Capítulo 23

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- Minha casa?- pergunta curioso.

-Não, vou te dar só mais uma chance- digo risonha.

-Praia?- pergunta me avaliando.

-Não! Você realmente não vai adivinhar, mas como sou boa, vou revelar, eu e o senhor iremos ao Cristo redentor- a verdade é que até então eu não sabia se o Henry é um homem de fé, pouquíssimo ele fala de Deus e expressa gratidão, sinto que as mágoas que ele guarda sucumbem esse sentimento.

-Não esperava por essa- disse um pouco chocado- mas sei que ao seu lado qualquer lugar do mundo vira paraíso- amigas e amigos virei uma manteiga derretida nesse exato momento, ô homem para me deixar sem graça!

-Então, vamos logo!- disse assim que a porta do elevador se abriu.

-Mas e o seu serviço bela? Isso não vai te prejudicar?- fala preocupado.

- Bom talvez, mas hoje você precisa mais de mim que eles, então bora rolezar nesse paraíso- digo animadíssima.

-O que é "rolezar"?- disse segurando o riso.

-Passear, sair e curtir, tudo dentro de um mesmo pacote- falo me sentindo a dona da língua portuguesa.

-Entendi, então vamos rolezar minha princesa- e eu só queria cantar para ele "Do jeito que você me olha/Vai dar namoro!", alguém me acorda para eu deixar de ser tão emocionada.

Saímos da empresa no carro de Henry, paramos no sinal e visualizei uma cena que partiu meu coração em mil pedaços, uma família catando lixo e as crianças dizendo que estavam com fome e a mãe ficou com o olhar triste, os 30 segundos foram capaz de mudar o nosso percurso, me virei para o Henry.

-Henry posso te fazer uma pergunta?- disse chamando sua atenção.

-Sim!

-Você seria capaz de fazer uma boa ação por mim?- ele se virou em minha direção curioso.

-Preciso que dê meia volta primeiramente para aquela praça que estávamos- sinalizou positivo e avisou aos seguranças.

- Por quê?- disse curioso.

-Henry acabei de ver o retrato da pobreza, me dói saber que tem gente com muito e outras pessoas com tão pouco, não sei se viu mas tem uma família naquela praça catando lixo, mas o problema maior não é esse o problema é ver uma criança gritar de fome e foi o que eu vi, então por mim pague um almoço para eles eu prometo te pagar esse valor depois- ele se silenciou e foi em direção a praça novamente, quando parou o carro soltou o sinto e se virou em minha direção e disse:

-Tenho aprendido a gostar de você cada dia mais, porque o seu coração é bom, gentil e humilde, sua beleza é de alma ela reluz, você é luz minha bela e eu espero que ninguém nunca te impeça de brilhar- me deu um beijo na testa, me deixando sem palavras, e desceu do carro e logo abriu a porta para mim, peguei em sua mão e fomos em direção da mãe com quatro crianças e um bebê.

-Bom dia!- disse Henry cordialmente, mas acho que eles se assustaram.

-Senhor eu só estou mexendo no lixo, não estamos fazendo nada de errado- fala a mulher assustada e na defensiva, com certeza já sofreu muito na vida.

-Não! Não estamos aqui por isso! Queremos te ajudar, eu sou a Julie e esse é o Henry-disse sorrindo para eles.

-Ajudar?- fala chocada.

- Desculpe, mas escutei um dos pequenos falando que está com fome, perdão pela invasão- os olhos dela se encheram de lágrimas e ela abaixou a cabeça, as crianças me olhavam com o olhar de esperança.

-Posso pagar um almoço para vocês?- perguntou o Henry a encarando.

-SIM!- gritou alegre um dos pequenos e mais uma vez o meu coração se partiu, a quanto tempo essa criança está com fome senhor Jesus? É o único pensamento que consigo ter.

-Matheus!- disse sem graça- Me desculpem! -fala ainda cabisbaixa.

-Só aceito as desculpas se aceitar o almoço, dona?- digo sorrindo.

-Ruth, está bem- quando ela concorda sorrio animada e abraço Henry de lado.

- Então vamos!- Henry faz sinal para os seguranças e eles vão em direção a uma cantina de comida caseira que havia na praça e para minha total alegria era comida mineira, brotou no peito até uma saudade de casa.

A senhora Margarida dona da cantina foi tão gentil, nós tratou e os tratou com tanto respeito e amor, amo pessoas assim, nos assentamos mesmo Ruth ainda envergonhada.

-Ruth eu vou me apresentar para você direito e quero que você também conte um pouco sobre você, bom eu sou a Julie Santoro venho de uma família humilde trabalhadeira, cheia de mulheres fortes como você, sou estudante de psicologia, moro em Minas Gerais e sou apaixonada por minha terra, tenho um irmão e estou a passeio no Rio e acabei conhecendo esse cara especial aqui- falo e sorrio para o Henry.

- Eu sou a Ruth dona Julie, e esses são Matheus de seis anos- disse apresentando o espoleta- essa é a Soraya minha primogênita tem doze anos- aponta para menina que segurava o bebê- esse no colo dela é o Martim, assim como o pai- e ali eu vi um olhar triste, será que ele faleceu?- essa é Anita e esse é o Cássio são gêmeos de três anos- fala e os abraça.

-Ruth não querendo ser indiscreta ou invasiva mas como veio a parar na rua, catando lixo? Não que esse não seja um trabalho justo, porque é muito justo, além de ser um trabalho árduo- disse a olhando curiosa e ao mesmo tempo compreensiva com toda a situação.

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Desculpem pela demora meus amores! Mas espero que tenham gostado do capítulo! Amo vocês, até domingo! Beijos de luz!

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2021 ⏰

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Julie Santoro Onde histórias criam vida. Descubra agora