garoto, sem entusiasmo algum, devorou em dois minutos. Em seguida, o príncipe deitou-se na cama e dormiu como uma pedra.
No dia seguinte, Kartek acordou um pouco mais animado. Mesmo sem saber exatamente o que causara essa mudança repentina de humor, lavou o rosto e, dessa vez, decidiu passar por outros aposentos do palácio. Logo, vestiu sua capa de couro e foi dar uma volta.
Permaneceu com os olhos vidrados no chão, sequer cumprimentando os súditos que encontrara pelo caminho. Porém, por algum motivo, algo lhe chamou a atenção quando observara a sala de jantar, que, em dias normais, costumava estar sempre vazia. Dificilmente alguém a abria, exceto em casos de festa.
Dessa vez, porém, Kartek pôde ver, ali, uma pessoa estranha que não conhecia. Chegando mais perto, deparou-se com uma mulher de cabelos escuros, pele negra e – o coração do príncipe quase saiu pela boca – um único olho. Vestia, da cabeça aos pés, uma armadura, aparentemente de ferro, que parecia pesar várias toneladas.
O príncipe entrou no aposento, enquanto Marvik, como um bom mordomo, apareceu e lhe disse.
– Príncipe, você tem uma visita.
Kartek, um pouco apreensivo, sentou-se à mesa, pronto para conversar com a estranha visitante.
– Você deve ser Kartek, certo? Ouvi falar muito bem de você.
– Quem é você?
– Já vou me apresentar, mas antes preciso te dizer algo importante: sua vida corre perigo.
Do que ela estava falando? Só podia ser alguma brincadeira.
– Moça, acho que você me confundiu com a pessoa errada.
– Não, Kartek. Sei muito bem quem você é. Te conheço melhor do que imagina. E te digo algo muito importante: se deseja viver, precisa sair desse palácio agora mesmo.
– Do que você está falando?
– Estão em busca da sua cabeça. Eu vim apenas te enviar essa mensagem. Me considere como uma amiga. A propósito, meu nome é Aalis.
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Contos fantásticos
Short StoryExperimente nessas páginas histórias que não passam no mundo real. A maioria delas passam em uma época distante da nossa, embora não seja especificado quando. Aqui você encontrará todo tipo de ser mágico, bem como várias sociedades ficcionais. Seja...