Capítulo 3

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Assim que corri na sua direção ela pulou, consegui segurar seu braço por pouco, ela ficou dependurada com os olhos arregalados. Cheryl não esperava que eu a apanhasse.

Seu rosto estava vermelho e banhado em lágrimas, seus olhos verdes estavam opacos, ela tinha desistido. Eu sabia que senão conseguisse puxá-la rápido ela morreria, meu braço doía.

Mesmo com treinamento diário seu peso estava muito para mim, fiz um esforço imenso para segurá-la com uma mão, estiquei a outra rapidamente na sua direção.

_ Segura minha mão ! Ela fechou os olhos e abaixou a cabeça. _ Segura minha mão ! Meu desespero era grande, ela começava a escorregar por meus dedos. Voltei a segurá-la com as duas mãos, nessa altura estavam bastante suadas e escorregadias. _ Ei, ei, olhe para mim, droga. Não podia deixá-la ir. _ Olhe para mim ! Me ouça ! Ei ! Que merda, Cheryl. Me escuta. Olha para mim. Seus olhos continuavam fechados e as lágrimas desciam livres por sua bochecha. _ Eu te vejo. Disse fraco. _ Eu te vejo. Repeti dessa vez mais firme. Ela finalmente abriu seus olhos e me fitou. _ Eu te vejo. Repeti para ela ter certeza do que eu falava, o desespero com certeza era visível nos meus olhos.

Cheryl olhou para baixo, fungou e finalmente esticou a outra mão na minha direção. Imediatamente a peguei e com sua ajuda a puxei de volta a varanda.

Caímos no chão, meu corpo ficou em cima do seu, pois ela me abraçava forte. Pela primeira vez no que pareceram horas consegui respirar. Me agachei e a coloquei sentada.

Me afastei um pouco e fitei seus olhos, agora eles não estavam mais apagados, mas continuavam triste e desesperados. Ela clamava por ajuda, era visível. Nossa respiração permanecia ofegante ela ainda abraçava meus ombros. O medo e a tensão tinham se dispersado um pouco, ficamos nos encarando. Eu nunca tinha visto olhos iguais aqueles, senti um descompasso no meu coração. Fomos tiradas do nosso pequeno transe pela voz preocupada da sua mãe.

_ Cheryl? Cheryl, vem cá. Vem. Agachou e fez um carinho nos seus cabelos tentando tirá-la dos meus braços. _ Vamos, amorzinho, vamos entrar. O olhar entre eu e Cheryl era bem intenso, não conseguíamos desviar, acho que ela está em choque. _ Vamos. Levantou e puxou o corpo imóvel da filha de perto de mim fazendo-a desfazer nosso abraço. _ Vamos entrar. Agora de pé Cheryl caminhou para dentro do quarto com ajuda da sua mãe sem tirar seus olhos verdes assustados de mim, nos encaramos até ela sair da minha vista.

-*-

Passaram-se alguns minutos, sua mãe tomou algumas providências. Ligou para o meu comandante, chamou a equipe de Cheryl para arrumá-la e não deixou eu me aproximar dela outra vez e nem ter contato visual.

Eu só queria saber como ela estava e porque não a levaram para um hospital ainda, invés disso estão correndo de um lado para o outro arrumando roupas, calçados e seu cabelo. Ninguém parece se preocupar que em menos de uma hora ela quase morreu na sacada desse mesmo quarto.

Acho que Cheryl está trancada no banheiro, enquanto isso sua mãe está tendo uma conversa sigilosa com meu pai e não é por acaso, ele é meu capitão.

-*-

_ Cuidar dessas celebridades era para ser um emprego fácil. Ele disse quando chegou até a varanda, onde eu estava no momento. _ Primeira vez também, certo? Confirmei com a cabeça.

_ Betty pediu para cobrir para ela. Aniversário de casamento. Dei de ombros e continuei. _ Você acha que posso falar com ela? A mãe dela está bloqueando ...

_ Espera aí. Me interrompeu. _ Você deu uma olhada nisso ? Apontou para um corte no meu braço, devo ter machucado na sacada.

_ Estou bem, pai. Dei um meio sorriso, sabia que ele estava esquivando da minha pergunta. _ Só preciso ver ela, sabe ? Ver se está bem. Disse firme e o encarei.

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