Capítulo 18

412 51 8
                                    

POV Cheryl

Acordei depois da nossa pequena maratona de sexo e fiquei observando Teetee dormindo, ela tinha marcas vermelhas das minhas unhas nas suas costas e parecia tão tranquila e feliz.

Levantei com cuidado e vesti sua camisa, chamei Thor e fui sentar na varanda, ele deitou ao meu lado. Fiquei pensando, não tem nem três dias que estamos aqui e pela primeira vez em muitos anos eu sou a Cheryl real.

Não tem ninguém me moldando dizendo como me comportar. Me dizendo o que vestir ou o que comer. Eu sou eu, e Toni consegue me amar desse jeito.

Viver da música foi o que eu sempre sonhei, batalhei minha vida inteira para isso acontecer, eu tinha um contrato milionário, lançaria meu primeiro cd que era super aguardado, uma base de fãs e de uma hora para outra não tenho mais nada. Perdi minha última chance. Quando retornarmos para Los Angeles eu serei uma desempregada com dois escândalos em um curto período.

Não sei que rumo tomar quando voltarmos, se eu vou conseguir me reerguer. Sinto braços fortes circulando minha cintura e me aconchego no peito da Teetee, ficamos em silêncio contemplando o pôr do sol. Acho que se ela estiver comigo eu consigo. Estava tão perdida em pensamentos que não vi o tempo passar.

_ O que tanto pensa? Perguntou baixinho no meu ouvido.

_ Em como minha vida mudou. Fiz uma longa pausa e brinquei com seus dedos antes de completar. _ Quando eu voltar nada será igual.

_ E isso é ruim ?

_ Não ... eu só ...

_ Vai ficar tudo bem. Disse com a voz suave e beijou minha têmpora.

-*-

Por milagre acordei antes. Estava na hora de me mostrar completamente, peguei o canivete na mochila da Toni e fui para o banheiro. Abaixei minha cabeça para ter a visão melhor do meu couro cabeludo e conseguir puxar a ponta dos apliques.

Depois de muito trabalho eu já não tinha mais um cabelo comprido, volumoso e nem minhas mechas roxas. Meu cabelo agora estava preto, liso arrepiado e batia na altura dos meus ombros.

Aproveitei e limpei a maquiagem que permanecia em mim desde que tomei banho no sábado à noite, se é que poderia ser chamada assim após ficar mais de três dias no meu rosto.

Não me julguem, na minha cabeça se eu a retirasse seria igual tirar a última parte de uma armadura. Minha armadura ... ri pois não consigo mantê-la com a Teetee. Eu ficaria exposta mais uma vez para a pessoa mais importante que apareceu na minha vida. Isso era aterrorizante.

Seria a primeira vez que Toni me veria natural, e eu estaria mentido se dissesse que não estou com certo receio. Saí meio relutante do banheiro, Teetee estava sentada na ponta da cama olhando para baixo, procurando o chinelo.

Quando percebeu minha presença, seus olhos adquiriram uma expressão de surpresa e o medo da rejeição cresceu em mim. Comecei a brincar com a barra da camisa que eu vestia.

Toni se aproximou cautelosamente e parou na minha frente, analisou minuciosamente cada detalhe do meu rosto, ela sorriu pra mim e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha.

Retribuí seu sorriso, ela pegou meu rosto entre as mãos e me deu um selinho de forma suave, com muito carinho. Permaneci com os olhos fechados. Ela distribuiu selinhos por todo meu rosto, por fim beijou meus cabelos. Eu sorria igual uma idiota e a abracei me aconchegando no calor do seu corpo. Definitivamente eu poderia me acostumar com essa vida.

Dias depois

POV Toni

_ Então ... como anda sua campanha? Cheryl perguntou, estávamos deitadas na rede. _ Você pode ficar afastada por muito tempo?

_ Não sei. Eu precisava do apoio do pastor Marks ... não sei se vou conseguir.

_ Por que?

_ Ahm ... eu prometi que o surpreenderia com minhas ações e acabei me envolvendo em uma briga em rede nacional ... ele não prega violência... Dei de ombros.

_ Minha culpa. Sussurrou.

_ NÃO! Gritei. _ Desculpa pelo grito. Não é sua culpa, não me arrependo de ter te defendido, faria de novo e quantas vezes fossem necessárias. Cheryl levantou sua cabeça do meu peito e me deu um selinho.

_ Obrigada. Falou com um brilho nos seus olhos verdes. A verdade é que eu sempre quis fazer a diferença na minha comunidade, a única maneira que pensei ser possível era entrando para política.

Meu pai me apoiou desde o início a entrar nessa área, para ele meu pensamento era muito nobre e nunca o vi tão orgulhoso. Trabalhamos boa parte da minha vida no meu preparo e finalmente eu tinha uma chance.

Mas a verdade é que agora eu não me importo em ser eleita, lógico que ainda quero ajudar meus semelhantes mas, eu posso achar outra maneira de fazer isso. Não quero que Cheryl pense que por sua culpa não vou conseguir, quando meu único objetivo é colocar o brilho de felicidade de volta nos seus olhos de quando ela falava sobre suas músicas.

Uma semana depois

_ Vamos dançar? Era noite e tínhamos passado o dia inteiro deitadas no quarto. Nosso hábito desde que chegamos aqui.

_ Eu queria muito mas não tenho roupas para sair. Retrucou um pouco triste.

_ Quem falou que precisamos sair. Liguei a televisão e coloquei no canal de música. Em instantes uma batida latina preencheu o cômodo.

Fiquei em pé em cima da cama. Estiquei minha mão na direção de Cheryl e ela prontamente pegou. Quando ela estava em cima da cama, eu enlacei sua cintura e comecei a guiar nossos corpos no ritmo.

Ela gargalhava e eu sabia que ela estava feliz mas ainda não era o nível de felicidade que eu queria. Tinha que fazê-la sair desse quarto, Cheryl estava insegura com sua nova aparência e postura. Para mim ela só estava mais linda mas, não adiantava nada eu achar isso se ela mesma não se sentia assim ainda.

-*-

Eu estava meio sonolenta mas, comecei a sentir uma coisa fina passando pelas minhas costas. Tentei virar para ver o que era porém, a mão de Cheryl no meu ombro me impediu.

_ Não se mexa vai atrapalhar. Falou suave.

_ Atrapalhar o que? Perguntei com a voz rouca por ter acabado de acordar.

_ Meu desenho.

_ Você está desenhando nas minhas costas? Perguntei incrédula.

_ Sim. Me deu vontade e não tinha papel. Disse divertida. Girei meu corpo e realmente ela tinha uma caneta em mãos.

_ Não acredito nisso. Ela começou a rir. Pegou meu celular e me pediu para voltar a posição de bruços, tirou uma foto.

_ Viu está bonito. Me mostrou a tela. Tinha algumas flores, corações desenhados. Vi também um carro e um microfone não estavam feios mas me renderia um bom banho.

_ Ainda bem que se divertiu literalmente nas minhas costas porque, agora é minha vez. Eu um movimento rápido peguei a caneta e segurei sua mão. _ Vou fazer um desenho muito bonito em você começando por aqui. Comecei a escrever na sua mão, enquanto ela se debatia e ria.

_ Para Teetee, não faço outra vez. Fingi que não escutei e continuei meu desenho. Eu não sabia fazer nada, então fiz carinhas nas pontas dos seus dedos lhe dei um selinho antes de soltar sua mão. _ Até que ficou bem fofo. Rimos juntas.

_ Me chame de Michelangelo. Falei convencida e ela revirou os olhos. _ Cher, vamos sair agora ? Perguntei meio apreensiva, faria três semanas que estamos no México, mas Cheryl estava com medo de ser reconhecida, eu tentei todos os dias fazê-la sair do quarto mas o máximo que íamos era até a praia. Acabou que eu liguei para o comandante e pedi para adiantar minhas férias.

_ Sim.

_ Sim ?! Retruquei.

_ Sim, já está na hora eu posso lidar com as pessoas. Sorri e lhe beijei, antes que esse beijo levasse a outro caminho eu o encerrei e a carreguei até o banheiro ouvindo sua risada.

EstrelatoOnde histórias criam vida. Descubra agora