Capítulo 10

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O Paraíso ficava em um beco da cidade, mas não era um beco comum, era algum tipo de garagem privada, se descia até o porão e lá sim, era o tal do paraíso

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O Paraíso ficava em um beco da cidade, mas não era um beco comum, era algum tipo de garagem privada, se descia até o porão e lá sim, era o tal do paraíso.

O local era um tipo de cômodo enorme, com televisão moderna, sofás e poltronas espalhados, mesas de jogos, geladeira, computador, as luzes coloridas piscavam. Havia desenhos nas paredes, tudo tão organizado e desorganizado ao mesmo tempo.

Emma estava sentada em uma mesa de sinuca, bebendo. David não parecia contente com isso, mas a loira não parecia que ia mudar de idéia e parar. Martin estava conversando com Clara que estava se divertindo e jogando dados em um alvo.

Henrique estava encostado na parede tomando um copo de Whisky. Seu olhar caiu sobre mim diversas vezes, e ele parecia não saber o que dizer.

Minha mente vagou em momentos atrás quando estávamos na praça. Seus lábios nos meus. De eu sair correndo dali.

— Elize! Espera.. — ele pediu e eu desviei o olhar de seu rosto para a areia embaixo do meu tênis.

—  Quer pedir para eu fingir que isso não aconteceu? — indaguei e ele suspirou fundo — Só vamos esquecer isso.

— Não quero esquecer — ele sussurrou e soltou meu braço.

—  Por que? Henrique, nós conhecemos não faz nem uma semana. O que você quer? — perguntei, seus olhos estavam calmos.

— Se não nos conhecemos, podemos nos conhecer. — ele respondeu.

— Não, não podemos. Não dessa forma. Você acabou de terminar um relacionamento. Isso é loucura. — respondi e voltei a andar.

— Não consigo tirar você da cabeça. — ele confessou e eu parei de andar.

— Não fale essas coisas, não diga mentiras. — Eu disse ainda sem coragem de me virar e encarar ele.

— Não é uma mentira — ele afirmou.

Eu estava tensa, aquilo não podia ser verdade. Eu também não conseguia tirar ele da cabeça, mas não assim. Isso só podia ser uma ilusão, uma mentira silenciosa da minha mente, uma peça perdida de algum quebra cabeça que não valia a pena montar.

Comecei a andar novamente, e saí dali andando, Henrique subiu na moto e veio atrás de mim, parando ao meu lado, entendeu o capacete e eu suspirei pesado, pegando e o colocando.

Desde então, não troquei mais nenhuma palavra com o mesmo.

— Elize!! Vem jogar! — Clara me chamou e eu sorri negando com a cabeça — Por que?

— Não gosto muito — dei de ombros e ela veio até mim, quase me empurrando para ir até onde Martin estava, ele me entregou alguns dados e Clara ria se divertindo.

Acabei rindo junto, mas ainda sentia o olhar de Henrique sobre mim. Tentei o primeiro dado e errei, ele bateu na parede e caiu. Tentei o segundo e acertei dessa vez, mas não foi no meio, foi na beirada. Tentei o terceiro e desviei o olhar para Henrique antes, ele sorriu e estendeu o copo como se dissesse "um brinde", foquei no alvo e joguei o dado imaginando que era Henrique ali. Ele começou a rir como se soubesse o que eu estava pensando.

Mentira SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora