Capítulo 19

347 48 0
                                    


Fazia muito calor. Caminhávamos de mãos dadas no meio da multidão, estávamos em uma espécie de feira. Várias pessoas de todos os lados, vendedores gritando era uma bagunça legal.

Cheryl colocou meus óculos escuro antes de sairmos do quarto, e estava agarrada no meu braço meio acuada. Certa parte do percurso, quando ela percebeu que ninguém se importava com sua presença ela retirou os óculos.

_ Prata, um colar. Linda prata para a sua linda dama, senhora. Uma senhora disse em inglês com sotaque carregado quando nos aproximamos. _ Prata bem barato, baratíssimo, senhora. Pegou um colar muito bonito. Cheryl estava encantada com as peças. Também tinha pulseiras e brincos.

_ Não, não temos dinheiro. Sussurrei no seu ouvido quando a vi pegando uma pulseira. _ Nós compramos essas roupas ... Eu tinha comprado uma saia para ela e uma blusa " Eu S2 México " por insistência sua, para mim.

_ O quê? Me dê o dinheiro. Disse rindo não acreditando no que eu disse.

_ Não, são seis refeições. Seu sorriso se fechou.

_ Por mim beleza. Retrucou.

_ Sério? Arqueei minha sobrancelha.

_ Sim.

_ Olhe seus bolsos, amor. Você está Q-U-E-B-R-A-D-A. Ela pareceu se dar conta que não tinha nenhum dinheiro. _Vamos. Falei virando para ir embora. _ O que está fazendo? Corri até ela que não tinha me seguido, invés disso permaneceu na barraca com a vendedora e retirava os brincos de diamante que usava. Retirei algumas notas emboladas do bolso na intenção de pagar.

_ Obrigada, senhorita. A senhora disse pegando os brincos e lhe entregando a pulseira. _ Não, obrigada, senhora. Recusou o dinheiro que eu tentei lhe dar.

_ Isso é sério? Falei com Cheryl e ela sorriu.

_ Isso vale mais do que os brincos.

_ Eles são falsos. Rebati incrédula e sorri com sua malandragem. Ela não disse nada só fez um movimento com a cabeça para eu ficar calada. _ O que está fazendo ? Perguntei quando ela abriu o fecho da pulseira.

_ Isso é uma medalha de mérito. Você fez por merecer. Disse séria e colocou a pulseira no meu pulso. _ Por me mostrar o dedo na noite que nos conhecemos. Por dizer " eu te amo ", mesmo que só por um segundo. Por não se importar com fama. E por estar aqui comigo, nesse momento. E pela verdade, justiça, e o jeitinho americano. Nos sorríamos uma para a outra.

_ Obrigada. Lhe dei um beijo no rosto.

_ Desculpa incomodar, mas pode bater uma foto? Um rapaz chegou sorridente e Cheryl ficou tensa mas, esboçou um sorriso forçado.

_ Claro.

_ Obrigado. Pegou o celular no bolso selecionou a câmera e entregou ele na mão da Cheryl. _ Nós dois. Colocou um chapéu mexicano enorme na cabeça e abraçou uma moça por trás.

_ Prontos? Cherry perguntou, eu estava segurando o riso. Ela tinha ficado muito tensa achando que tinha sido reconhecida.

_ Obrigado mais uma vez. Agradeceu e foi embora.

_ Vamos beber. Abracei pelo ombro.

-*-

_ 1-2-3-4 come on baby, 5-6-7 times. O bar que escolhemos tinha um karaokê e um cara cantava animado._ You got to give me your love, 8-9-10-11. I'm just gonna keep on counting baby. Until you are mine. Ele jogou o microfone no chão, como quem diz arrasei. Cheryl aplaudia e assobiava. Virou sorrindo para mim e disse:

_ Suba lá.

_ O quê?

_ Você queria saber como era, lembra? Indagou com um sorrisinho.

_ Não estou tão bêbada. Comentei tomando um gole do meu mojito.

_ Está com medo? Medo de avião já foi demais. Disse zombeteira.

_ É assim? Tudo bem. Tomei toda a bebida que estava no meu copo. _ Certo. Caminhei até o pequeno palco, e Cheryl começou a puxar a salva de palmas.

Onde eu fui me meter? Respirei fundo e limpei as mãos na minha calça. É só escolher uma música qualquer, foi até a pasta e selecionei. Peguei o microfone suspirei mais uma vez antes da introdução começar.

_ Dedico essa música para minha garota sentada ali. Apontei na direção da Cheryl e ela escondeu o rosto entre as mãos. _ Você sabe quem é. Algumas pessoas começaram a rir. Pisquei e a música iniciou. _ There she goes. Fiz um movimento com o braço, minha voz saiu totalmente desafinada. _ There she goes again, racin through my brain. And i just can't contain. Abri meus braços e apontei para Cheryl. _ This feeling that remains. Ela estava mais envergonhada que eu e segurava o riso.

_ CANTE. Alguém gritou.

_ There she goes. There she goes again. Pulsin through my veins. Me empolguei e as pessoas começaram a vaiar. Continuei cantando mesmo assim até Cheryl levantar e vim caminhando para frente do palco. _ And i just can't contain. This feeling that remains. Cantei o resto da estrofe muito desafinada e me inclinei na sua direção. Ela sorriu sem graça, pegou a mão que lhe ofereci e subiu no palco, as pessoas começaram a aplaudir fiz menção de continuar a cantar e Cher tampou o microfone. _ Consegue fazer melhor? Arqueei minha sobrancelha. _ Vamos ver o que faz. Provoquei, ela olhou para a pequena platéia que começou a aplaudir e instigar, me fuzilou com olhar e meio relutante pegou o microfone da minha mão. Desci do palco e fiquei em pé na frente do palco.

_ Oi. Disse meio sem jeito. _ Eu vou cantar uma música. Mas não acho que eles tenham a batida. Então vou cantar acapella. Fechou os olhos e respirou fundo. _ Why you wanna fly Blackbird ? Why you wanna fly Blackbird ? Repetiu e abriu os olhos mas, ficou fitando o chão. _ You ain't ever gonna fly. No place bif enough for holding all the tears you're gonna cry. Cos your mama's name was lonely. Seus olhos marejaram. _ ... and your daddy's name was pain. Lágrimas começaram a cair livremente por seu rosto. _ And they call you little sorrow cos you'll never love again. So why you wanna fly Blackbird ? You ain't ever gonna fly. Todos os presentes estavam em silêncio contemplando aquela performance emocionada, com certeza essa música mexia com Cheryl. _ You ani't got no one to hold you, you ain't got no one to care. If you'd only understand dear nobody wants you anywhere. Eu estava arrepiada com o que estava presenciando, eu conseguia ver sua alma e sentir sua dor. _ So why you wanna fly Blackbird ? You ain't ever gonna fly. Cheryl cantou os últimos versos com a voz suave, era como se ela tivesse acabado de ter uma grande revelação. Todos saíram do transe e começaram a ovacioná-la.

_ BRAVO. Vários gritos e assovios acompanhavam a salva de palmas. Eu subi no pequeno palco e a abracei, ela chorou um pouco. Depois agradeceu à mim e à plateia.

Após tanta emoção resolvemos retornar ao nosso quarto.

-*-

Quando voltamos fizemos amor, Cheryl estava com um brilho diferente no olhar. Acho que ela percebeu que não precisa de um contrato milionário para emocionar as pessoas com sua música.

Agora eu estava deitada de bruços e Cheryl estava em cima das minhas costas, nós assistíamos uma novela mexicana qualquer. Eu estava quase dormindo, quando alguém bate na porta. Resolvi ignorar.

_ É a empregada. Precisamos de mais água. Cher disse saindo de cima de mim, ela queria que eu fosse atender a porta. Mas a preguiça era grande, eu fingi que estava dormindo. _ Tudo bem. Falou quando me balançou e eu não me movi. Se enrolou no lençol me deixando nua e foi atender a porta sob protestos. _ Você fez isso ? Sua voz era furiosa. Levantei rapidamente, vesti uma camisa e a bermuda que estava no chão. Não acreditei na figura que vi parada entre a fresta da porta.

EstrelatoOnde histórias criam vida. Descubra agora