Chuva

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—Eu tô quebrada...—A taverna Recanto da Guerreira em Temiscira sempre ficava lotada à noite, apesar de toda a aglomeração (E do fato dela ainda não ter idade para beber), Astrid gostava daquele lugar.

O motivo era simples, ela podia ver fêmeas e machos interagindo entre si, agora que os homens estavam de volta as fêmeas podiam focar em outra coisa além do treino, o que ela queria mesmo era pegar dicas com as outras: Quem sabe eu não possa usar com o V. Ela pensou.

Observou quando um dos garçons se aproximou da mesa de uma alfa só para ser puxado pela mesma para a cadeira ao lado, os olhos vermelhos do macho fitaram-na em um misto de medo e constrangimento apesar da fêmea ser bem menor que ele.

—E aí...—Ela fez uma pausa lendo o crachá com o nome dele.—Jericho, alguma dessas fêmeas tá te incomodando?

—N-Não senhora...—Desviou o olhar para o chão, não sabendo como reagir à aproximação da fêmea.

—Senhora?—Uma leve risada escapou de seus lábios.—Não precisa de toda essa formalidade, pode me chamar só de Claire, me diz uma coisa, por que você não senta comigo e bebe um pouco?

—M-Mas, o meu trabalho...

—Tenho certeza que a sua chefe não vai se importar, e mesmo que se importe é comigo que ela ficaria brava.—Puxou-o pela cintura, colando seus corpos.—Mas se por acaso ela te der problemas só me fala e eu acabo com ela, tenho certeza que eu consigo.

Eita, gostei, ela tem atitude...

Um som alto vindo do balcão a tirou de seus pensamentos, Ragnar estava alí, imobilizando uma fêmea em cima do balcão.

—Tá bom! Tá bom! Eu já entendi! Não vou mais dar em cima de você, eu juro!

Ragnar a soltou e a mesma saiu dali correndo.

—Partindo corações Ragnar?

—Já é a terceira só hoje, parece que algumas delas não entendem a palavra não.

—Deu pra ver, fazem só alguns dias que a Leona permitiu a entrada dos machos em Temiscira e as garotas já estão se empolgando.

—Ouvi que alguns garotos vão começar a usar gargantilhas ou coleiras pra tentar afastar as outras fêmeas, talvez eu use alguma também.

—Ainda assim, é perigoso sem a Victória pra te proteger, tem certeza que não quer que eu ou a Verônica te acompanhe?

—Você tem o treino com a Leona e a Verônica tá ocupada ajudando na luta contra as El Clonado, agradeço a preocupação mas vocês deviam pensar em si mesmas agora.

—Não consigo, sinto que estaria falhando como mulher se deixasse um garoto passar por essas coisas, eu tenho um irmão, um pai e um namorado, jamais iria querer que eles passassem por isso.

Um sorriso terno se forma nos lábios do macho, Astrid tinha algo que muitas mulheres ultimamente não tinham: empatia.

—Quer saber, acho que foi isso que a Leona viu em você.—Sentou ao lado dela no balcão antes de continuar.—Mesmo sendo uma fera você ainda tem um lado humano.

—E é por isso que aquela velha está errada sobre você.—Uma voz familiar soou atrás dos dois.

—Clisyne...—Astrid respirou fundo para conter sua raiva, a fêmea à sua frente tinha aquele olhar desafiador irritante em seu rosto.

Durante os poucos dias que esteve treinando com Leona, muitas foram as pessoas que questionaram a decisão da rainha de treinar pessoalmente uma fera urbana, mas nenhuma delas era tão ousada quanto Clisyne, a beta com seus quase dois metros de altura, a infame cicatriz atravessando o olho esquerdo (ferimento esse que a havia deixado cega daquele olho.), e uma implicância quase obsessiva pelo fracasso de Astrid, Clysine era a pedra no sapato da grisalha.

Monster BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora