Estrelato

Capítulo 15

POV Toni

Eu não queria perder a razão, mas aquele cara passou dos limites. Ele desrespeitou Cheryl em rede nacional, tive que deixar meus princípios de lado para defendê-la.

Fui levada para uma sala pra espairecer, Cheryl foi com sua mãe de volta ao camarim. A polícia foi chamada para registrar a ocorrência, meu pai veio junto e me tirou da pequena sala. Encostei na parede do corredor que nos encontrávamos para respirar.

_ Então é uma bandida agora. Está se achando a fodona porque está pegando uma superstar.

_ Eu estava defendendo-a. Murmurei sem olhá-lo.

_ Você começou a briga. Isso não é auto-defesa.

_ Não disse que foi auto-defesa. Me controlava para não gritar, qual era o problema do meu pai. Ele não via que não era certo o que aquele cara fez. _ Eu disse que estava defendendo-a. Silabei para ver se ele conseguia entender.

_ Você brigou com um rapper em rede nacional. É assim que espera ganhar o respeito dos pastores? Aumentou seu tom de voz e eu conseguia sentir sua raiva. Era com meu apoio político que ele estava preocupado. _ Aquela mulherzinha mudou você ...

_ NÃO A CHAME ASSIM ! Não deixei ele completar a frase. Gritei pela primeira vez na minha vida e meu pai se assustou. Não permitiria que outra pessoa falasse mal dela. Ficamos em silêncio nos encarando por alguns segundos.

_ É sua vida Toni. Comece a se ligar antes de jogá-la fora ...

_ Por que não vai viver a sua vida? Cortei sua fala novamente, dessa vez não me exaltei, mas ainda estava irritada. _ Então não terá que cuidar da minha. Saí sem dar tempo dele responder, precisava achar Cheryl e saber como ela estava.

POV Cheryl

Choque. Era essa palavra que me definia, minha mãe me trouxe de volta ao camarim, e me xingou durante todo o percurso. Eu nem escutava o que ela falava, não tinha processado direito o que acabou de acontecer.

A única coisa que tinha certeza era que queria Toni aqui comigo, mas, não sabia onde ela estava. Minha mãe nem se preocupou com meu estado, na primeira oportunidade sacou seu celular e começou a fazer várias ligações.

_ Poderia sair como um rumor amanhã ... vamos, Liam, por favor. Massageou a têmpora e bufou. Provavelmente Liam desligou na sua cara. ( N/A: Liam é o representante da gravadora pra quem não lembra )

_ Mãe. Falei com pesar.

_ Parabéns ! Me fuzilou. _ Você é muito clichê. Apoiou a cabeça entre as mãos e negou. Eu fiquei sem saber o que dizer, então preferi o silêncio.

Escutei batidas na porta, em seguida Toni apareceu com uma cara de culpada, nem esperei nada corri na sua direção e a abracei.

_ Me leva para casa. Disse abafado contra seu pescoço.

-*-

Chegamos na minha casa e foi quase impossível entrar, vários paparazzi estavam na minha porta. Quando conseguimos corri para tomar um banho.

Tomei uns cinco banhos para lavar a sensação de sujeira que eu sentia, mas foi impossível. Saí quando Teetee bateu na porta do banheiro pela milésima vez, era possível ouvir a preocupação na sua voz. Entrei no quarto e ela estava sentada na minha cama.

_ Tudo bem? Perguntou enquanto caminhava na minha direção.

_ Sim. Respondi fraco, senti um beijo nos meus cabelos e seus braços na minha cintura.

_ Eu pedi comida, depois nós podemos ficar deitadas abraçadinhas se você quiser. Disse abafado contra meus cabelos.

_ Quero. Suspirei. E me vestir.

Minutos depois sai do quarto e comecei a procurar Toni no andar que eu estava. Cheguei na sala e dei de cara com meus pôsteres imensos decorando aquele cômodo. Eram capas de revistas que eu fiz. Várias pose sensuais e roupas curtas.

Fiquei estática por alguns segundos analisando eles. Onde eu errei? Estava tudo voltando ao eixo, porque o Machine me humilhou daquela forma? Pensei que fossemos amigos acima de tudo. Porque minha mãe me culpa? Minha ficha começou a cair, eu fiz tudo que não queria, fui quem não sou e no final não tenho nada. Me descartaram como um guardanapo sujo.

POV Toni

Cheryl estava no piloto automático, eu podia ver como ela estava abalada pelos seus olhos. Ainda não acredito que aquele babaca a humilhou em rede nacional, ninguém fez nada para impeli-lo.

Eu sei que não devia ter perdido o controle, provavelmente a prejudiquei mais ainda. Mas não aguentei controlar a raiva ao vê-lo ofendendo uma pessoa tão especial quanto minha namorada.

Escuto um estrondo no andar de cima, largo a pizza no chão e corro para as escadas. O barulho alto de vidros sendo quebrados está me assustando.

_ CHERYL! CHERYL! Grito quando vejo ela quebrando vários posters. _ Ei! Ela pegou um deles da parede e tacou no chão. _ Para! Para! Abraço seu corpo por trás tentando contê-la. _ Para! Caminho para trás e seu corpo começa a cair. Consigo colocá-la sentada no chão e ainda a abraçando por trás. Cheryl estava chorando alto e eu podia sentir toda sua dor. Ela faz alguns movimentos para eu soltá-la, colocou uma mão na testa e continuou a chorar. Levo minha mão para suas costas e faço um carinho tentando acalmá-la.

_ Eu sinto como se estivesse sufocada no meio da rua. Disse entre soluços. _ E ninguém me vê morrendo. Sua dor estava me quebrando. Abaixei meu corpo na intenção de abraçá-la mas, vi uma grande quantidade de sangue escorrendo da sua mão.

_ Deixe-me ver. Gentilmente puxei sua mão. Tinha um pequeno caco de vidro no machucado. Retirei ele com cuidado. Depois tirei minha blusa e amarrei em volta para conter o sangue. Ela continuava com a cabeça baixa e chorava. _ Eu vou cuidar de você. Dei um beijo nos seus cabelos.

-*-

_ Toni, olhe aqui ! Algum paparazzi gritou ao me ver no meu carro, eu tentava sair da casa de Cheryl. _ Onde ela está? Cadê a Cheryl?

_ Toni ! Na minha casa não foi diferente, vários paparazzi esperavam minha chegada. _ Cadê a Cheryl?

Ignorei todos e entrei. Caminhei até meu quarto e peguei um mochilão, comecei a separar algumas roupas. Camisa, regatas, bermudas, algumas calças, chinelo, cueca, sutiã, itens de higiene, meus documentos.

Eu tinha ido a um caixa eletrônico antes e retirei uma quantia em dinheiro, mas por precaução fui até meu esconderijo e apanhei o que tinha ali. Peguei a ração e Thor. Coloquei meus pertences no carro e Thor na caçamba. Resolvi ligar para Betty.

_ Betty, sou eu. Preciso de um favor.

_ Pode falar Tee. Bee estava de serviço e provavelmente não sabia da confusão.

_ Preciso que diga ao Sargento que estarei fora por uns dias. E que estou bem ...

_ Tudo bem mesmo?

_ Sim. Só preciso de uma folga. Tudo bem?

_ Ahm ... tudo bem. Fique bem.

_ Valeu.

Voltei para casa de Cheryl, me partiu o coração ao ver que ela estava do mesmo jeito que eu tinha deixado, deitada no sofá olhando um ponto fixo. Enlacei sua cintura e descemos a escada. Abri a porta traseira e a coloquei deitada no banco.

_ Fique assim para eles não te verem. Ela concordou com um aceno. Conseguimos passar pelos paparazzi, quando chegamos na rodovia eu parei e ela veio para o banco do carona, seguimos viagem.