Foi no dia 29 de fevereiro de uma quarta feira que tudo começou a mudar. Tom levantou-se como sempre fazia e, como em qualquer manhã normal, saiu de casa para ganhar a vida. Desempregado há cinco meses, vivia de bicos – quando os conseguia.
Despediu-se de Pluto, seu cachorro, e colocou as botas para iniciar mais uma jornada de trabalho. Aparentemente, seria um dia como qualquer outro – ou assim ele pensava. Ainda assim, antes de sair, um pouco melancólico, Tom parou para olhar a fotografia de Ana, sua esposa. Não restavam nada além de memórias. Esses tempos eram coisa de outra vida.
Naquela manhã, estava frio. Não chegava a nevar – é claro –, mas Tom se encolheu diante do vento gélido que lhe cortava os ombros. Assim, com um ar ranzinza, pegou o metrô e partiu para o centro da cidade.
Tom sentou-se no banco do vagão e ficava observando as pessoas. Sentindo-se desamparado, esperava, de alguma forma, ser notado, mas isso não acontecia. Ouvia as conversas de pessoas ao seu redor e tentava ouvi-las, mas seus pensamentos estavam perdidos em algum lugar fora da Terra.
Quando desceu do metrô, Tom, ao passar por perto de uma banca, passou os olhos em uma manchete que dizia: 'o Homem Invisível ataca novamente.' Porém, sem prestar muita atenção, continuou sua trajetória. Naquele dia – ele esperava – poderia tentar uma vaga em um restaurante perto de sua casa.
Quando chegou ao restaurante de comida árabe, aproximou-se do caixa e perguntou-lhe se estavam abrindo vagas. Quase sem abrir a boca, disseram-lhe que não, fazendo-lhe um sinal com a mão para ir embora. Mesmo assim, enquanto saía, ouviu baixinho alguém mencionar a mesma coisa que lera no jornal da banca.
– Esse tal desse Homem Invisível está sempre se metendo em confusões. – comentou uma mulher.
– Dizem que ele não é humano. – respondeu outro homem.
– Mas se ninguém o vê, como sabem que existe?
– O fato de não vermos não significa que não exista. Veja Deus, por exemplo. Veja os alienígenas. Esse sujeito deixa rastros.
Que história era essa? Porém, antes que pudesse se preocupar com essas questões, Tom precisava continuar a sua incessante busca por trabalho. Assim, deixou para trás o restaurante e se pôs a buscar outras vagas de emprego.
No caminho, observou, em uma loja, um corpo franzino como um esqueleto: tratava-se de um espelho.
À noite, Tom voltou para casa de mãos abanando. Porém, com a intenção de esquecer seus problemas, acariciou Pluto, que, animado, saltou diante do dono, como se nada tivesse acontecido. Em seguida, Tom retribuiu suas carícias e segurou o cachorro no colo.
Ligou a televisão e, tentando esquecer de seus problemas, foi ouvir o jornal das oito da noite. Assim, depois das notícias rotineiras de sempre, algo chamou-lhe a atenção: uma notícia sobre o Homem Invisível.
Recentemente, a cidade de Brasília foi afetada pelo estranho Homem Invisível. Sua identidade permanece desconhecida, e até mesmo especialistas de diversos campos da ciência sequer conseguem ter ideia sobre a identidade desse homem. Porém, já faz algumas semanas que esse estranho personagem tem atormentado a vida de muitos moradores da região.
Vemos, por exemplo, o caso de Maria de Lurdes, habitante de Ceilândia, que conta que, na quinta feira passada, foi duramente afetada por esse homem. Segundo ela, o Homem Invisível sequestrou seu filho por alguns dias e logo o devolveu.
Temos também o caso de José Antônio, morador da Asa Norte, que conta que seu carro foi vandalizado pelo Homem Invisível.
Até agora, ninguém conhece seu rosto nem sua voz, mas uma coisa é certa: esse sujeito cria confusões aonde quer que vá.
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Contos fantásticos
NouvellesExperimente nessas páginas histórias que não passam no mundo real. A maioria delas passam em uma época distante da nossa, embora não seja especificado quando. Aqui você encontrará todo tipo de ser mágico, bem como várias sociedades ficcionais. Seja...